sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Rock in Rio, eu e meu irmão


Não fomos ao primeiro Rock in Rio.

Morávamos no Rio, e como bons cariocas que éramos, provamos toda aquela aura em torno do festival.

Mas não fomos ao evento.

Não havia dinheiro.  Não havia prioridade.  E, no meu caso, não havia idade.

Assisti pela TV, emocionado e sonhando acordado, vários daqueles shows épicos.  Acho que o primeiro foi o de Ney Matogrosso, fazendo a abertura e na sequência Gilberto Gil, cantando "Punk da Periferia".

Tenho gravado, literalmente, na memória, quase todo o show do Queen e do James Taylor.  Momentos inesquecíveis para quem esteve lá.

Não foi o meu caso.

Momentos incríveis para mim e para meu irmão.  Que babávamos toda a TV, empunhando guitarras imaginárias nas mãos e balançando as cabeças.

Ganhamos de presente de um amigo próximo, Alexandre, grande parceiro de meu irmão, um cartaz do festival, com a logo do evento e com a frase: "...90 horas de música e paz...".

Este cartaz ficou nas paredes pobres de nosso quarto por quase 02 anos...sumiu depois, certamente levado ao lixo por mãos pouco coerentes com aquilo que ele representava.

Não saberia dimensionar o que significou este evento para mim, na época com 14 anos de idade.  Talvez nada, talvez muito, ou talvez um misto disso.

Era a época das primeiras paqueras, beijos, amassos, os primeiros avanços na descoberta dos corpos femininos, de mulheres-meninas lindas, com todos os seus aromas e sabores deliciosos.

Uma época mágica e que passou, bem feliz.

Entendo hoje melhor o que se passou naquele verão do amor.  Nós, eu e meu irmão, não fomos ao Rock in Rio I.

Ele veio até a nossa presença.  E parte dele ficou.

GM

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Eric Clapton, finalmente em Pindorama



Há quem goste do olho, e há quem goste da remela.

Isso eu não discuto.

Há quem considere o obscuro Tony James, da obscura banda de punk-rock Sigue Sigue Sputnik, um ás na guitarra !

Eu cá prefiro Eric Clapton.

Há quem goste da goiaba e há quem goste da larvinha.

Muitas pessoas consideram Jonathan Knight, responsável pelas bases e solos de guitarra do New Kids on the Block (argh !) um virtuose no instrumento !

Eu cá prefiro Eric Clapton.

Alguns apreciam  o pézinho de uma mulher linda e há quem ame o xulé.

Existem criaturas que entendem o músico (?) Kiko, da exaurida banda (?) KLB, como uma das revelações do instrumento no Brasil nos últimos anos !

Eu cá prefiro Eric Clapton.

Conheci gente que ama sorvete e outros que colecionam as embalagens.

Muitos seres humanos (?) aceitam o Sylvain Sylvain, guitarrista da banda New York Dolls, como uma referência na profissão.

Eu cá, definitivamente, prefiro Eric Clapton.

Bem vindo vovô Eric !!!  Sinta-se em casa em Pindorama e volte sempre !

GM

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um bom vinho e um bom coração

Sabemos todos nós que um bom vinho faz bem ao coração.

Um bom tinto, é claro, arredondado no sabor e cheio de resveratrol.

Sabemos que esta substância, presente em todos os tintos e principalmente nos tintos da uva Pinot Noir, ajuda na prevenção a doenças que afetam o coração.

Não sou eu que digo !  Não é desculpa de bebum !

É científico !  Foi provado por vários pesquisadores da área médica, uns caras que se dedicam ao estudo do resveratrol e que também entornam alguns cálices no fim-de-semana.

Tudo verdade !

Sabemos também que pra funcionar melhor, esta receita deve ser seguida de boa música, boa companhia, boa conversa e alguma moderação.

Não é pra entornar uma garrafa por dia, por mais frio que esteja o ar e por mais quente que seja a ocasião.

Duas taças já bastam.  Por mais difícil que seja resistir.  Tudo bem se no sábado à noite esticarmos um pouco esta conta para quatro ou seis taças.

Desde que bem acompanhadas !

Água também é fundamental, pois hidrata e repõe o equilíbrio celular afetado pelo álcool.

Mas também não vá exagerar, pois água demais enferruja !

Então definimos o ritual com requintes e simplicidades que cabem bem no bolso: um tinto justo, uma trilha de qualidade, boa companhia e boa conversa.

Um pouquinho de água para equilibrar e muita saúde física e social.

Acho que é disso que precisamos !

GM

terça-feira, 20 de setembro de 2011

The Pretenders

Os anos 80 foram ótimos em termos de libertação musical.

Em termos.

Acho que serviram para ratificar a criação do pop, que saiu das mãos de um McCartney que não teve a dimensão exata do que estava criando, caiu nas mãos de um M. Jackson que soube polir e lustrar o movimento e passou às mãos de um bando de músicos, alguns competentes, que exauriram o modelo, por completo.

MTV neles !

Algumas coisas das quais não tenho saudades daqueles anos oitentistas, estão na pequena e raivosoa lista abaixo:

1. Os cortes de cabelo: uma avalanche de cabelinhos estilo Stray Cats e uma patela de adereços de cabeça, quando muito, ridículos (lembram do Mark Knoupfler solando "Brothers in Arms" com aquela  fitinha suspeita na testa ?);

2. As roupas: uma explosão de arco-íris, com cores nauseabundas e estilos cômicos...e as vezes trágicos;

3. As seções rítmicas das bandas: nada de contrabaixo, piano e bateria, nada disso.  O ritmo era sustentado por legítimos teclados DX-7 da Yamaha que repetiam sem dó (e nem ré):   TUM-PÁ-TUM-PÁ-TUM-TUM-PÁ....

Paro a lista por aqui, pois não quero chegar ao estilo de  dançar daquela risonha e feliz época. 

Era um chacoalhar de cabeças de dar labirintite em atleta olímpíco.  Eu mesmo me expressava através da dança, naqueles bailes pobres e bonitos.

Dançava mal e me expressava bem !

Das coisas boas dos anos 80, e não foram poucas, podemos listar: lindos seios ainda sem silicone, ou quase isso...meninas sempre disponíveis a algo mais depois das festas...amigos mais preocupados com você, do que com o seu holerith e...a banda Pretenders.



Formado na Inglaterra, no  final dos anos 70.  Este grupo já nasceu com uma sonoridade diferente daquilo que se fazia na época.

Não era pop e nem rock, fazia uma música estilo punk-pop, com arranjos mais puxados para o acústico, exceção feita a maledita seção ritimica viciada no TUM-PÁ-TUM-PÁ.

Tinha nos vocais de Chrissie Hynde e nas guitarras de James Honeyman-Scott seus pontos  altos e de brilho maior.

Uma grande banda que estreou como o melhor disco de 1980, segundo a revista Rolling Stone e já dando sinais de fazerem parte de uma renovação do cenário pop, que tinha no Police e no Smiths grandes aliados.

Mas isso é outra estória...

Pretenders ?  Ouça no volume máximo !

GM



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Construção

Pense em Chico Buarque de Holanda.

Agora pense em Chico Buarque de Holana, o nosso Chico, ou o Seo Francisco, como já disse Oswaldo Montenegro (em seu disco ao vivo de mesmo nome), compondo e produzindo "Construção" - aquele que talvez seja o mais importante disco da história da MPB.

Veja em sua mente aquela capa marrom, com uma foto pequena de um grande Chico bigodudo e com ares de cachaça.

Abra o disco em sua imaginação e espete na 1ª boa agulha que encontrar  ao seu alcance.

Depois disso viaje.

Primeiro, e em primeira classe, viaje na faixa título, "Construção", e tente entender como uma mente apenas humana foi capaz de erguer aqueles tijolos de rimas e encontros em versos alexandrinos, todos terminados em proparoxítonas.

Depois veleje na faixa "Deus lhe Pague" que combina a pequenez do dia-a-dia com toda a falta de esperança que possa caber num coração.

Avance mais e vá para "Cotidiano" e veja  como nós homens sofremos com as batidas ansiosas de um coração feminino, que insiste em nos aguardar no portão de casa, quando voltamos para o lar.

Chico é suburbano, graças a Deus !

E graças a Deus que ele existe e que tenha contruído esta obra de arte brasileira.

Faço questão de recomendar e advertir: ouça no volume máximo !

GM

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Atlantic Records - Atlantic R&B: 1947 a 1974


Nos idos de 1989, já morando em SP, em visita ao amigo Marcelo de Campinas fui apresentado ao R&B americano.

Já tinha ouvido antes alguma coisa de R&B.  Mesmo na minha fase mais negra de ignorância musical e nos meus mais inócuos dias de pop guerrilheiro, já havia ouvido alguma coisinha de Aretha Franklin ou Supremes.

Mas faltava ainda uma apresentação formal ao estilo R&B.  Daquelas apresentações em que você abraça e é abraçado.  Fica á vontade e deixa o outro muito relax também.

Faltava sentar e ouvir R&B.

Ocorre que durante a visita, no meio de um bate-papo e alguma cerveja gelada (pois na época eu era um estranho aos prazeres do vinho) ouvimos um disco que me chamou atenção e despertou minha curiosidade.  Era um disco de R&B da Atlantic Records, um álbum duplo parte integrante de uma coleção de 07 volumes duplos, num total de 14 discos.

Essa coleção da Atlantic cobria o período mais fértil da gravadora, que foi de 1947 a 1974.  Este que nós estávamos ouvindo era relativo ao período 1966 - 1968.

Na verdade na época eu não sabia direito o que era R&B, mas gostava demais do balanço e do swing.  Sem falar naquelas vozes incríveis.  Gente do calibre de B.E. King, Ottis Redding, Sam Cooke e Ray Charles.

Só pra citar alguns.

Depois de encher bem o saquinho de meu amigo Marcelo, fiz ele gravar em K-7 aquele disco.  Esta gravação me acompanhou em muitas viagens, dentro do meu walk-man ou nos tapes dos carros velhinhos em que rodávamos (principalmente minha linda Brasília 78 marrom-cocô).

Anos mais tarde, provavelmente 2002, já morando em Ribeirão Preto, com a ajuda de Paulo do estúdio RPM converti aquela fita K-7 para CD, e passei a ouvir ainda mais.

Minhas faixas preferidas eram "Stand by Me" do B.E. King , "This Arms os Mine" do Ottis Reding e "Hit the Road Jack" do gênio Ray Charles.

Sim, mas alguns anos se passaram e, milagrosamente, consegui adquirir os mesmos discos da mesma coleção em vinil, muitíssimo bem conservado e com aquela acústica única que só o vinil sabe dar.

Agora tenho em casa a antiga cópia em K-7 que ainda roda muito bem na minha Sony, uma cópia em CD e os originais em vinil.

Comparando o som das três versões o vinil ganha disparado, pela clareza e abertura do som.  Além de ter uma capa grande, com fotos e a história do R&B.

Como dica para quem quiser conhecer um pouco mais sobre R&B, dá uma olhada nestas faixas que citei aqui ou veja o site histórico da Atlantic Records.

Vai ser uma grata surpresa.

GM



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Doobie Brothers



Há música para todo o tipo de ocasião.

Para relaxar eu gosto de ouvir Enya. Para animar uma conversa geralmente coloco um mix de Beatles, Stones, Beach Boys...coisas velhas e lindas do século passado.

Quando a turma chega em casa, certamente o que vai para a ponta da agulha da minha Gradiente é uma sequência de Janis Joplin, Caetano, Purple e Tom.

Existe música para quase todo o tipo de momento. E existem momentos que pedem músicas especiais.

Ontem eu queria ouvir uma música que tivesse um certo e especial tipo de energia, daquelas que te fazem levantar para dançar e ao mesmo tempo parar para ouvir a linha do baixo, o riff da guitarra ou a batida da percussão.

Precisava ouvir uma música que despertasse a adrenalina. Mas que fosse música e não bateção de cabeças.

Foi quando meu amigo João, já familiarizado com a picanha e a cerveja gelada, espetou Doobie Brothers na agulha da velha Gradi.

Era o álbum "Toulouse Street" de 72. O segundo desta incrível banda de rock/jazz/soul/pop.

Tudo misturado e bem junto mesmo !

Se vocêr ainda não ouviu Doobie Brothers, pare agora de ler esta coluna e vá direto ao Youtube assistir qualquer coisa deles.

Ou corra para a loja de discos mais próxima e compre um disco, ou CD se preferir.

A música escolhida por meu amigo foi "Listen to the Music", um petardo de swing e rock. Sincopado na batida e irresistível no riff da guitarra base.

E era esse sim o tipo de música que eu estava precisando ouvir naquele momento. Algo intenso e bem acabado. Algo forte e arredondado.

Doobie Brothers era o remédio que eu procurava.

Vai fundo...prescrição minha, remédio certeiro !

GM

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Café Regina

Saí em busca de novos discos.

Desde abril deste ano que interrompi minhas visitas frequentes a BookStore de Blumenau e a Porto Discos de Porto Alegre.

Mas no fundo sabia que não precisava ir tão longe para achar bons discos de vinil e, então, fazer crescer um pouquinho minha coleção.

Zarpei rumo a Campinas para uma reunião de trabalho agendada logo para as 08h00m da manhã.

Paciência, virtude que hei de desenvolver...

Graças às divindidades nórdicas, sobretudo Thor, a reunião foi rápida e certeira.

Limpa e ligeira.

Conseguimos fechar mais um bom negócio e eu estava livre já as 11h40m.

Com certeza, obra do trovejante.

Caminhei um pouco pelo Centro de Campinas, indo em direção a loja do amigo Riva Rock e a uma outra conhecida como o Casarão Discos. Ambas nas proximidades da avenida Francisco Glicério, sempre nervosa e cheia.

Tinha um objetivo fixo em mente. Acabara de ler a biografia de Paul McCartney e através desta leitura tive uma compulsão em comprar os discos "Band on the Run" e "Tug of War".

Dois dos mais importantes discos da carreira de Paul, na era pós-Beatles. Um com os Wings e outro abosolutamente solo, exceto pela participação de George Martin como produtor.

Este disco tem uma especial importância na vida do ex-Beatle, pois foi o primeiro a ser lançado após o assassinato de John.

A música "Here Today" é uma franca homenagem ao velho amigo de infância.

Não achei nada disso na loja do Riva. Comprei lá dois bons discos de Ray Charles e nada mais.

Segui calçada adiante em direção ao Casarão que tem o mais formidável e mais bem organizado acervo de vinil de Campinas e região.

Dei sorte. "Tug of War" estava dando sopa, logo ali, zombeteiro, em cima de uma prateleira.

Zássssssss !! Comprei e saí rapidinho, com medo do lojista se arrepender de ter vendido.

Eu certamente me arrependeria.

Dobrando a esquerda na Barão de Jaguara, decidi cancelar o almoço e tomar um café no Centro.

Procurei uma cafeteria simples, ao estilo das mais tradicionais cafeterias cariocas, aquelas do Centro velho do Rio.

Achei o Café Regina.

Bem na esquina da Bernardino de Campos com Barão de Jaguara. Por si, este endereço já seria um acontecimento histórico, mas mais que isso, o café é espetacular.

Tomei um expresso com espuma de leite bem durinha e comi, devagarinho, um delicioso bolo de mandioca doce com coco ralado.

Dos Deuses !

Abri a minha sacola de discos e comecei a folhear a capa e o encarte daquela preciosidade de Paul.

Logo dois curiosos bicho-grilescos se aproximaram de mim, no balcão da cafeteria.

Um deles com ares de Ono-Lennon e óculos de armação redonda, usando uma jaqueta verde-oliva e fedendo um pouquinho disse:

- "Tug of War" ?

Eu respondi:

- É..."Tug of War"...

E ele disse:

- Maaaassa....

Aí, bem ligeiro, eu disse para a garçonete:

- A conta por favor...

E foi assim que eu me dei de presente de 43 anos de idade, que completo amanhã, 03 belíssimos discos de vinil, um delicioso café no Regina de Campinas e um bate papo ultra-rápido com uma critura alegre, simpática e quixotesca que vaga pelo centro daquela charmosa cidade.

Massa, muito massa mesmo !

GM