terça-feira, 28 de junho de 2011

Glory, Tempo de Glória




Muitas coisas boas podemos fazer num frio como esses, que gela a alma de qualquer Nosferatu.


A lista não seria pequena. Talvez não fosse grande, mas pequena de certo não seria.


Beber um bom vinho, por exemplo.


Aconchegar a mulher amada embaixo do edredom e sentir o frio tórrido de seus pezinhos de gelo, lembrando que o frio existe.


Fazer uma boa pipoca e assistir um bom filme.


Ou ainda uma combinação de tudo isso.


Foi o que fizemos na noite de ontem. Uma das noites mais frias dos últimos 10 anos.


Assistimos a um clássico dos fins dos anos 80 (1989, pra ser preciso) que ainda não tínhamos assistido e que valeu muito à pena.


Glory, de Edward Zwick, com Morgan Freeman, Matthew Broderick e Denzel Washington.


Um belíssimo filme sobre a guerra de secessão americana, emoldurado numa estória de preconceito racial e luta entre classes sociais.


Morgan Freeman, fantástico. A cena do discurso está entre as melhores do cinema. Denzel Washington, incrível. A forma como fez a cena do chicoteamento foi incomparável. A lágrima que rolou por um olho só...coisa de mestre.


Já Matthew Broderick, apático, bobão e babaquinha. Como sempre.


O filme é obrigatório. Deveria fazer parte do currículo de qualquer ser humano, como estágio necessário a se alcançar o nível de “humanidade”.


Recomendo fácil.


GM

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O som e a fúria de John Legend and The Roots



Há muito tempo buscava uma batida como essa.

Mistura de R&B, funk e soul.

Sem falar nos vocais cheios de alma.

Quando um artista parece cantar como se fosse a última coisa que estivesse fazendo na vida.
John Legend é assim. A banda The Roots, também.

E os dois juntos são uma novidade melódica, rítmica e harmônica como não se via há tempos.

Falo do disco Wake Up, aonde esses dois ícones se juntam e fazem regravações e reinterpretações mágicas de clássicos do soul, do funk e do R&B.

Há muito tempo buscava uma combinação dessas.

É como se Ray Charles, Otis Redding e James Brown estivessem juntos no estúdio, endiabrados e santificados.

Fazendo o melhor que suas mãos saberiam fazer.

Recomendo sem medo de errar.

Será impossível para você ouvir esse disco e ficar parado no mesmo lugar.

É um desafio, depois você me fala.

GM

terça-feira, 21 de junho de 2011

Leila Diniz e a histórica entrevista ao Pasquim



“O Pasquim é um orgasmo instantâneo.”

Era assim que Paulo Francis, um de seus editores, classificava uma das vozes mais importantes no combate ideológico à ditadura militar, que existia em nosso país nos anos 60 e 70.

Uma resenha cultural. Um caldeirão de ideias. Um refúgio para intelectuais de esquerda. Um palco mal iluminado que deu voz e vez a nomes que iam de Chico Buarque a Henfil, passando por Paulo Mendes Campos e, a deliciosa, Leila Diniz.

Tive o prazer de ler dezenas de originais, comprados e guardados por meu tio Arlindo, que muito ajudaram a formar as ideias que hoje atazanam meus neurônios.

O Pasquim era a voz da república das bananas e o algoz dos generais de pijamas.

Lembro aqui de uma das entrevistas mais marcantes e esperadas, publicada no Pasquim. Leila Diniz, no auge de sua sensualidade e competência artística, foi entrevistada por Jaguar, Sérgio Cabral e Tarso de Castro em dezembro de 1969.

Os três jornalistas babavam. Davam olhadas disfarçadas para o corpo daquele monumento de mulher. Faziam uma ou outra insinuação e beliscavam perguntas inteligentes e divertidas.

Falou-se de tudo: sexo, cinema, TV, política, música e comportamento.

Sempre com um tom apimentado, bem característico do Pasquim, a entrevista foi um dos marcos do novo movimento jornalístico que varria o país e que encontrava refúgio em títulos como o JB, Última Hora e Folha de SP.

O Pasquim, há tempos, parou de circular. Faltou dinheiro, estrutura e ânimo físico para continuar.

A censura e a repressão eram fortes demais naquela época.

Sim, é verdade. O Pasquim faz falta.

Mas Leila Diniz, com "tudo aquilo", faz mais falta ainda !

GM

segunda-feira, 20 de junho de 2011

As Divas do Rádio

Essa dica é para quem gosta de história e boa música.

Saiu pela editora Casa da Palavra, o livro “As Divas do Rádio”, um livro muito interessante sobre a era de ouro das rádios brasileiras.

Escrito por Ronaldo Conde Aguiar, que já havia nos dado o belíssimo Almanaque da Rádio nacional, o livro tece de uma forma pitoresca e divertida, um perfil da época mais gloriosa de um formato de mídia, que era até então, o mais importante para a família brasileira.

Devorei o livro neste fim-de-semana, simplesmente não consegui parar de ler!

Num trabalho de pesquisa muito sério, o autor fala das 14 vozes mais populares daquela época, não só num contexto musical ou artístico, mas também revelando interesses sobre o alcance social que as rádios tinham então.

Quem já ouviu um pouco de Dolores Duran, Isaurinha Garcia e Dalva de Oliveira, vai certamente gostar desta viagem.

Recomendo.

GM

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Marisa Monte e a lenda do Profeta Gentileza


Saí de casa cedinho, como de costume. O galo ainda afinava seu canto e meu carro já estava na estrada Itu-Jundiaí.

No digital do relógio do carro, 6h21m. O termômetro marcava 11 graus. Seria certamente mais um dia frio neste quase inverno paulista.

Segui em frente.

Quando liguei o rádio do carro, a voz de Marisa Monte me surpreendeu.

Linda. Uma voz extremamente afinada, num timbre muito suave. Cantava como uma musa, uma princesa, uma gueixa.

O recado era simples: ouvir, relaxar e seguir em frente.

Era o disco “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor”, lançado em 2000 e que estava num cantinho do carro, esperando ser tocado.

Comicamente, este disco foi surrupiado de minha cunhada Isa, que se estiver me lendo agora, vai dar por falta deste CD em sua coleção.

Acho que o delito foi cometido quando morávamos ainda em Ribeirão Preto e, numa visita distraída, Isabella deixou o CD em nossa casa e se foi.

Hoje é peça integrante de minha coleção, com direito a plaquinha de patrimônio, e não farei devolução.

De jeito nenhum.

Ocorre que estava então dirigindo o carro e ouvindo o CD, já nos arredores de Jundiaí, quando percebi uma faixa num tom diferente das demais faixas do disco.

Certamente mais uma linda canção de Marisa, mas não apenas isso.

Era a música “Gentileza”. Uma homenagem singela e honesta ao profeta das ruas cariocas, José Datrino, gentilmente conhecido pelo apelido de Profeta Gentileza.

Parece que foi ontem: idos de 1987, eu era aluno da escola militar CPOR, em São Cristóvão/RJ e fazia todos os dias o trajeto que passava pela Avenida Brasil e contornava a zona portuária do Rio, passando por baixo dos viadutos do Caju, da Rodoviária Novo Rio e Leopoldina.

Bairros velhos e históricos.

Naqueles tempos, 24 anos atrás, todos que por ali passavam começaram a perceber algumas mensagens pintadas à tinta branca e colorida nas paredes de muros e nos pilares das pontes.

Com uma caligrafia semi-gótica e estilizada, alguém escrevia mensagens de paz, amor e gentileza.

A mensagem mais escrita e repetida era “Gentileza gera gentileza” e “Amor, palavra que liberta”.

Sempre em letras brancas e com alguma repetição da letra ‘r’, como a reforçar seu sotaque natural.



Isso acontecia em dezenas de muros e pilares de viadutos, repetidamente.

No começo, um mistério: quem seria aquela pessoa que escrevia aquelas belas mensagens ?

Depois, a revelação: era o profeta Gentileza. Um senhor, na época com uns 40 anos de idade, que, em desapego à matéria, começou a vagar pelas ruas do Rio e a escrever nos muros, mensagens de amor e paz.

Fui transferido para Campinas/SP em 1989 e daí pra frente fixei minha vida em SP, deixando pra trás o Rio, a família, os amigos e, também, o profeta Gentileza.

Tempos atrás fiquei sabendo através de meu irmão que as mensagens do Gentileza tinham sido apagadas dos muros.

No seu lugar, uma grossa e fria camada de tinta cinza foi pintada. Verdadeira invasão.

Daí a inspiração para a música de Marisa Monte.

Passados mais alguns anos, me disseram que o profeta havia falecido. Sozinho e desamparado, como se a frieza dos muros onde escrevia tivesse sido mais forte que sua mensagem.

Na época fiquei triste. Quase como quem perde um amigo.

Hoje fui tocado por esta lembrança através da arte e da poesia de Marisa Monte.

Recordei com carinho aqueles dias, quando gentileza era uma palavra, pelo menos, lida todos os dias e o amor, era outra palavra, que quando dita, escrita e repetida, perdoava, aproximava e libertava.

Palavras do profeta Gentileza.

GM

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Boscato, cabernet sauvignon, safra 2007



Eu sei.

Vai parecer incoerência.

Tantos anos defendendo a hegemonia dos malbecs. Tanto tempo dedicado ao cultivo e ao deguste desse nobre tinto, de alma guerreira e sabor único.

Aí, num repente cordelista, publico um post para abraçar apaixonadamente outra garrafa.

Todos sabem que ando muito faceiro, me bandeando para o lado dos tintos brazucas. Não é segredo minha recente incursão nesse mundo, descobrindo muitas qualidades antes encobertas pela névoa do preconceito.

Ocorre que apesar disso, minha preferência sempre foi o bom e velho malbec. O malbecão.

Como os brazucas não são muito atuantes nesta área (uva), sempre acabo me rendendo aos portenhos, sempre disponíveis nas prateleiras do Brasil.

Ontem, porém, algo mudou.

Abri um Boscato, cabernet sauvignon, safra 2007. Gaúcho desde sempre.

Foi uma surpresa pra lá de agradável.

Um legítimo tinto brazuca que já nasceu tradicional.

Sedoso, redondo, encorpado e macio. Frutado no ponto e com um rubi tonal que impressiona pela intensidade.

Harmonize com cafuné e beijo na boca !

Recomendo sem medo de errar, depois vocês me falam se a dica foi boa.

GM

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Era Primavera em Praga, enquanto alguém amava os Beatles e os Rolling Stones


Um menino qualquer.

Que provavelmente nasceu no fim da década de 50 ou início da de 60. Filho de pais que ouviam alguma música.

Algo de Glenn Miller e Count Basie, algo dançante como a boa e velha Tabajara, de Severino Araújo.

Um moleque que se tornou jovem em meio a uma atmosfera diferente, libertária, libertina, deixando o cabelo crescer, frequentando bares e fazendo amor com meninas de saias curtas e pernas bonitas.

Um jovem que viu de longe o homem pousar na lua, as mulheres desnudarem os seios em Woodstock, a guitarra ganhar tons distorcidos nas mãos endiabradas de Hendrix, Page e Clapton.

Aprendeu muito com o que viu nas imagens da TV, do cinema e em coloridas revistas semanais.

Cantou muito do que ouviu nas rádios, nos bares e cabarés.

Um moço como outro igual, sendo por isso mesmo desigualmente único.

Poderia falar inglês, francês, espanhol ou até português. Viveria na América certamente, mas sonharia com os castelos distantes da Europa, envoltos em neblinas e enigmas da história.

Esse jovem certamente se tornaria um adulto, coadjuvando com mudanças políticas, quebras de fronteiras e alterações em mapas e ideologias.

Não esteve em Praga em 1968, mas soube o que aquela primavera representou.

Não esteve em São Francisco e 1969, mas soube bem o que foi o verão do amor.

Não morava em Ipanema em 1962, mas entendeu a grandeza da bossa nova e da poesia de Vinícius.

Esse já, crescido, feito homem, adulto, aprendeu a ouvir a boa música em discos de vinil, que rodavam em Grundigs, Philcos, Telefunkens, GE’s e Sonatas.

Na fuga coerente que o cinema proporcionava, aprendeu a entender Fellini e Godard, Glauber e Antonioni. Provavelmente emocionou-se com eles e depois os esqueceu completamente, abrindo espaço em sua mente para Spielberg, Altman e Coppola.

Sendo um ser humano normal, mergulhou fundo na busca por dinheiro, status e algum poder.

Jogou fora os votos de “não envelhecer jamais”, aprendidos com Janis Joplin e Caetano Veloso.

Seguiu em frente usando terno e gravata.

Esse ser humano, um senhor de meia idade. Hoje teria uma família, alguns filhos ou não, algum grisalho na cabeça, ou não.

Vez por outra tiraria da estante alguns bons discos, de boa música de outras eras. Abriria uma garrafa de vinho e num abraço forte, diria ao filho que vivesse sua vida intensamente, seus dias de hoje, pois o presente é o tempo mais importante e o que conta é o que se faz agora.

Emocionados, com gestos carinhosos trocados entre pai e filho, falariam com alegria das coisas que importam e de como é bom estar em casa, no aconchego, com todos.

Ouviriam boa música e conversariam sobre amenidades divertidas.

Sua vida seguiria assim, como um roteiro a ser escrito e uma estória a ser filmada.

Morreria um dia, este normal homem pequeno, certamente feliz por ter vivido seus dias com alguma dignidade e com muito amor.

Seus filhos ou filhas teriam lembranças alegres dos momentos únicos, das trocas honestas e verdadeiras e se recordariam com carinho das tardes que passavam juntos, sentados no chão, bebendo um bom vinho, sorrindo bastante e ouvindo os Beatles e os Rolling Stones.

GM

terça-feira, 14 de junho de 2011

Som Brasil





Achei a hora e a ocasião certa para uma surpresa aos meus amigos, diletos churrasqueiros.

Foi lá em casa, na compania honesta de Marcelão e toda a família Caiano, que resolvemos "espetar na agulha" um disco antológico.

Era o célebre bolachão Som Brasil, trilha sonora do saudoso programa do Rolando Boldrin, que foi ao ar pela Globo de 1981 a 1984 (e depois de 1984 a 1989 com a apresentação de Lima Duarte).

Um disco e tanto.

Causos. Boas modas. Grandes instrumentistas.

Esta versão que ouvimos tinha Diana Pequeno, Alavarenga e Ranchino (em remix) e Luiz Gonzaga...entre outros.

Afinamos a conversa. Abrimos uma cachaça mineira da boa. E deitamos prosa tarde a dentro.

O programa, já naquela época, era uma corajosa incursão na raiz cabocla da música brasileira, numa emissora de ponta e num horário difícil.

O IBOPE era alto. Batia sempre na faixa dos 11 pontos. E para quem conhece um pouco o conceito de GRP, sabe bem o que isso significa.

Rolando Boldrin foi seu inventor, diretor e apresentador. Boa parte da juventude brasileira daquela época assistia ao show e depois, em animadas rodas de botecos, comentava a performance de nomes como Zé Ramalho, Amelinha, Pena Branca & Xavantinho.

Uma proposta muito saudável em termos de educação musical, que bem merecia um espaço hoje, entre tantas bundas e tantos peitos que tentam cantar.

Vamos torcer e ouvir.

GM

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Algumas das séries de TV mais marcantes ou mais marcadas






É verdade. Qualquer criatura humana que tenha hoje algo entre 38 e 42 anos, certamente, viu ou pelo menos ouviu falar, de algumas das incríveis séries das quais vamos falar hoje.

Algumas incrivelmente tolas. Outras incrivelmente idiotas. Mas todas incrivelmente fantasiosas.

E naquela época, um tempo perdido qualquer que Renato Russo ainda não tinha cantado, fins de 1979 e meados de 1982, foram lançadas no Brasil uns quatro folhetins baratos e muito gostosos.

Eram os enlatados. Que tinham esse nome por que os originais em celulóide viam em latas dos EUA.

Era o máximo. Na verdade o mínimo. Mas para todos nós, garotos pobres, peladeiros e caçadores, era o máximo do mínimo.

Quem não se lembra ?

Terra de Gigantes.

Viagem ao Fundo do Mar.

Túnel do Tempo.

O primeiro era uma colagem de imagens, recortadas com efeito up-size que davam a impressão de que havíam realmente gigantes.

Lembro-me de Marylinn Even. Linda. Sempre caçada por gigantes malvados e distorcidos. Uma produção pobre que animava as manhãs de brasileirinhos sem grana.

Viagem ao Fundo do Mar era mais cult. Mais introspectivo e claustrofóbico.

O máximo era o barulhinho do submarino comandado pelo Almirante Nelson e seu séquito de corajosos marujos.

Era uma espécie de Jornada nas Estrelas debaixo d'água.

Uma bobagem linda.

Por último, O Túnel do Tempo.

Dois cientistas se aventuravam em viagens astrais e temporais, sem garantia de retorno ao século XX.

Isso mesmo, o século passado.

Não esqueço o episódio em que eles foram transportados ao passado e caíram no forte Álamo...no dia do ataque de Zapata.

Detalhe: na história verdadeira, não sobrou um único americano vivo depois do ataque.

E eles lá ! Bem antes dos Deloreans voadores de Robert Zemecks.

Tempo bom. Época pura. Não nos demos conta, mas passou.

Vamos em frente !

GM


sexta-feira, 10 de junho de 2011

A música mais bonita do mundo e o aniversário de João

Meu amigo João, de longa data, fez aniversário.

Nossa amizade, já com quase uma década, estava esmaecida e um tanto enferrujada pela ação oxidante do tempo.

Ocorre que nos reencontramos. Nosso reencontro se deu pelos modernos caminhos das redes sociais, mais especificamente do Facebook.

Foi uma grata surpresa receber o convite para nos tornarmos "amigos" virtuais e celebrarmos assim uma retomada em nossa amizade.

João é um cara bacana.

Um ser humano sensível, boa praça, músico por paixão e executivo de empresas por escolha.

Outro dia, usando sua veia criativa, montou uma fã-page no Facebook para os amantes da boa música.

Chama-se "A Música Mais Bonita do Mundo", que é acessada por um link com este mesmo nome.

Neste espaço, criado para aqueles que vivem para a música e vivem de música, podemos compartilhar vídeos, clips, animações e trilhas sonoras.

Podemos expor sentimentos, abrir saudades, demonstrar alegrias e compartilhar coisas boas, com pessoas que também estão lá e que também correspondem.

Trata-se de um espaço especial na web, criado para o bem, por um cara do bem.

Ontem foi o aniversário do João.

Fomos virtualmente convidados e estivemos fisicamente presentes.

O local escolhido, um boteco dos bons, serviu de palco para reencontrar velhos camaradas e colocar a conversa em dia.

Foi uma das noites mais bonitas do mundo, em homenagem ao João, o simples João, criador da música mais bonita do mundo.

Saúde, João ! Que Deus lhe ilumine os caminhos !

GM

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Receita para combater o frio

Siga sem medo de errar, você vai ficar suando:

- Uma lasanha a bolonhesa;
- Uma garrafa de um bom Latitude 33, malbec, infelizmente argentino;
- Uma lareira acesa;
- Um vinil do Nat King Cole;
- Uma mulher maravilhosa ao lado;
- Um brinde e um sorriso verdadeiro;
- Um abraço quentinho;
- Um longo e molhado beijo na boca.

Depois, pegue a princesa no colo e leve-a para o quarto, ou para a sala, ou para o armário ou para aonde quiserem.

Faça com ela o que ela permitir ou o que ela pedir, mas seja carinhoso ao extremo e sincero ao extremo.

Abrace-a e durma abraçado...

Acorde com o despertador as 05h30m da manhã e ouça ela dizer com aquela voz delicada:

- Desliga essa porcaria que eu quero dormir !

Responda assim: - Claro meu amor, é pra já !

Faça deste jeito e tudo vai esquentar na sua vida.

GM

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pelé e a segregação na indústria da música



Durante a copa do mundo de futebol de 1962, no Chile, Pelé se contundiu feio logo no segundo jogo.

Ele teve um forte estiramento no músculo da panturrilha direita e ficou de fora da copa até o final.

Como expectador, viu seu substituto (Amarildo, o “possesso”) ajudar Garrincha a levar o Brasil ao bicampeonato mundial.

Ainda como expectador, foi entrevistado pelo americano Sonny Clarck, jornalista do Times, que lhe fez uma série de perguntas sobre o futuro do futebol brasileiro.

Paulo Francis, ao lado, meio irrequieto e visivelmente nervoso, acompanhava a entrevista.

Ao final da conversa o americano agradeceu a Pelé a entrevista concedida e, despedindo-se de Paulo Francis, disse que Pelé era um grande atleta, “... um orgulho para a raça dele...”.

Paulito Francis, já meio estrábico e míope, teria respondido que “... sim, Pelé era um orgulho para a raça dele... a raça humana...”!

Essa estória, que ouvi da boca e dos dentes de meu tio Arlindo, nos idos de 81, serve de aquecimento e pano de frente para outra questão:

E quem disse que existe música negra ou música branca ?

Só quem insiste em rotular a criatividade e a arte para que esta se encaixe em esquemas comerciais.

Quando foi que alguém disse para Sinatra: - Você é um grande cantor branco !!

Nunca.

Basta vermos uma mulher negra linda e deliciosa cantando um jazz sexual, como a nova Esperanza Spalding o faz, por exemplo, para que um crítico a rotule como “a mais sensual voz negra do jazz dos últimos anos...”.

E desde quando voz tem cor, no sentido literal da palavra ?

Mulher negra linda é, como já disse aqui, apenas uma mulher linda. Ou você diria que Juliete Binouche, apenas como exemplo, é uma mulher “branca” linda ?

Sou contra o rótulo das cores na música.

Sou a favor da música, como manifestação de arte e de um processo criativo único, que não se repete.

Black Music é Black Music apenas na capa do disco e na cor do vinil. Nos ouvidos soa como música, apenas.

No final, esse processo criativo todo, seja o artista branco ou negro, sai do cérebro; e até aonde eu fui informado, todos os cérebros são cinzas.

GM

terça-feira, 7 de junho de 2011

Get Back, o projeto que não aconteceu




Eram os piores dias dos Beatles.

Musicalmente eles pouco se entendiam. O clima era péssimo. Havia muita briga por razões financeiras e pelos projetos que deram muito errados: a botique e a gravadora Apple.

Meados de 1969.

As gravações eram um tédio. Os arranjos era reproduzidos por uma execução desatenta e pouco ensaiada. Logo eles, exímios instrumentistas.

Foi quando George Martin, o produtor teve uma idéia: fazer um disco e um especial para o cinema ao mesmo tempo. Uma espécie de making off das gravações, com cenas verdadeiras de ensaios e trabalhos em estúdio.

A idéia era ótima. E o projeto foi batizado como Get Back.

Na prática nada aconteceu bem.

Mais uma decepção e mais um engano. Os quatro, quando juntos, pareciam mais perdidos do que músicos que nunca ensaiaram juntos.

Olhares distantes. Brigas. Yoko Ono o tempo todo no estúdio.

Quando foram gravar a música título do disco (Get Back), não houve consenso para quem iria tocar o piano.

Paul não quis. John achou o arranjo ridículo. Como solução chamaram o incrível Billy Preston, um pianista talentoso, versátil, com uma mão mão no soul e outra no blues.

O resultado foi incrível e pode ser visto no vídeo da gravação, disponível na web.

Por aquele instante, muito breve, menos que 05 minutos, os quatro voltaram a ser Beatles e a música voltou a agradecer, como uma dama lisonjeada.

Esses caras fazem muita falta !

GM

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O segredo da picanha lentinha



Comece sem pressa.



Bem lentamente, vá a um bom supermercado e procure na seção de carnes boas, uma boa picanha bovina.


Não precisa ser uma picanha de novilho. Apenas uma boa picanha, com uma generosa cobertura de gordura e pesando, no máximo, 980 gr.


Ainda sem pressa leve-a para casa.


Separe uma boa faca de corte, um garfo duplo e mais ou menos um punhado e meio de sal grosso.


O sal deve ser bem branquinho, sem sujeiras e sem nenhum tipo de humidade.



Ainda com velocidade de tartaruga, comece a abrir a picanha pela parte posterior dela (a parte mais grossa). Faça um corte longitudinal, de leve, como quem acaricia uma mulher, e vá aprofundando o corte sem rasgar a carne.


Delicadamente coloque sua mão dentro da picanha e comece a virá-la por partes.


Muita calma nesta hora, pois ela á sensível como uma menina virgem, ou como uma senhora de TPM.


Vire-a por completo e comece a colocar o recheio:


- Requeijão;


- Cebola;


- Alho;


- Tomate picado;


- Farofa de linguiça;


- Bacon.


Depois feche com carinho costurando com linha e agulha ou palitos de dente (novos !!!) daqueles maiores.


A esta altura, certifique-se de que a brasa da churrasqueira está forte, alta, mas sem fogo, generosa como uma fêmea carente e justa como uma esposa fiel.


Coloque sua mão aberta com a palma virada para baixo em cima da brasa, mais ou menos 20 cm acima.


Se o calor não permitir que você fique com a mão ali, por mais de 05 segundos, é porque o fogo está bom.


Sem pressa, ponha a picanha recheada, costurada e untada por fora com manteiga de aviação, na grelha e leve-a à brasa.


Como um abraço bem quente, observe o fogo ir dourando a danada e deixando-a no ponto.


Depois de 20 minutos vire-a.


Depois de mais 20 minutos, vire-a de novo.


Quando estiver morena, como uma musa da praia, levante uns 10 cm acima da posição anterior e deixe mais 10 minutos.


Pronto !


Retire do fogo.


Sem pressa, corte devagar, com uma faca boa, em boas fatias de 01 cm cada.


Ainda lentinho, escorregue para um prato bem branquinho e sirva com arroz branco e farofa amarela.


Acompanhe com um tinto malbec, justo, qualquer, barato mesmo.


Isto não é um roteiro, é apenas uma pequena dica de amigo.


Você pode fazer do jeito que quiser...do seu jeito.


Mas faça tudo sem pressa !


Elas vão gostar mais...


GM

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Mastela, perfeito para a ocasião



Sem preconceito e sem falso glamour, os tintos brasileiros cada vez mais ganham espaço na mesa do consumidor brasileiro e nas prateleiras das boas lojas do ramo.

De uns tempos para cá me dedico a encontrar bons tintos brazucas, degustar e compartilhar com todos a experiência.

E com esse tempo frio, serrano e montanhês, nada melhor do que um bom tinto para aquecer a alma.

Minha dica de hoje é o vinho Mastela, tinto, seco, feito com uvas bordeaux selecionadas e que representa toda a tradição gaúcha no cultivo de uvas vitiviníferas.

Harmonize com o que você gostar, pois esta estória de harmonização clássica é pura bobagem; eu por exemplo, harmonizo com cafuné e beijo na boca.

Recomendo !

GM