sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Desejo, uma obra prima de Victor Hugo, escritor francês do século XIX

Desejo primeiro que você ame,


E que amando, também seja amado.

E que se não for, seja breve em esquecer.

E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,

Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,

Que mesmo maus e inconseqüentes,

Sejam corajosos e fiéis,

E que pelo menos num deles

Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,

Desejo ainda que você tenha inimigos.

Nem muitos, nem poucos,

Mas na medida exata para que, algumas vezes,

Você se interpele a respeito

De suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,

Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.

E que nos maus momentos,

Quando não restar mais nada,

Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,

Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

Mas com os que erram muito e irremediavelmente,

E que fazendo bom uso dessa tolerância,

Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,

Não amadureça depressa demais,

E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que sendo velho, não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e

É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,

Não o ano todo, mas apenas um dia.

Mas que nesse dia descubra

Que o riso diário é bom,

O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,

Com o máximo de urgência,

Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,

Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,

Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro

Erguer triunfante o seu canto matinal

Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,

Por mais minúscula que seja,

E acompanhe o seu crescimento,

Para que você saiba de quantas

Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,

Porque é preciso ser prático.

E que pelo menos uma vez por ano

Coloque um pouco dele

Na sua frente e diga "Isso é meu",

Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,

Por ele e por você,

Mas que se morrer, você possa chorar

Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,

Tenha uma boa mulher,

E que sendo mulher,

Tenha um bom homem

E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,

E quando estiverem exaustos e sorridentes,

Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,

Não tenho mais nada a te desejar ".


Autor: Victor Hugo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A Plebe Rude e o Rock de Brasília


Ouvi ontem a trilha sonora do filme “Rock de Brasília”, do diretor Vladimir Carvalho.


Gostei demais do que ouvi.

Apesar de a seleção ter sido um pouco óbvia, no que diz respeito às faixas escolhidas da Legião Urbana e do Capital Inicial, achei fantásticas as outras escolhas feitas sobre o repertório da Plebe Rude e dos Paralamas do Sucesso.

O Paralamas teve pouco espaço, apenas a inclusão de “Vital e sua Moto”. Mesmo assim compensou, pois o arranjo estava diferente, mais encorpado e menos juvenil.

Já na seleção de repertório da Plebe Rude isto não ocorreu.

Foi feita justiça com essa incrível banda de pós-punk dos anos 80, e que ainda está em atividade: “Proteção”, “Minha Renda”, e “Até Quando Esperar” dá a exata noção da complexa musicalidade que esses caras tinham e tem até hoje.

A banda formada em 1981 fez história como uma das mais importantes e mais corajosas do fim da ditadura militar. Com letras fortes e críticas diretas ao regime, sem medo de repressão e de represálias do meio.

A Plebe Rude também era muito criativa naqueles tempos, incorporando elementos de música erudita em arranjos punk, revolucionava a forma de fazer rock-protesto daquela época.

Alguns ouvidos não conseguiam entender, mas outros eram viciados naquele tipo de som.

Eu era um deles.

GM




sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Bacalhau Universitário

Dei esse nome a esta tentativa gastronômica bem sucedida, por que é tão fácil fazer este prato, que até parece coisa de república.

Não de Brasília.

Então vale como dica para este fim de semana, mas antes é preciso falar do contexto.

1. Amigos: convide pelo menos dois casais.  Não queira fazer o meu bacalhau universitário apenas para o seu consumo egoísta.  Não combima com você, que está lendo esta coluna, e nem com o espírito do fim de ano.

2. Bebida: comida certa, pede a bebida certa.  Certo ?  Errado.  Os tradicionalistas diriam para acompanhar este prato com a harmonia de um branco gelado lá pela  casa dos 8ºC.  Digo que não. Bebida certa é aquela que você gosta, harmonizada ou não com o prato principal.  Eu, que não sou eno-chato, como bacalhau bebendo vinho  tinto. 

Bom demais  !

3. Música: indispensável no momento do preparo e do consumo.   Comece com bons discos de bossa nova Jobiniana e termine com dixieland jazz.

Então vamos ao preparo, que é muito simples:

Use filézões de bacalhau dessalgado (Dias ou Ribeira Alves).  Tire a pele e a espinha.   Corte de forma a fazer uns cubos grossos  de bacalhau.

Coloque esses cubos no  centro de um retalho grande de papel alumínio.  Ponha uma pitada de sal e pimenta-do-reino e derrame  bastante azeite extra virgem.

Depois ponha por cima cebolas picadas, tomates cortados em cubinhos, azeitonas pretas e rodelas de batata semi-cruas.

Mais azeite. Sem dó.

Feche a trouxinha de alumínio e coloque numa grelha de churrasqueira, distante cerca de 20 cm da brasa (braseiro tipo picanha, manja ?).

Aguarde uns 20 minutos.

Leve o pacotinho de alumínio ainda fechado ao prato e abra de uma vez.

Está pronto. 

Coma até doer a  barriga.  Garanto que vão pensar que você é um grande chef internacional.

Prato simples, bobo de se fazer e que gera aplausos.

Recomendo para este fim de semana.

GM

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Blues Etílicos


O que corre quando mestres do blues como B.B. King e Eric Clapton param para ouvir uma banda brasileira de blues ?


O resultado poderia ser tacanho se esta banda não fosse o Blues Etílicos.

Os mestres pararam, ouviram e aprovaram. Tanto que numa de suas passagens pelo Brasil, B.B. King fez questão de ter no palco a companhia da banda carioca e brasileira.

O blues é brasileiro. Pelo menos nas guitarras e nas gaitas do Blues Etílicos.

A banda já passa dos 25 anos de estrada, gravou 10 discos e emocionou muita gente boa de ouvido, em shows que lembram a primazia técnica do Allman Brothers e do Lynyrd Skynyrd.

Meu disco preferido da banda é o “Água Mineral” de 1989, o segundo da banda, ainda com o baterista Gil Eduardo (filho de Erasmo Carlos) no comando das baquetas.

A banda faz uma mistura de blues com South-rock e uma pitada de jazz, e coloca em cima um tempero brasileiro para dar liga.

O resultado é um som único. Um blues bem Brasil.

Recomendo.

GM

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

INXS


INXS
Quando pensamos numa banda de músicos e instantaneamente fazemos uma associação com uma época qualquer de nossas vidas, pode-se dizer que o trabalho da banda é datado e sua música fruto da moda.
Vezes em quando, isto não ocorre.
Muitas bandas de pop-rock se tornaram datadas em função da escolha criativa que fizeram. 
Outras, não.
Muitas sofreram com isso, em termos de lapsos criativos, vendagens baixas e agenda de shows vazia.
Outras, não.
Quando paro e escuto um disco do INXS, se eu estiver distraído nesse momento, o som vai me parecer como algo do New Order ou do Fine Young Cannibals.
Mas só por um momento.
Na música do INXS a parafernália eletrônica está presente, sim.  Mas muito mais como uma adaptação à ditadura dos DX-7 dos anos 80, do que por uma opção da banda.
Os tecladinhos irritantes do A-Ha estão presentes na música desses criativos australianos, mas a estes teclados cabe um papel pequeno e segundo.
Em primeiro plano vem a guitarra forte de Tim Farrris, seguido de perto pelo piano jazzístico de Andrew Farrris, além dos vocais nervosos e inconfundíveis de Michael Hutchence.
Uma banda incrível que soube fazer um som de época sem ser  datado. 
Na dúvida, basta conferir  os hits “New Sensation”, “Devil Inside” e “Beautiful Girl”.
A morte pouco explicada de Michael Hutchence em 1997, quase pôs fim a banda.  Mas eles continuam por aí.
Existindo.
GM


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Muito mais do que a outra banda de Mick Jagger



E muito mais também do que uma superbanda, montada para atender a um contrato milionário com a Nokia.
A Superheavy até que nasceu com este propósito, mas quando em 2009 o contrato com a Nokia não foi fechado, eles se perguntaram: “Por que não irmos em frente ?”.
“Eles” são Mick Jagger, o mito, Joss Stone, que além de ser a reencarnação de todas as musas da soul e gospel music juntas e de uma só vez, é também uma das mulheres mais deliciosas do planeta, Dave Stewart, ex-Eurythmics, Damien Marley, filho de Bob Marley, e o compositor indiano A.R Rahman.
Essa turma pra lá de super pesada tem dedicado horas e mais horas a ensaios e arranjos, desde 2009, e em set/11 resolveram abrir o jogo com o mundo.
Numa entrevista coletiva falaram da banda, do disco que vai sair e da primeira música de trabalho, Miracle Worker.
Estou seguro de que coisas muito boas estão por vir, pois essa reunião nada informal de músicos de altíssimo calibre está cercada de muito profissionalismo e produção séria.
Muito mais do que música de qualidade, também se trata de dinheiro.

Não sei ao certo como os egos inflados serão administrados.  O que sei é que já estou à procura do disco, para ouvir em casa, com calma, pensando na Joss Stone e naquelas pernas lindas e branquinhas que ela tem.
E se o famoso Don Juan de alcova, Mr. Jagger, encostar um dedo nela, há de se ver comigo !
GM

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Eram os deuses astronautas ?


A teoria dos astronautas antigos não é de autoria do escritor suíço Erich Von Daniken.

Na verdade, o livro, e mais tarde o filme, "Eram os Deuses Astronautas ?" pode até ter servido de base para a concepção da teoria, mas não há aí, relação autoral.

Então, por que ler Erich Von Daniken, 43 anos após o lançamento de seu livro ?

Fiz a primeira leitura desta obra, que classifico como jornalismo fantástico, por volta de 1985, como parte integrante de uma pesquisa de ciências.

Não me apaixonei pelo tema e nem me tornei ufólogo, mas achei muito curiosa e minuciosa a pesquisa do autor, que correlaciona e acha alinhamentos entre as pirâmides do Egito, as linhas de Nazca e os moais da Ilha da Páscoa.

Tudo com muita lógica e alguma cientificidade.

Ontem caiu em minhas mãos um resumo do livro, no formato apostila e não resisti a uma releitura rapidinha.

O livro continua misterioso e cativante, justamente por misturar jornalismo, com crença no pouco provável.

E dessa mistura nasceu um relato dinâmico e forte, que continua originando até hoje algum debate e emoção, tanto ao leigo como ao acadêmico.

Recomendo.

GM

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Legião Urbana 2


A santíssima trindade do rock brasil dos anos 80 foram os discos Cabeça Dinossauro, dos Titãs, Maior Abandonado, do Barão vermelho e o álbum Dois, da Legião Urbana.

O sucesso de público e crítica do primeiro disco da Legião, fez com que em determinado momento Renato, Marcelo, Dado e Negrete (ainda como baixista da banda) pensassem em lançar um disco duplo, cujo título seria Mitologia e Intuição.

Naquelas épocas, álbum duplo ainda era uma coisa distante, técnica e economicamente.  Logo, abandonaram a idéia.

O álbum Dois da Legião surgiu para consolidar a vocação musical dos garotos de Brasília e trouxe alguns dos hits mais importantes da recente história da música pop no Brasil.

Certamente já ouvimos as músicas Quase Sem Querer, Eduardo e Mõnica e Tempo Perdido, algumas milhares de vezes.

E gostaria muito de poder ouvir outras tantas.

Da discografia da banda este é o disco que mais me agrada.

Daí, portanto, a recomendação.

GM