terça-feira, 31 de agosto de 2010

O cinema dos anos 80

Assistia tranquilo ontem à noite ao filme "De Volta Para o Futuro III", produzido pelo Spielberg e dirigido pelo Zemecks. Meu filho deitava preguiçosamente a cabeça na minha perna e minha mulher, por perto, completava a cena.
No meio da fita, bem antes do duelo entre McFly e Beef Tanen, meu filho me surpreendeu com uma daquelas tiradas curtas, que só a crueldade inocente das crianças é capaz. Me perguntou num só fôlego quais os melhores filmes que assisti na minha juventude.
Seria impossível listar. Nem tentem fazer isso em casa, até por que, definir o que é um filme "bom" ou "melhor" , por si, é um desafio impensável.
O filme é bom se assim lhe parece.
Mesmo assim o danadinho insistiu e acabei listando não os melhores, mas sim um compilado daqueles que tiveram alguma importância para mim. Veja abaixo os 05 primeiros:
1. Bruce Lee e o Vôo do Dragão - Assisti provavelmente em 1977, na companhia de meu irmão, numa matiné dupla qualquer do Cine São Gerônimo (que virou supermercado e depois igreja), em Mesquita/RJ. É a lembrança mais antiga que tenho em termos de cinema. A cena de Bruce com Chuck Norris duelando no Coliseu de Roma é a mais importante cena de luta da história do cinema. Impagável.
2. Grease (Nos Tempos da Brilhantina) - Outro clássico que teve uma péssima tradução. Trata-se da adpatação para o cinema do musical da Broadway chamado Grease (e apenas). Tinha Travolta e Olívia Newton-John no elenco. Assisti em 1979 com a turma da rua Cordura, no Cine Verde de Nova Iguaçu. A cena que mais lembro é a cantoria no campo de futebol (Tell me more...).
3. O Feitiço de Áquila - Para quem quiser uma amostra do que é uma bela mulher, veja Michelle Pfeifer neste filme. Uma delícia. Assisti com minha irmã no Cine Méier em 1985.
4. Os Goonies - A trilha de Cindy Lauper era melhor que o filme, mesmo assim foi marcante. Aventura de um grupo de amigos que se arriscam num mundo de duendes e fadas. Assisti no saudoso ano de 1986.
5. Karate Kid - Era 1984. Um filme que marcou muito mais pela boa exposição de virtudes do que pela produção. Um clássico. Pat Morita roubou a cena. Belíssimo filme.
Prometo falar ainda de outros como, A Lagoa Azul, Um Tira da Pesada, Conta Comigo, vamos aos poucos, enquanto a pipoca estoura na panela.

GM

domingo, 29 de agosto de 2010

Blood, Sweat & Tears

Já escrevi nas estradas deste blog um artigo sobre certos endereços que conheço, ótimos para a obtenção de raridades em termos de boa música.
CD, vinil, K-7...não importa, me lembro no mínimo de ter dado duas boas dicas, que certamente valeriam a pena investir.
A lista completa seria grande, iria desde a centenária Elizart no RJ, rainha de livros e discos usados, até a Brunetti de Blumenau, ótimo ponto para CD´s e DVD´s; passando pela Vinil Sempre de Porto Alegre, pela Baratos & Afins de SP e outras tantas...muita coisa boa.
Esta semana que passei trabalhando em Blumenau, fui visitar à noite uma das mais recentes fontes de preciosidades que conheci, a Book Center, que fica bem próxima ao Shopping Neumart, no centro.

Me surpreendi com um gigantesco e muito bem organizado acervo de discos de vinil, talvez mais de 3.000 peças, enfileiradas em prateleiras por ordem alfabética e de autor.
Comecei pacientemente minha busca. Senti falta de um bom tinto para me acompanhar. Avancei com sede pela seção de MPB e de cara arrebatei "Pássaro da Manhã" da Bethania...raridade.
Passei para a seção de jazz e afins. Olhava um-a-um todos os discos com suas capas e ia separando os que me interessavam. Meio distraído, olhei de lado um disco de capa meio escurecida que me chamava.

Era uma coletânea do Blood, Sweat & Tears. Clássica. Continha as duas fases da banda, a primeira com os vocais de Al Kooper e a segunda já com o infernal Clayton-Thomas na cantoria.
Eu conhecia o trabalho da banda, só que de longe. Não tenho nenhum CD deles e nem um outro material. Estranhei eles estarem alí na seção de jazz (apesar de terem sido fundadores do "fusion" e do "jazz-rock" em 1967); eu pessoalmente detesto coletâneas. São como fotos de sorriso forçado, só mostra o lado "A" de cada trabalho.

Definitivamente não sou um caça hits.

Trouxe comigo para Itu, uns 40 discos excelentes e logo em casa comecei a limpar e recuperar as capas, enquanto ouvia e bebia.

As vezes vice-versa.

Quando estava com o disco do Blood nas mãos, percebi um detalhe curioso: uma pequena etiqueta de preço e código de produto, indicava o nome da loja que havia vendido o exemplar pela primeira vez. O ano marcado era 1989. A etiqueta trazia a marcação "Brunetti" de Blumenau, a mesma loja que hoje me fornece muito material bom e de primeira qualidade.
Tirei uma foto da pequena e antiga etiqueta. Da próxima vez que voltar a Blumenau vou surpreender a turma da loja com esta lembrança.
Mas falando do Blood...não é nada parecido com o rock cru e acústico que estava acostumado. O som tem muita qualidade. São músicos de verdade. Os arranjos são difíceis e a execução é perfeita.
O som é forte, intenso e bonito. Ali dentro tem Ray Charles, James Brown, Miles Davis e Sam Cooke.

Ouvi até a última gota.

A faixa "Child is Father to the Man" é uma cria de luz. Incrível vir de uma banda de rock.
Dizem que o nome da banda é uma alusão a um disco do Johnny Cash, ou a um discurso de Churchill após o sucesso do desembarque dos aliados na Normandia. Ele teria dito que a vitória aliada foi com "...sangue, suor e lágrimas...".

Confesso que não precisei de nada disso para ouvir o disco por duas horas seguidas.

GM

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Paulinho da Viola

Quando ele surgiu, foi como uma renovação no samba e na MPB de então. Final dos sessenta, início dos 70. Acompanhado de gente do quilate de Martinho da Vila e João Nogueira, começou a escrever uma história e um samba diferente.

No trabalho dele a base rítmica passaria, então, a um papel secundário, sem deixar de ser importante, e as harmonias ganhariam a vez, na voz afinada e de veludo de Paulinho.

Ficaram para trás os dias de conhaque e coadjuvância do ZiCartola, bar que o lançou, assim como a outros tantos.

Ontem à noite tirei a poeira do vinil entitulado "Paulinho da Viola", prensado pela Odeon em 1975 e que trazia na capa, contra-capa e encarte, desenhos e grafites de Elifas Andreato, nada mais, nada menos.

O belo disco começa com "E a Vida Continua" abrindo a lado "A" e fecha o lado "B" com "Deixa Rolar", do saudoso Sidney Miller.
Um disco de samba. Um disco perfeito.
Na parte interna do encarte, há a reprodução de um bilhete, na própria grafia da letra de mão do Paulinho, destinado a Milton Miranda, diretor artístico do projeto:
"Milton, a idéia é essa aí. O disco fala de coisas da natureza, da vida das pessoas simples e das transas do amor (infinitas jornadas de amar e viver...). Eu gostaria que ele começasse e acabasse com as músicas indicadas.
Não sei, vê se dá. Depois eu te telefono.
Um abraço do irmão, Paulinho."

É isso mesmo, o disco é um abraço, de Paulinho da Viola.

GM

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-Feira 13

Aquela que começa depois da quinta-feira 12 e antes do sábado 14.

Hum-Hum...

GM

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O começo

Não. Você não está enganado.

A vitória do Brasil, contra os Estados Unidos, por dois tentos de diferença, ontem à noite, não foi obra do acaso.

Sobrou futebol. Além de duas bolas na trave e cinco chutes com muito perigo.

Os moleques jogaram como se estivessem descalços, com os pés enfiados na várzea e esperando a hora do lanche.

Qualquer semelhança com 1982 ou 1970, não é mera coincidência.

Enquanto isso, num restaurante chic de Porto Alegre, Dunga chama o garçom:

- O que tem pra hoje ? Estou com pressa !
- Temos o especial do dia, senhor !
- E o que é ?
- Pato ao tucupi ou ganso ensopado.

Desceu atravessado...

GM

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sexta Feira II - A Missão

Nós que aqui estamos, por vós esperamos !

GM

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Barbara Lewis

Já era noite. Eu voltava de São Paulo tentando flutuar no congestionamento.
A Marginal Pinheiros parecia uma coisa distante, longa demais, lenta e cinza. Chovia fraquinho e o vidro do parabrisas molhado misturava as cores das luzes dos carros e prédios.
Total descolamento da realidade.
O CD player do carro estava desligado, pois minha cabeça doía um pouquinho e preferi certa abstinência naquele momento.
A fila interminável de carros não andava. Nada mesmo. Decidi ignorar a dor e liguei o rádio. As notícias da CBN encheram o ambiente com um nada qualquer. Uma baboseira vazia sobre a agenda de candidatos e a busca sempre contida por transparência política.
Bobos, eles não sabem que somos gado.
Por instinto e força do hábito acionei o seletor de CD´s e comecei a ouvir uma canção suave e distante.
Um riff de guitarra e uma voz feminina me embalaram e entorpeceram. Logo a seguir entrou a linha do baixo e toda a seção rítimica, com direito a um belo naipe de metais, ao fundo
Era Barbara Lewis cantando Hello Stranger !
Inacreditável ! Cheguei em Itu em 02 minutos !

Ouça Barbara Lewis e você também vai se perguntar: aonde eu estava antes disso ?

GM

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Álbum Branco

Eu mesmo não tinha certeza nenhuma de que, um dia, este disco pudesse ser reencontrado.
Uma resma de dúvidas, isto é o que eu tinha. E de remorso por não tê-lo guardado comigo, quando da decisão de morar em São Paulo.
Julgava-o perdido.
Quando 02 anos atrás, de presente e de herança, Arlindo me enviou discos e livros, raros e belos, afobado fui procurá-lo na caixa de papelão surrada, entre tantas outras coisas prensadas em vinil, também interessantes.
Achei-o.

O Álbum Branco dos Beatles é, por si, peça de estudo e criador de comportamento. Um fenômeno.
A capa estava um pouco suja. No canto superior direito a assinatura estilizada do apelido de infância do meu irmão: "CHINA".

Me lembro bem do disco, antes e depois desse rabisco à caneta azul. Esse disco flutuou nas prateleiras de Mesquita; esteve perdido na casa de parentes; foi emprestado a rodas de amigos...e sempre voltava obediente.
Parece que sabia que seu destino final era minha casa, minhas prateleiras, meus ouvidos.
É inacreditável que Arlindo o tenha comprado no ano de seu lançamento, 1969, e que ainda hoje seu conteúdo fonográfico esteja perfeito. Os sulcos estavam intactos.

A música e a poesia dos Fab Four então, nem comento. Uma lenda !
Muito rapidamente abri o disco e procurei as fotos em preto e branco que acompanhavam originalmente. Fotos mesmas que estiveram nas minhas mãos de menino, em 1983 ou 1984.
Qual o que...perdidas para sempre. Lamentei muito, por que me lembrava das fotos e de tê-las tocado e de como eram parte importante daquele disco duplo.

Eram John, Paul, George e Ringo já com um aspecto profundo de tristeza e de desgaste. Mas ainda Beatles.

Perdidos para sempre.

Escutei ávidamente. Blackbird ouvi 06 vezes. O vinil faz a música parecer ser tocada ao vivo...ao seu lado.
Quase convidei Paul a me acompanhar na segunda garrafa de malbec, que abria então.
Certamente ele diria: "Obrigado, mas precisamos ensaiar."
Quem sabe outro dia ?

GM