sexta-feira, 30 de julho de 2010

Até que enfim é sexta feira !

Leia o livro...veja o filme...ouça o disco !

Donna Summer no auge de sua forma, vocal e estética !

Recomendo !

GM

quinta-feira, 22 de julho de 2010

No dia em que Steve Jobs salvou minha vida

Eu estava em viagem de férias. A data mais acomodada para isso sempre é o mês de julho. Quando pego meu filho no exercício do direito ao gozo de férias escolares. E minha mulher no exercício do direito de me aporrinhar.

Direito legítimo a qualquer prenda que te prenda.

No hotel, findo o primeiro dia, meus ouvidos estavam virgens ainda. Como donzela de 14 anos que sonha com o dragão e seu travesseiro entre as pernas.

No segundo dia, já no segundo dia, após um café da manhã nada frugal, meus ouvidos treinados de longe deram o alarme na figura ácida de uma fisgadinha bem embaixo da costela. Ouvidos atentos, sempre prontos a me lembrar da opção purista que fiz para música.

Ouvidos sacanas.

Foi logo na saída do restaurante reservado ao café. Lá estava uma caixinha de som lazarenta que vomitava um axé virulento: "Oiêê...foi Luanda que permeou...Oi iêiê no pelourinho o samba ficou...!" E essa estrofe digna de qualquer tese de doutorado em história ficava se repetindo e repetindo, entremeada por uns "ôba..ôba... e remelexe sim...Ôba...Ôba e remelexe não !"

Era insuportável !

Corri escada abaixo com um princípio de taquicardia. Minha boca secara e meus ouvidos estalaram naquele zumbido típico que prenuncia o desmaio.

Resolvi me refugiar no banheiro. Água fria no rosto e solidão. Tudo o que eu precisava, afinal, acho que quase ninguém reparara no meu estado.

Ledo engano ! No banheiro, bem no canto superior direito da parede, outra caixinha de som assassina bravateava solene e desafiadora: era Luiz Caldas, na voz de Luiz Caldas e arrebentando meu aparelho sensitivo com: "Pega ela aí...pega ela aí...pra quê...pra passar batom...!"

Pega quem ? Pra passar o que ? Quem disse que uma menina que quer batom precisa ser pega, à força, e além do mais...Luiz Caldas ????

Ato contínuo a ponta dos meus dedos começaram a suar. Uma forte tontura tomou conta de mim. Desesperado tentei mirar o caminho de saída do WC. Pisando duro e fingindo equilíbrio fui na direção da luz, tentando respirar sufocadamente.

Era pânico. O mais presente e real ataque de pânico dos últimos 02 anos ! Ah que vontade de descobrir o local secreto da cabine do DJ !

Minha mulher e filho me encontraram escorado numa palmeira. Pálido e frio. Insensivelmente meu filho me puxou forte na direção da praia.

Enfim bonança ! Na praia estaria livre do sistema de som do hotel. Livre para ouvir o ir-e-vir da maré e olhar com o canto dos óculos escuros algumas bundinhas mais empinadas e atrevidas.

Escolhemos um quiosque não muito afastado e organizei tudo: espriguiçadeiras, toalhas e bebidas. Tranquilidade zen.

Acabara de me espreguiçar lentamente na poltrona, quando resolvi olhar para cima, bem para o teto do guarda-sol. Surpresa fúnebre. Alojada, escondida, malocada no interior do guarda-sol, lá estava a nefasta caixinha de som. Certamente rindo de mim, zombeteira e vomitando longa e azedamente: "Segura o Tchan...amarra o Tchan...segura o Tchan...Tchan..."... Tchun e vai pro raio que o parta !
Uma fortíssima dor de cabeça me acotovelou o cérebro. Lá longe, como uma dor de dente distante, os acordes malditos continuam a invadir minha privacidade.
Segura o raio que o parta ! Pensei.

O coração palpitava. A boca estava seca. O ouvido zumbia. Os dedos da mão suavam. Senti um frio repentino. Sim era a morte que chegava. Morte encomendada por horas e mais horas de axé safra fraca. Axé ausente de Caetano e Gil. Axé que desconhecia Dorival e Mãe Menininha.
Pensei em fazer uma macumba. Mas estava fraco demais. Em posição fetal, na poltrona, apenas aguardava o fim. O inevitável fim.
Senti dedos macios tocando suavemente meu ombro esquerdo. Me virei e vi o rosto de anjo de meu filho que carinhosamente avisava: "Pai, achei seu Ipod..."
Salvação inocente !
Imediatamente pus os fones nos ouvidos e escolhi a primeira seleção que estava na lista de seleções.
Quase moribundo, esperei sofregamente pelo antídoto...e veio !

Primeiro foram os Stones, que com Honky Tonky Woman invadiram meus neurônios e acalmaram minha taquicardia terminal.
Na sequência bebi A Cor do Som, com uma versão psicodélica de Abri a Porta, de Dominguinhos.
A saliva voltava a minha boca e meus ouvidos iam abandonando o zumbido característico do pânico.
Para me recompor mais rápido vieram em sequência Help, dos Beatles e Tears in Heaven do Clapton. Uma ode ao paraíso.

Meus dedos estavam secos e firmes. Consegui sair da posição fetal e de medo absoluto. Sentei ereto e olhei ao redor. Olhei para cima e vi a caixinha de som ordinária e morfética. Com o volume do Ipod no máximo não ouvia mais nada.
Sorri vingativo.
Minha mulher comentou qualquer coisa ao meu lado. Não ouvi. Concordei. Ela sorriu feliz e matreira.
Totalmente relaxado dei as boas vindas a Mother, do Pink Floyd e arrematei a questão com Construção, do Chico e Trem das Cores, do Caetano.
E foi essa experiência de quase morte que hoje relato e que, se transformou na minha pior memória dessas férias. Férias em que conheci de perto o poder imbecilizante das letras vazias e dos ritmos de 02 acordes.
E se vivo estou, é por que Steve Jobs, e seu Ipod benevolente, me salvaram. E por via das dúvidas, tenho 04 aparelhinhos destes reservas, um em cada canto do meu mundo.
E o meu mundo tem canto sim, só que dos bons !

GM

terça-feira, 20 de julho de 2010

Lady Gaga

Jogou aonde ?

Eu sou da época que para se fazer música eram necessários músicos.

E para se ouvir música eram necessários ouvidos, não glúteos !

GM

segunda-feira, 19 de julho de 2010

No litoral das Alagoas

Primeiro foi Maceió, que deu as caras mostrando uma vocação tardia para o que é urbano, graças a Deus.

Depois foi toda uma sequência de belezas naturais do litoral norte de Maceió a Maragogi.

Me chamou a atenção principalmente foi São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, além da própria Maragogi.

Sol e mar. Ar puro e o som das ondas.

Restaurantes à beira mar, cerveja gelada, caipirinhas e redes preguiçosas convidando.

Aonde é que eu estava antes disso ?

GM

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O gado de Viracopos

Gado.
Aquele mesmo que fica a espreita na engorda. Aquele mesmo que segue encarneirado para o abate.
Gado. É como me sinto toda vez que preciso ir ao Aeroporto de Viracopos.
Cena 1 - Estacionamento:
Lotado. Depredado. Escuro. Esburacado. E sempre com cerca de 20 vagas protegidas e reservadas por uma correntinha de aço, erguida no pátio.
Perguntei a funcionário, desuniformizado e barbudo, por que aquelas vagas estavam bloqueadas. Ele me repondeu taciturnamente e de olhos baixos que era reserva para idosos e deficientes físicos.
Ato contínuo emendei: - Acho que vi um deficiente que acabou de estacionar aqui dando uma carreira digna de Carl Lewis ! Um verdadeiro atleta !
E a resposta: - Ordens da gerência...ordens da gerência...
É...ordis é órdis ! Por 20 pilas "por fora" minha vaga estaria garantida.
Cena 2 - Banheiro:
Aqui há uma grande inovação. Viracopos inventou patenteou o primeiro banheiro químico in-door.
Muito bom !
O cheiro lembrava um muito o odor das piores rodoviárias do Brasil. O chão estava lodoso. Faltava papel higiêncio e papel toalha. Uma latrina pública.
Cena 3 - Cafeteria:

Fila quilométrica. Apenas duas atendentes no balcão. Todas as mesas sujas e cheias de restos. Lata de lixo ao lado do balcão de consumo repleta de imundices. E o pior...sem pão de queijo:
- Um expresso e um pão de queijo, por favor.
- Expresso só da máquina automática, senhor (sem sorriso, sem olhos-nos-olhos).
- E a máquina de expresso ali do lado ?
- Está desligada, senhor.
- Hum...Hum...me dá o expresso que você tiver e um pão de queijo.
- Pão de queijo acabou, senhor.
- Acabou? Mas o aeroporto está lotado ?
- Acabou, mas posso estar fazendo para o senhor...15 minutos.
- Bate no cara que fez a previsão de vendas !
- O que disse, senhor ?
- Hã...esquece.

E como gado, bem comportado, talvez um malhado ou um nelore, segui para o embarque cabisbaixo e feliz.
Como é bom ser brasileiro !

GM

terça-feira, 13 de julho de 2010

George Orwell e Pedro Bial

Pedro Bial deveria ler mais George Orwell. Mais 1984 e menos A revolução dos Bichos.

Ainda bem que George Orwell nunca leu Pedro Bial...em 1949 ainda não tinham inventado o Lexotan 6 Mg.

Desliga a TV, menino !!!

GM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Recado

Alguns dos erros que cometemos nesta vida, são reflexos do nosso medo infantil de dizer não.

Às vezes, escolher é tudo o que nos resta.

GM

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A bela da tarde da rua da Quitanda

No Rio invariavelmente me sinto em casa.
Nativo do Gambôa e criado na malandragem de Mesquita, sempre me sinto bem quando tenho que voltar, por qualquer razão, as terras da França Antarctica.
Desta vez, mais uma, voltei por razões profissionais e por sorte, não tive almoços nem jantares de "negócios".
Logo na primeira noite consegui encaixar um jantar com minha irmã, sobrinha e cunhado. Beth, Sérgio e Natália chegaram cariocamente atrasados, como eu provavelmente faria se não tivesse me tornado um homem stressado.
Conversa solta, lembranças, risadas, saudades, um tinto chileno justo e rondellis e risotos à vontade. Foram as duas horas mais rápidas que este ano viu passar.
Nos despedimos com a promessa de um almoço, no dia seguinte, no centro do Rio. Desta vez a idéia era arrebanhar meu irmão. E assim combinamos: meio-dia na rua da Quitanda, Centro velho do Rio.
Cheguei primeiro. Liguei seis vezes para eles, me certificando de que viriam. Beth chegou depois, com um sorriso incrivelmente parecido com o de minha mãe. Estava linda.
Roberto chegou por último. De longe me deu de presente um sorriso português sincero. De perto me deu um abraço forte. Me emocionei.
Almoçamos rápido, pois todos tínhamos horários apertados. Mesmo assim, foi perfeito ! De novo uma mistura de bons sentimentos tomou conta do lugar. Muita saudade e uma sensação urgente de parar o tempo ! Sentíamos a ausência que criamos um do outro.
Um adeus com sentimento de brevidade. Mais abraços e mais promessas de outra vez sermos três.
Caminhando de volta me surpreendeu um achado na própria rua da Quitanda: o Bistrô-CD-Centro. Um lugar incrível, com prateleiras repletas de CD´s raros, novos e usados; bons livros, bons DVD´s...tudo perfeito. No sub-solo um delicioso café é servido com arte no Bistrô. Ao redor nas paredes e teto, fotos de artistas em estilo noir, cartazes de filmes e capas de discos.
Harmonia idêntica a que tentei montar em minha casa, no meu cantinho preferido de Itu.
A loja, que funciona na rua da Quitanda 3B, além de bela, tem uma atmosfera incrível. O bistrô, além de charmoso, serve um expresso cremoso, italiano e disciplinado.

O conjunto da obra merece um Oscar, ou um aplauso, ao menos.

Recomendo.

GM

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Lendo aqui, ouvindo ali e mantendo o Domingão do Faustão desativado

SIM, recomendo:

- A biografia do Chico Buarque desenhada por Wagner Homem. O autor consegue escrever o roteiro da vida do Chico sem pieguices e sem fanzinices. O texto é leve e os dados biográficos foram seriamente pesquisados. Vale a pena para quem curte algo mais que a obra do velho mestre, que foi considerado um dos estruturadores da MPB, ao lado de Pixinguinha, Noel Rosa e Tom Jobim. Saiu pela editora Leya e custa menos de R$ 30 pilas.

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- O disco Me and Mr. Johnson, de Sir. Eric Clapton. Nesta releitura da obra do criador do Blues e influenciador de nomes como John Lee Hooker e Muddy Waters, Clapton se despe de toda a palhaçada das produções em 32 canais e cospe um Blues seco e cru. Quase igual ao velho mestre. Clapton, quando uma vez questionado sobre o que achava de umas pixações que apareceram em muros do centro velho de Londres, na década de 60, com os grafites "Clapton is God", teria respondido: "Me agradaria mais se tivessem pixado "Johnson is Devil"".
Coisas de Eric Clapton.

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- O filme Adeus Lenin ! Do diretor alemão Wolfgang Becker, que conta a estória da queda do muro de Berlim pela ótica de um conflito familiar aonde uma mãe se mostra favorável ao comunismo, e sofre uma parada cardíaca ao perceber a inclinação capitalista do filho. Para remediar, o filho recria artificialmente todo um universo marxista (notícias, pessoas, objetos), tentando, por amor, fazer com que a mãe não perceba que o capitalismo venceu e o muro caiu.
Divertidíssimo.

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NÃO recomendo:

- O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão !
O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão ! O Domingão do Faustão !
TV imbeciliza !

GM