quarta-feira, 29 de julho de 2009

Insight 3

Há, de fato, muita beleza numa cidade como São Paulo, num dia de chuva absoluta e cinza dominante. De fato há beleza. De fato. Sim.
A Nove de Julho parada. A Marginal Pinheiros cheia de carros e motos. As pontes. Tudo lindo. Hum-Hum.
Tenho certeza que há, como no dia de hoje, uma gota de chuva para cada buraco na cidade. E haja chuva !
Que belo e estranho dia pra se ter alegria, diria Roberta Sá. Benhê, traz meu Lexotan... digo eu.
Ainda bem que São Paulo existe.
Oremos.

Vamos em frente !

GM

terça-feira, 28 de julho de 2009

Está com fome ?

Se for fome fisiológica, peço que aguarde a próxima postagem. Vai ser batata, mesmo. Se for fome de idéias e de entretenimento, recomendo que pegue papel e caneta.
Lembra do Veríssimo ? Aquele, pai do Veríssimo ? Um gaudério escritor. Um clássico bem pra lá das fronteiras do Guaíba. Regional sem nunca ter sido. Universal como poucos o foram. Pois é. Entre seus feitos literários, quase perfeitos, tenho dois em alta estima: um é o clássico Olhai os Lírios do Campo. Uma obra-prima. O outro é seu filho. O Veríssimo.

Está com fome ? Se for fome de saber compre e leia Banquete com os Deuses. Refastele-se.

Um texto delicioso sobre cinema, artistas de verdade, filmes clássicos, divas de verdade. Um livro tão leve e tão simples, que não parece crítica especializada. Mas é.
Veríssimo fala da loura linda, Bardot e de seu marido ninguém, Vadim. Fala de Jane, a Fonda e da plástica Barbarella. Sonha com o roteiro de Apocalypse Now. Parafraseia Marlon Brando, e te leva junto.

O livro é um sem-parar. Você começa na primeira página e não consegue desviar os olhos. Hipnose pura. Compre batom !!! Esquece essa parte se você tiver menos de trinta.
Mas tudo bem o youtube está aí...quem sabe você pode forecast mais essa.

Eu prefiro, e recomendo, desligar as telinhas, as duas e abrir o livrinho, dos dois. De quem ?

Do Veríssimo e do Veríssimo !

Nem tudo é silício, graças a Deus !

Vamos em frente !

GM

domingo, 26 de julho de 2009

Discoteca básica 6

Poucas palavras. É tudo o que preciso para recomendar como básico, o disco Roberto Carlos 1972.
Está tudo lá: o romantismo, a voz impecável, arranjos sofisticados, bem além do que o POP da época permitiria, 12 faixas memoráveis e perfeitas, além de uma imagem triste na capa. Pura lenda na história musical latino-americana.
Minhas preferidas são Como vai você, A montanha e O divã. Esta última talvez a mais autoral e carnal obra do Rei, aonde ele faz revelações biográficas e sentidas.
A compra vai ser muito fácil. Roberto está em todo o varejo musical brasileiro. Esta aquisição vai sair por menos de 30 pilas.

Recomendo começar pela faixa 2 e ir descendo devagar, sempre bem acompanhado, na taça e na cama.
Vamos em frente !

GM

Across the Universe

Assisti e recomendo. Principalmente a versão completa do diretor Julie Taymor, sem cortes e enquadramento comercial. Essa versão está disponível nas boas locadoras. Se não achar, tudo bem, a versão comercial também é perfeita.
Mesmo sendo um retrato cômico de uma história de amor entre jovens de mundos e realidades diferentes, o filme costura e brinca com a realidade social dos anos 60 e também flerta com a perspectiva de engajamento que os jovens de então poderiam ter.
É a crise natural de quem abandona a juventude e ingressa sem avisos na vida adulta. A diferença é que tudo isto foi contado numa atmosfera romântica e lindamente musical.
O pano de fundo é a música dos Beatles, recontada em versões mais modernas, incorporando alguns elementos de hoje, mas preservando tudo. Não se preocupe com o elenco, Evan Rachel Wood e Jim Sturgess, dão conta do recado. Mas não seja muito exigente na cênica.

Um espetáculo !

Across the Universe não é um filme para beatlemaníacos. É um filme para quem gosta de cinema. De sorrir, chorar, vibrar e sentir todas as emoções que os irmãos Lumière nos legaram, há tanto tempo, pela projeção da luz.
É como eu disse, recomendo.

Vamos em frente !

GM

sábado, 25 de julho de 2009

Insight 2

Bem-vindo à Viracopos.

Millôr, certamente, mandaria esta placa de vindas para a tonga-da-mironga-do-kabuletê, mas com todo o respeito que convém a um pasquinete.

Vamos em frente !

GM

quinta-feira, 23 de julho de 2009

De volta ao mundo irreal

As férias e a viagem quase perfeita. Todo esse colorido acaba amanhã. Voltamos sim ao mundo das fábricas. Fumaça de cano e gente, tanta, que não se percebem.
Aqui, junto com as saudades, deixo as miragens, na forma de um roteiro para um six perfect days no Rio, roteiro este sorrisamente aprovado por poucos, por sábios e por Víctor, o molecão do pai.
Cito em forma de lista, pois letras demais aqui de nada servem, só derramam:
Jantar no La Mole de Botafogo. Pão de Açúcar. Corocovado. Jantar no Porcão Rio´s, à beira-mar e à beira-prosa. Jardim Botânico. Café Botânico. Café com Letras de Ipanema. Mirante do Leblon. Caminho dos Pescadores do Leme. Lagoa Rodrigo de Freitas. Planetário da Gávea. Sede do Flamengo. Shopping Gávea à tardinha. Trilha do Bem-te-Vi com Por-do-Sol na Praia Vermelha.
Maracanã, vazio, mas cheio de tudo.
Forte Copacabana com direito a almoço na Colombo. Café da tarde no Bistrô do MAC, em Niterói. Visita ao MAC, uma arte bem pra lá do que posso.
Colombo da Gonçalves Dias. Mercado das Flores.

Centro histórico. Museu Nacional. Centro Cultural da Marinha. Cultura e caserna. Feira de São Cristóvão. Calçadão de Copa e de Ipanema e da Lagoa. Calçadas demais. Sapatos de menos.

Jantar no Mariu´s do Leme. Aterro do Flamengo. Enseada de Botafogo. Almoço no Arco do Telles, no Centro histórico.

Um roteiro assim, bem Carioca. Bem vivo. Bem divertido. Bem como eu era, bem como eu sou.

O resto é São Paulo.

Vamos em frente !

GM

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Reencontros

Com a família. Com os amigos. Com o Rio e comigo mesmo.
Pão de Açúcar. Corcovado, sem banquinho e sem violão. Jantar à beira da orla de uma Guanabara impura.
Maracanã vazio. Víctor cheio de alegrias e entusiasmo. Arquibancadas coloridas com as cores da bandeira. Víctor feliz. Olhos marejados.
É mar do Rio.

Jardim Botânico. Gávea rubro-negra. Lagoa. Um Rio de saudades que deságua em todo mundo.
Centro velho. Ouvidor. Gonçalves Dias. Assembléia. Uma reunião de saudades.

O resto é besteira.

Vamos em frente !

GM

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Confetes na Colombo

Sim chegamos ao Rio. Logo no primeiro dia fiz questão absoluta de ir ao Centro. O mesmo Centro que conheci tão bem, como prata da casa e do bairro da Saúde. Pegamos um táxi rapidinho e fomos pela Av. Antonio Carlos até a Buenos Aires. Alí, viramos a esquerda e seguimos até a altura do centenário Mercado das Flores.
A pé prosseguimos pela Gonçalves Dias até nosso destino: a Confeitaria Colombo. Presente na cena Carioca desde 1894, a mais que secular confeitaria conserva tudo: de ontem, o charme e a decoração decort; de hoje o cardápio, com seus Bilacs famosos e seus Machados sem letras; e de sempre, o tudo.

Uma ode a cultura e a boa gastronomia.

Por ali se refestelaram, Vargas, JK, a Rainha Elizabeth e a Rainha Sílvia. Só pra citar os menos importantes. Os mais importantes seriam, Villa-Lobos, que dizem, gostava de conhaque quente, Olavo Bilac que como já disse, virou iguaria no cardápio, Machado de Assis, que era frequente em rodinhas de letrados.
E agora, fazendo coro a esse time de primeira, Víctor, Adri e eu.

Colombo é a confeitaria que eu recomendo no Rio.

O resto é padaria.

Vamos em frente !

GM

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Rio não tira férias

Para receber o ano inteiro, todos os dias, tanta gente e fortuna, o Rio não sai de férias. Para abraçar paulistas e paulistanos, paranaenses e paraenses, baianos e soteropolitanos, o Rio não sai de férias.
Eu não queria fazer as contas, mas acabei concluindo que nos últimos vinte anos só fiz apaulistar. Não reneguei minha origem carioca, pois a paixão pelo Maracanã sempre me avisa, com terna atenção; o caso é que morando em SP, o apaulistamento é natural. Acabei me acostumando com o caos nosso de cada dia dessa gente branquela e feliz. Também abranquelei, pois feliz eu já era. Abracei SP, como o Rio me abraça. E abraça a quem sorrir. Abracei as Marginais, a Bandeirantes e a Castelo como quem abraça uma nau. Como quem quis ficar e ficou.

Abracei mulher e filho. Abracei uma escolha.

Hoje, 17 de julho, saio de férias com destino ao Rio, depois de 12 anos sem estar de férias no Rio. E saibam que estar de férias no Rio não é nenhum sacrifício. É ócio criativo.
Na mala levo sei lá o quê, só sei que está grande demais. Um exagero de fêmea. Comigo, meu filho e minha linda. Desta vez sem roteiros, pois a cidade está na palma de minha mão e no canto da minha boca. Imagino começar a cantar quando o avião iniciar o pouso: "Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro..." versos de Tom na emblemática "Samba do Avião": a dor da saudade transfigurada em poesia. Só Tom e um legítimo scotch, com duas pedrinhas de gelo, seriam capazes de tal proeza.

A cabeça segue o corpo, cheia de idéias: Grumari, Jardim Botânico, Pão de Açúcar, Corcovado, Mirante do Leblon, Lagoa, Floresta da Tijuca, Restinga da Marambaia e...o Maracanã !

Maracanã que, terna e atentamente, vai me lembrar do fim do passeio e da viagem de volta.

O Rio vai me esperar até o dia em que voltar, de novo de férias, ou de novo a negócios. O Rio sabe esperar: pacientemente ele espera o dia em que o estado vai, por milagre, voltar a funcionar. Afinal pagamos os impostos. O Rio vai esperar pelo dia em que poderemos voltar a passear no Bairro Peixoto no fim da tarde; ou que voltaremos ao Horto no raiar do dia; ou, ainda, que subiremos a Vista Chinesa sem medo de FAL ou AR-15.

Este dia vai chegar, e quando chegar, o Rio vai estar lá, firme e jovem, de braços redentores bem abertos. Aguardando pio e paciente.

Pois o Rio não tira férias.

O resto é Niterói !

Vamos em frente !

GM

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Rock Covers

Essa é para colecionador. Ou não. Mesmo assim considero uma dica batata, pedindo desculpas a Nelson Rodrigues.
Acabei de ler um livro formidável. Um verdadeiro tratado sobre a pop music e o rock and roll. Não é um livro besta, sobre o conceito musical dessas escolas e nem mesmo sobre os hits que marcaram épocas e mentes. A obra é inusitada. Todas as suas 192 páginas foram dedicadas ao estudo e a apreciação de capas de discos importantes. Capas de discos que marcaram gerações. Capas que muitas vezes eram mais conteudistas do que o próprio disco.
O abusado que o escreveu assina por Michael Ochs, um crítico ligadíssimo em música e que registra uma coleção particular de mais de 25.000 LP´s, digo, vinil, mesmo, o bom e velho bolachão. Entendeu ?
O livro faz parte da série ICONS que a editora Taschen lançou e o título original é Classic Rock Covers. Uma viagem musical, pero, nada lisérgica.
Você vai se surpreender com capas de 1957 a 1994. Uma trajetória de verdade. Um expresso oriental e ocidental que vai bem pra lá de Vladvostok. É 2222 !

Ele inaugura o desfile com Let's Go Dancing to Rock and Roll, do desconhecidíssimo Hen Gates and His Gaters: uma capa com uma foto de uma turma jovem num carrão vermelho. Bem 50's.
Continua com coisas loucas, como a capa do disco do The Robins, destacando na foto uma pedra e um pedaço de pão; avança até a arrepiante capa do disco No Rest for the Wicked, do ex-vampiro de plantão, Ozzy Osbourn.
É uma baita viagem. É incrível ver como as capas se relacionam com o contexto da música, da banda e da época. Sem falar que umas são absolutamente doidas. E outras meramente lindas.
Esse livro eu recomendo, até para que não sofre de TOC e não sabe o que é um RPM de 33 e 1/3.

O resto é CD !

Vamos em frente !

GM

terça-feira, 14 de julho de 2009

A caminho do 53

Quando saí de São Paulo já tinha destino certo. Naquele fim de dia, sequer reparei que a Marginal Pinheiros já tinha ficado pra trás. Também o stress daquela gente paulista não me afetou. Percebi tênuamente, ao longe, as placas que indicavam a saída para a Castelo Branco. Quase uma miragem que se esvaziava. Um quase nada.
Segui em frente. Ouvia no rádio a minha coletânea favorita. Analgesia perfeita que entrava pelos ouvidos. Estavam ali, Simon and Garfunkel, Chico Buarque e Sinatra. Todos de bode pelo trecho sampa-interiorano. E eu ria que só. Achava graça do asfalto.
Não vi Osasco passar. Santana ficou prá lá. A entrada de Aldeia era uma bobagem. A fila de carros me pareceu divertida. Pobres paulistas.
Segui em frente. Adoro fazer isso. A fome, atrevida, se mostrava presente. Engoli muita saliva, me distraí com pensamentos impuros. Nada. Ela alí, marcando presença. Fome faminta.
Segui reto.

Jandira e Itapevi, não vi. E quem vê. A esta altura sonhava já teso com a minha parada. Aquele número me fincava à cabeça: 53 ! 53! 53 !
Era simples meu objeto de desejo. O relógio marcava mais que oito da noite e finalmente, de longe, surgiu aquela imagem. Miríade pura. O Km 53 da Rodovia Castelo Branco revelaria segredos gastronômicos que muitos ignoram. Outros apenas fingem.
Falo de comida portuguesa, com certeza. Falo do D'Ouro, do Tejo e do Minho. E claro, falo de muitos bolinhos de bacalhau. O DNA me conduz a esse faro gustativo. Eu sei, isso não é privilégio meu, afinal, todo brasileiro é um pouco portucallensis. Mas qual...eu gosto !
Parei o carro apressadamente. Já sentia minha imaginação olfativa funcionar. A boca, em pronta resposta, encheu de saliva a cavidade oral. Haja boca, pra tanta água.
Corri até o balcão. Por alguns instantes me senti invisível, mas logo e finalmente, a atendente enfim deitou olhar sobre mim, e quase com desprezo perguntou: - É bolinho, é ?
Ah ! Era bolinho sim, e de bacalhau. Comi um em menos de três segundos. Pedi o segundo por gestos, pois a boca estava inundada com restos mortais do primeiro. Aqui jazz. Ali jazia. Do segundo mordisquei a pontinha. Completei o interior com pimenta. Da boa. Da quente. Uma delícia. Fiquei entorpecido. Sentidos amorfos. Ébrio gastronômico. Taquiopariu !
Pra quem gosta de comer bem e dirigir pouco, recomendo ir até o Km 53 da Castelo Branco, sentido interior, lógico.
Lá a boca encontra o sabor e a fome encontra a candura, portuguesamente, certamente.
O resto é piada !
Vamos em frente !
GM

sábado, 11 de julho de 2009

Insight 1

Educar é preciso:

"Tão importante quanto nossa preocupação sobre que mundo vamos deixar para nossos filhos, é a preocupação sobre que filhos vamos deixar para nosso mundo."
Anônimo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Discoteca básica 5

E quem nunca ouviu falar de Legião Urbana ? Só se nasceu ontem. E quem nunca leu o intrigante lema que sempre acompanhava as capas de seus discos: Urbana Legio omnia vincit ?
Se você tem hoje ao redor dos quarenta anos e respondeu não para as duas perguntas acima, provavelmente estava congelado numa câmara criogênica entre 1985 e 1996, ou é muito bocomoco. Hã...tudo bem...esquece.
Poderia escrever horas sobre Ranato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. Poderia também incluir nessas horas algo sobre Renato Rocha, Ico Ouro Preto, Paulo Paulista e Eduardo Paraná, que brevemente integraram a banda.
Prefiro falar da obra.

A Legião reinou absoluta no cenário pós-punk e depois no mundo Brock dos anos 80 e metade dos 90. Era a banda que tinha mais conteúdo em termos de letras e mais garage em termos de som. Em alguns casos beirava o simples, em outros fazia chorar.
Destes caras recomendo um disco perfeito: Que País É Este (1978/1987), um disco cheio de preciosidades. A Wikipédia, me ajuda quando me falha a memória: "das nove faixas de Que País É Este (1978/1987), apenas duas foram compostas depois de Dois; justamente as duas últimas, "Angra dos Reis", em menção à construção de uma usina nuclear na cidade fluminense de mesmo nome e "Mais do Mesmo", que em 1998 daria título à coletânea Mais do Mesmo. A música "Que País É Este" foi escrita em 1978, na época em que Russo ainda fazia parte do Aborto Elétrico.
"Faroeste Caboclo" foi composta em 1979, na fase "trovador solitário" de Renato Russo. Com mais de nove minutos de duração, a música, que possui 159 versos e não tem refrão, conta a história do nordestino João de Santo Cristo. Russo a considerava sua "Hurricane" (música de Bob Dylan sobre o boxeador que passou anos injustamente atrás das grades). Da mesma fase de "Faroeste Caboclo", está presente no disco a canção "Eu Sei", que antes se chamava "Dezoito e Vinte e Um". Esta já era pedida nos shows da Legião antes mesmo de seu lançamento, pois ficara conhecida a partir de uma fita demo
."
Este disco pra mim tem um significado especial pela fantástica música Angra dos Reis, que começa com a batida de um contra-baixo repetindo uma meia escala e voltando para fechar com o contexto do arranjo.
Era um sinal de que eles estavam amadurecendo em termos musicais e de que um futuro cinza e nuclear espreitava.
Quem viveu, viu e ouviu. Quem tem hoje menos de vinte, pode ao menos ouvir. Das 13 pérolas da discografia da Legião que roda por aí, esta é uma das que você vai achar muito fácil.
Ouça a poesia de Faroeste Caboclo e se deixa levar pela lírica Depois do Começo...te garanto: você nunca mais será o mesmo.
Força sempre !

GM

Servir e Sorrir - O Caruso e o Caruzzo

Lá no Itaim-Bibi tem uma casinha amarela, simples, que serve diariamente um almoço caseiro para a gente paulista que come com pressa.
Eu mesmo me sirvo lá de uma boa salada e um grelhado sempre atento. Eu também como depressa.

A casa se chama Caruzzo (com dois Z's na grafia), seus proprietários, os gentis Matias e Sérgio, demonstram todos os dias a arte de servir e sorrir, espalhando mensagens de positivismo pelas paredes e sorrisos honestos aos clientes. Caruzzo !

Enrico Caruso (Nápoles, 25 de fevereiro de 1873 a 2 de agosto de 1921) foi um tenor italiano, considerado, inclusive pelo ilustre Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos.
Começou a carreira em 1894, aos 21 anos de idade, na cidade natal. Recebeu as primeiras aulas de canto de Guglielmo Vergine. Atuou, entre outras óperas, na estréia de Fedora e La Fanciulla del West, do compositor italiano Giacomo Puccini. As mais famosas interpretações foram como Canio na ópera I Pagliacci, de Leoncavallo e como Radamés, em Aida, de Giuseppe Verdi.

Esses Carusos jamais poderiam se encontrar, sabemos, mas fica um encontro velado pelo gosto ao simples e pela vontade de fazer nossos dias melhores.
Um pequeno cartão deixado ao alcance dos clientes da casa amarela, reforçava assim essa minha crença. Abaixo reproduzo o texto:
"A Lei do Sucesso

Ao levantar cedo diga:

Sou a consciência de Deus em ação. Sei que Deus atua por meu intermédio, pois Deus atua por meio do homem. A lei do Senhor é perfeita. Existe um resultado perfeito para todas as minhas atividades. Minha atuação é sempre bem sucedida, por ser a atuação de Deus, que é perfeito e divino. Obtenho imediatamente tudo o que preciso. Meu Deus suprirá minhas necessidades conforme sua riqueza na glória. Estou repleto de paz e alegria. Irradio o amor divino a todos. Estou agora identificado com o sucesso e atraio a mim, todas as circunstâncias, condições, idéias, finanças e todas as coisas necessárias ao desdobramento de meus planos. Sou guiado divinamente por todos os caminhos. Deus me faz prosperar em minha mente, em meu corpo e em tudo o que me diz respeito. Vou trabalhar feliz e bem sucedido neste dia !
Obrigado Pai."
Sim, sabemos que trabalhar 14 horas por dia também ajuda na busca de nossos objetivos, mas não basta. É preciso um espírito dentro do corpo.
É preciso ter fé !

Vamos em frente !

GM

terça-feira, 7 de julho de 2009

Luzes da Ribalta

Um funeral espetacular. Quase um evento programado, com luzes, efeitos e muito glitter.
Não sei se era isso que ele queria.

Uma sucessão de emoções confusas. Astros e estrelas cantando e tocando instrumentos em solo perfeito.
Não sei se era isso que ele queria.

Ingressos antes doados, depois postos a venda. Hits no playback. Ternos Armani. Cabelos armados.
Não sei se era isso que ele queria.

Wonder cantou. Mayer tocou. Houston chorou. Tão lindamente que valeriam ensaios e cênica.
Não sei se era isso que ele queria.

Sua filha presente. Antes ausente de toda a alegria, contida em tantos anos de máscaras.
Não sei se era isso que ele queria.

Luzes e câmeras bem posicionadas. Flashs estratégicos. Papel marché. Showbiz até o fim.
Não sei se era isso que ele queria.

Reverendo Jackson em pregação política. Tito Jackson em emoção cantante. Shields em dor.
Não sei se era isso que ele queria.

Uma vida breve. Uma obra longa. Uma conduta questionável. Cinco irmãos separados. Mais um pouquinho de dor. Demerol.
Não sei se era isso que ele queria.

Locução em off sobre vídeo tapes antigos. Imagens em fusion e slow motion. Backing vocals desafinadas. Vendas e mais vendas.
Não sei se era isso que ele queria.

Viveu só. Trabalhou demais. Cresceu rápido...demais. Quando criança, era adulto. Quando homem, tentou parar o tempo. Ganhou dinheiro. Desperdiçou dinheiro. Doou dinheiro e é por seu dinheiro que vão matar.
Vi lágrimas tímidas no velório. Vi gente bem vestida e com maquiagem francesa. Luvas brancas com lantejoulas demais. Lágrimas de menos. Todos no tempo certo. Na correta marcação de palco. No correto corte de câmera, comandado por um severo editor de imagens, atento ao ponto eletrônico. Cachês bem pagos. Óculos de griffe, escuros, como aquele dia.

Lágrimas de verdade, só nos olhos da filha. Um choro doído. Nervoso. Triste demais.
Isso, sabemos que ele não queria.

Heal the world. We, Are the world. Agora, deixem ele descansar...ouçam seus discos.

Boa viagem, Michael, siga em frente !

GM

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um vira-latas Tupi

Cabeça baixa por pura preguiça, mas numa pose altiva e sábia. As cicatrizes no pelo preto não eram motivo de vergonha, mas sim prova da experiência e das duras surras que ficaram. Até as pulgas eram companheiras, aqui e acolá entre o executivo e o legislativo. Pura tradição. Pura herança lusitana para um viés romântico e corrupto: ele rouba mas faz !
O povo no fundo sabe, mas qual, melhor prosear futebol e cachaça...outras letras ? Tem jeito não, doutô.
A mídia defeca novidades o tempo todo. As vezes para dar conta do orçamento e as vezes para manipular lindamente...às lágrima. O povo sabe, faz cara de quem não vê, mas no fundo preocupa. No fundo pré-ocupa.

É nesse país vira-latas que nossos filhos vão crescer.
Evasão de divisas até que se combate, até que se alcunha, até que se dificulta. Mas e evasão de família ?
Hoje fiquei sabendo que um amigão está despachando a filha para os states. Ares melhores, disse ele, ares mais sérios. Em Tampa City ?

Tem jeito não, Pedro Jr. Lá, os vira-latas são os mesmos, a diferença é que não fuçam restinhos de feijão com arroz nas latas das esquinas. O que lhes sobra são raspas de BigMaC, com dois hambúrgeres, alface, queijo, molho especial, cebola, pickles...tudo isso num pãozinho cheio de bosta e gergelin.
É Pedrão, o país é vira-latas, mas o gergelin é nosso !

É mais que cívico, é viver BR !


Vamos em frente !


GM

domingo, 5 de julho de 2009

Discoteca básica 4

Sim amigos. Ouvir é preciso. Pessoa que me perdoe a paráfrase, mas é preciso ouvir. É por isso que eu ouço. Ouço e recomendo aquilo que acredito ser básico em termos de música. Alguns ouvintes de longa vão concordar e ratificar, dizendo que em casa também o fazem. Outros, mais curiosos, vão comprar e se deliciar. E outros ainda (que espero menores), vão ignorar e ler com descuido.
É para os dois primeiros que escrevo e recomendo.
Recomendo um disco seminal e que construiu as bases de todo esse universo pop/rock que ouvimos hoje. Estruturou as bases da música contemporânea em termos de projeto, conceito e conteúdo.
Falo de um disco que é mais que disco, é cimento: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
Neste trabalho, que saiu em 1967 pela EMI, sob os auspícios da Apple Records, encontramos o Fab Four em plena fúria criativa. Uma pedrada.
Esta peça rara é na verdade muito disponível. Você acha fácil por menos de trinta Reais. É muito pouco para um disco inacreditável que, para o meu gosto, tem em With a Little Help From My Friends e A Day in The Life, pontos altos. Acima do cume.

Desejo a você uma boa audição. Recomendo degustar este disco acompanhado de um bom tinto e uma bela mulher. E haja taça pra tanto acorde...vai ser uma experiência única, comece pela faixa 13 e relaxe mesmo.
O resto é segredo.

Vamos em frente !

GM

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A caminho de Pomerode

Tudo errado. Eu e JP a bordo de uma de suas relíquias de quatro rodas. Desta vez, um sr. francês muito bem conservado, que enfrentou uma travessia do atlântico-norte e uma enchente em Blumenau.
É como eu disse: tudo errado.
Saímos de Testo Salto e nos pusemos a caminho das terras pomeranas. O destino era tupi-germânico mas o objetivo era napolitano. Uma rodada de pizza com ótimas companhias nos esperava. La Spézia, ou algo assim, nos aguardava muito charmosamente, com seus jardins bem aparados, como uma menina que a espera do namorado, ajeita os cabelos e perfuma as mãos.
Tudo errado. Todo errado.
Erramos, incrivelmente, o caminho e demos a volta em Pomerode. No caminho, risadamente, nos divertíamos com as placas em alemão perfeito, tentando traduções impossíveis. E viva Aurélio.
Depois de rodar no bom francês, pelo menos, uns dez minutos além do juízo, achamos o lugar.
Tudo certo. Pizza no lugar de marreco. Vinho no lugar de cerveja.
É como eu disse, tudo certo. Uma das mais descontraídas noites nestes quase três anos de Pomerland. Muito bom. Uma conversa solta relaxou a noite. Um tinto tempranillo muitíssimo bem escolhido brindou nossas almas. E nos uniu um pouquinho mais.
Tinha uma estória alí. Tinha alguma coisa bonita acontecendo. Algo de bom e novo no ar. De longe dava pra ver o brilho nos olhos daquela turma. Brilhavam os dentes também, que através de sorrisos largos, reclamavam um lugar àquela mesa.
É como eu disse: tudo certo. É nessas horas que nós, viajantes de sempre e de todo, nos sentimos mais em casa e mais aquecidos.
Leben sie auch!

Viver é abraçar, também !

Vamos em frente !

GM

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Para quando o Google passar

Eu sei que a web nunca vai ter aquele aroma característico que sentimos quando abrimos nossos livros, aqueles de verdade, com páginas de papel e encadernação. Sei também que a Britânica ainda é companheira fiel de muitos dos que me lêem, e que mais preferem folhear do que clicar.
Eu mesmo era um desses.
Que cantava em prosa e verso as delícias de um bom compêndio, com cheiro e gosto de tinta.
Mas qual, se não evoluímos é por que ficamos. E quando afirmamos que sabemos de tudo, é por que na verdade não conseguimos aprender mais nada e nada mais novo.
Tento muito resistir a este sentimento babaca de senioridade intelectual, para isso, me curvo as facilidades da tecnologia, dentre elas, minhas preferidas, as ferramentas de busca.
E não falo apenas de nossa avó querida Google, a quem sempre recorro, como recorria aos mais velhos em minha infância. Falo de uma turminha maior e bem da pesada.
Veja as dicas abaixo:
  • Wolframalpha (www.wolframalpha.com): com conteúdo científico e embasamento acadêmico; uma achado para quem precisa sustentar teorias e pesquisar um pouco mais intensamente, um tema qualquer;
  • KallOut (www.kallout.com) com o KallOut, não é necessário parar o que se está fazendo para lidar com barras de ferramenta e outras janelas: basta usar o mouse para selecionar o que se deseja procurar. A busca será feita e os resultados serão mostrados, literalmente, ali mesmo onde você está;
  • Kosmix (www.kosmix.com) O Kosmix responde à busca feita com uma longa página com cara de portal que mostra resultados em todas as categorias possíveis. Há múltiplas fontes, imagens de vários sites, áudio, opiniões, vídeos, dados de outras páginas, além de conteúdos de todos os sites grandes como eBay, YouTube e Wikipedia;
  • Faroo (www.faroo.com) Em vez de uma companhia gigante armazenando bilhões de sites em milhares de servidores a um custo de milhões de dólares, a Faroo - por enquanto em versão beta - conta com a rede P2P que conecta os integrantes por meio de seus PCs;
  • Mednar (www.mednar.com) é uma ferramenta de busca específica para assuntos de medicina e saúde;
  • Quintura (www.quintura.com) Ao usar o Quintura, você recebe uma tela dividida em duas áreas. À direita estará a lista de resultados, como você conhece. Mas à esquerda o que se vê é uma nuvem de tags. A palavra que você buscou circundada por diversas outras palavras - conceitos relacionados a sua busca original;
  • Surf Canyon (www.surfcanyon.com) O Surf Canyon é um add-on para Firefox e Internet Explorer (versões 6 e 7) que personaliza os resultados enquanto você busca no Google, Yahoo, Microsoft Live Search e Craiglist. Ao receber os resultados, você clica nos que interessarem.

As opções para se obter informação são vastíssimas hoje. Isto não me preocupa, desde que você tenha maturidade para diferenciar o fato, do rato (ou da ratazana, dependendo do caso). O que me preocupa, e muito, é o risco de nossos filhos não conseguirem entender a diferença que existe entre informação e conhecimento.

Para minimizar isso, precisaremos de muita ajuda das Barsas, Britânicas e Larousses da vida, devidamente acompanhadas de seus aromas de tinta e celulose e, em alguns casos, de deliciosas anotações feitas à lápis nos cantos das páginas, que sempre nos lembrarão dos tantos outros que ja leram aquelas letras de tinta.

O que diria Johann Gutemberg ?

Vamos em frente !

GM