sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A incrível saga do Angu do Gomes

 
 
Esta saga apesar de carioca, não é exclusividade Fluminense. Trata-se de uma saga gastronômica e de uma estória de muita luta.
 
Entre as décadas de 60 e 90, as noites e madrugadas cariocas eram regadas a muita agitação e descontração.  O carioca estava aprendendo a curtir a noite, muito antes da palavra "embalo" ser substituída pela corruptela "balada".  Tudo era festa, sol, praia, as boates da zona sul, os bailes da Pavuna e o angu do Gomes.
 
Pra situar um pouco mais aqueles que não tiveram o privilégio de viver no Rio nesta época, eu diria que o angu do Gomes está para o fim de noite, assim como a lanchonete Estadão de São Paulo ou o Bate-Papinho de Campinas, estão para a madrugada paulicéia e interiorana, respectivamente.
 
O angu do Gomes era o regalo final dos bêbados e equilibristas. 
 
Depois de muita cerveja, vermute, conhaque e batidas coloridas, o consolo final se dava mesmo num profundo, quente, recheado e metálico prato de angu.
 
O angu do Gomes.
 
A receita, dizem, era de Manoel Gomes, pai de João Gomes, a quem coube dominar a técnica e expandir o negócio.  Diz ainda a lenda, que no auge do negócio, em meados de 1980, eles chegaram a ter mais de 500 quiosques de angu espalhados do Leme ao Pontal. 
 
Isto sem contar o célebre restaurante Galeto 183, no Centro do Rio, que durante muito tempo foi reduto dileto e predileto do clã Gomes.
 
Funcionava mais ou menos assim: toda a energia gasta com a dança, o canto, o sexo e a metabolização do álcool ingerido, era reposta através de  porções generosas do angu do Gomes.
 
Nossa juventude era um grande prato de angu !
 
Famosos (como Tom Jobim, Ruy Castro e Evandro Mesquita) e anônimos como eu e minha turma de pobres felizes, frequentavam assíduamente os quiosques do Gomes, em busca da fiel reparação e recuperação da vitalidade.
 
Depois era só recomeçar, tudo de novo.
 
O negócio prosperou e em 77, um restaurante foi inaugurado como base dos quiosques. Mas na década de 1980, a crise e o advento das redes de fast food trouxeram grande impacto ao negócio.
 
O carioca, que já conhecia o Bob´s, se rendeu às cores do McDonald's.  O angu ficou no prato.
 
Em 1995, o angu do Gomes fechou as portas e recolheu os pratos.
 
Um infarto fulminante, aos 77 anos, levou João para as cozinhas do paraíso. Pobre, esquecido e endividado.
 
Ainda nos anos 90 um neto e alguns amigos tentam reinaugurar  o negócio, reabrindo o restaurante da Praça Mauá.
 
A receita, dizem, era a mesma, mas todos nós já tinhamos passado do ponto.
 
Melhor guardar na memória.
 
GM
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Miguel de Cervantes Diria Que...

"Deus tolera os maus, mas não por muito tempo."

E eu sou forçado a dizer que nosso mundo foi invadido por pessoas sem caráter, sem escrúpulos e sem ética.

Essa gente pequena está assistindo demais a séries de TV, aonde invariavelmente a vida humana não vale um sopro.

Não muito tempo atrás, antes de tomarmos uma decisão que pudesse deixar alguém em risco, perigo ou mesmo numa posição desconfortável, pensávamos duas, tres, quatro vezes e se ainda assim, a decisão tivesse que ser tomada, passaríamos várias noites intranquilas em remorso e desequilíbrio.

Nossa geração tem (ou tinha) empatia.

Hoje, assistimos todos os dias pessoas sendo aniquiladas, enganadas, desrespeitadas por uma geração de jovens que não entende o significado da palavra escrúpulo.

O lema dos dias atuais é "antes ele do que eu".  Ou ainda: "está entrando água no 'seu' lado da canoa".

A esse povo falta entender o bumerangue que a vida é, e que canoas afundam como um todo.

A essa gente falta ler e entender o que Cervantes dizia, sobre a honra de sermos homens e de criarmos nossos filhos como homens, não como animais.

GM

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Antes tarde do que nunca...

Presságio:

Quando as nuvens negras se movem sem vento e bloqueiam a passagem de toda a luz.

Andança:

Quando os ventos se movem em espirais à sua volta, levando embora todo o oxigênio, pela ação do vácuo de mentes mesquinhas.

Constatação:

A desilusão é apenas mais uma visita da verdade.  É bom saber aproveitar !

Quæ Sera Tamen !!

E vamos em frente !

GM

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Segunda Guerra Mundial sob uma nova perspectiva

 
Uma das maiores, senão a maior, tragédia da humanidade.  O flagelo da ignorância bélica. 

A Segunda Grande Guerra Mundial.

Numa coleção de 18 DVD´s, a série "Battlefield" mostra e revive a dureza e frieza do maior conflito armado de nossa história.

Cenas reais, áudio original, fotografia direta, fatores que fazem deste documentário um dos mais sérios já editados sobre o tema.

O foco são as batalhas.  Épicas, sangrentas e decisivas batalhas, que marcaram o lento avanço dos aliados, contra as forças do eixo Berlin-Roma-Tóquio.

Se você gosta de história, recomendo.  Se você se interessa por questões militares e geo-política, recomendo.

E se você apenas se interessa pelo passado, como fonte reveladora de um possível futuro, recomendo muito !!

GM



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Muito mais do que o rei do baião

Luiz Gonzaga foi um gênio musical.

Sua importância  e contribuição para a música do século XX vai muito além da criação e popularização de gêneros como o baião. o xote e o xaxado.

Dono de um ritmo único, uma forma de dividir inigualável e de uma criatividade musical intuitiva sem par, Luiz Gonzaga se perfila ao lado de gênios como Louis Armstrong, Tom Jobim e Frank Sinatra.

Além de sua contribuição para a música, Gonzagão também inspira por sua estória de vida, vítórias sobre as dificuldades e força extrema de seu positivismo e sorriso largo.

Com certeza, um cabra pra lá de iluminado.

GM

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

No dia em que Niemeyer arredondou uma mesa de carteado

Neste dia inesquecível estavam, lá no céu dos justos e inteligentes, Chico Anysio, Millôr Fernandes e Joelmir Beting se divertindo às custas de uma jogatina pacífica e sonolenta.

Era um misto de bacará com sueca, típico jogo das noites de beco da Lapa.

Ocorre que estavam em três, e jogatina de cartas se calha melhor com quatro na linha.  Quatro na linha e nenhum no gol, pois craque feito nas letras e nas ruas, que se preze, só joga no ataque.

O estranho é que a mesa que dividia e juntava ao mesmo tempo os tres desencarnados amigos era pontuda.  Pontuda, bicuda, sisuda e triangular.  A pobre coitada, provavelmente, nunca fôra levada a passear uns dias em Brasília, posto que se tivesse ido, voltaria redonda.

Niemeyer foi então se achegando de mansinho.  Com passos lentos e precisos, marcados na cadência de respeitáveis 104 primaveras, encostou no ombro de Millôr, que assobiou em resposta:

- Demorou, meu velho !  E logo agora que eu estava ganhando !  Trouxe o projeto ?

Do bolso de sua túnica branca, única e radiante, tirou um arrazoado de idéias gentis, traduzidas em traços leves e equilibrados.  Tal qual a mãe natureza faria.

- É esse o projeto ?  Foi o Oscar que o fez ? Desdenhou o velho Beting, com ares de provocação inteligente.

- Fiz não...só estava no meu bolso.

Uma resposta proferida em meia boca e com palavras inteiras.

O projeto foi para a mesa, e a mesa ficou redonda.  Os traços do paraíso também se arredondaram.  E assim como na Terra, esse paraíso nunca mais foi o mesmo.  Ficou muito melhor, como melhor também seria uma Brasília desabitada de políticos corruptos.

Nosso planeta era diferente antes da passagem de Niemeyer.  Era mais feio, mais duro e mais frio.

O velho Oscar arredondou nossas vidas, e construiu a mais importante obra arquitetônica da história de nosso mundinho pequeno.

Lá em cima, a velha mesa de carteado, agora suave, equilibrada, ousada e perfeita, agradou a todos.

Exceto ao velho Millôr, que é muito mau humorado.

Pergunte ao Jaguar.

GM

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O verdadeiro sentido das coisas

E no final, quando uma turba de minhocas estiverem metabolizando todos os seus carboidratos e todas as suas fibras calcificadas, as únicas coisas que terão valido à pena, são as horas que você passou brincando com seu filho,  as noites em que fez amor com sua mulher, os amigos que você soube abraçar, a família que você ousou aproximar, a música que você  se permitiu ouvir, os filmes em que você se deixou chorar, a saúde que você conseguiu dar e as viagens que fizeram parte disso tudo.

O resto, é dinheiro.  E o dinheiro apenas troca de mãos.

O tempo todo.

GM

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

E Deus criou o rock and roll...


 

Este artigo não é acadêmico.

E nem é também obra de um profissional em história da música, ou mesmo de um especialista em comportamento.  Trata-se apenas de um texto meu, sobre um tema que me agrada e que resolvi dividir e compartilhar com vocês, amigos, que fazem uma leitura paciente das ideias simples que publico no blog.

O tema de hoje é complexo, apesar de simples.

Falar da origem do rock and roll, é uma tarefa que requer alguns cuidados.  Isto porque o tema é de domínio de todos.  Todo mundo entende, ouve, ouviu, gosta ou gostou de rock and roll.  E também por que o rock é uma coisa velha, graças à Deus.

Velha na origem, que remonta aos idos de 1910 e velha na execução, que mantém a mesma base harmônica e melódica desde 1956, também graças à Deus.

Então quando falamos de uma área do comportamento e da arte que existe há muito tempo e também é, digamos, de domínio público, há de se ter cuidado.

Todo mundo é dono do rock and roll e quase todo mundo se identifica com um cantor, guitarrista ou banda de rock and roll.

Portanto, olho vivo e faro fino.

O rock, enquanto gênero musical, não foi inventado por ninguém.  Não foi o DJ Alan Freed que inventou o gênero.  Ele pode no máximo ter popularizado a expressão “rock and roll” em 1951, reforçando, apenas, uma energia que já habitava as ruas e algumas pistas de dança.

Também o rock não foi invenção de Elvis, Little Richards ou Chuck Berry.   Estes com certeza estruturaram a coisa e edificaram a imagem.  Mas não inventaram o gênero.

De fato, em minha opinião, o rock and roll apenas aconteceu.  O motor deste acontecimento foi mesmo o comportamento dos jovens.  Havia na década de 1950 toda uma geração que represava seus pensamentos, instintos e desejos.  Havia um autoritarismo exacerbado por parte das famílias patriarcais americanas e havia também muito conflito social e racial.

O cenário era perfeito para que uma mudança ocorresse.  Uma mudança só ocorre quando um cenário qualquer está tão tenso e tão desgastado que não há outra saída além da ruptura.

O rock foi isso.  Uma ruptura comportamental e artística baseada em poucos acordes e muita atitude.

Esta estória, antes de virar história, começou com a música que veio do sul dos Estados Unidos.  Naqueles tempos, provavelmente da década de 20 à década de 50, existiam alguns gêneros, por assim dizer, musicais que ficaram conhecidos como os “pais” do rock na roll.

Das igrejas e da fé negra veio a “spiritual music”.  Mãe e pai do “gospel music” e que habitava lares, igrejas e o cotidiano de uma gente simples que gostava de cantar enquanto trabalhava.

Das colheitas de algodão veio o Blues.  Uma triste e reconfortante música que servia de alento para jornadas diárias de mais de 18 horas de trabalho e que também acalentava a alma de bêbados criativos que se reuniam em bares “honky tonky”, para fazer música e beber whisky de milho, do bom e barato.

O termo “honky tonky” servia para cunhar, além dos bares sujinhos da época, também os trens que faziam a ligação entre as cidades do sul e Chicago e também as festas “rent honky party”, aonde músicos viajantes tocavam a noite inteira em pensões e albergues, para atrair gente que dançava o “booogie-woogie” e bebia um Bourbon pobre e gostoso.

Era a única forma que músicos com muito talento e pouco dinheiro encontravam para pagar suas estadias e alguma comida que sobrasse.

Há ainda outro importante componente musical no contexto daquilo que se pode chamar de criação do rock and roll.  Das festas de rancharias e fazendas de gado, com um sotaque típico de cowboys e matutos, veio a música country, também conhecida como country and western.

Com uma base harmônica mais desenvolvida e com uma melodia mais alegre, o country teria um papel importante na miscigenação musical que daria origem ao rock.

Então temos um cenário musical que pode ser resumido mais ou menos assim:

a.       Spiritual music e Gospel Music – Harmonias vocais e elementos percussivos;

b.      Blues – Guitarra acústica e uso de escalas cromáticas;

c.       Country – Harmonização mais complexa com melodias mais alegres.

Essa combinação foi sendo feita aos poucos.  O novo gênero foi sendo construído com base em contribuições populares, de festejos, de encontros de jovens e através das viagens que os músicos faziam entre as cidades novas que iam surgindo no sul americano, a partir do Delta do Mississipi em direção ao norte, em direção a cidades como, talvez, Chicago.
O rock seria então um filho de três pais.

Na música spiritual e gospel uma grande influência foi a cantora Mahalia Jackson, que já na década de 20 e 30 foi a principal voz do gênero. 

O bluesman Robert Johnson e, mais tarde, Muddy Watters, também foram grandes influenciadores e no country, a principal referência foi Hank Williams.

Quando Elvis aconteceu em 1956 e, junto com ele, outros nomes importantes, as bases do rock já estavam sedimentadas e já eram do conhecimento de muita gente.

Elvis, Chuck, Richards, Jerry e muitos outros ajudaram a estruturar, dar forma, dar imagem e a popularizar o gênero.

A criação foi obra de Deus.
GM
 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Joelmir Beting e as lacunas que ficaram...


Foi-se o velho Beting.

E de tão novo que foi-se, deixou em orfanato as mentes dos poucos que sabem ler. 

Estas mentes não tiveram tempo para uma preparação maior.  Ele apenas se foi, sem avisar previamente.  E assim ficamos, pela terceira vez este ano, relegados ao orfanato das palavras.

Primeiro Chico Anysio.  Depois Millôr Fernandes.  Agora o velho Beting.

Felizes os anjos que finalmente terão mais luzes a conversar.  Infelizes os que ficam, cada vez mais, com menos linhas para ler e entender.

Joelmir Beting, o inventor da inteligência no jornalismo (e também do gol de placa) segue agora outros rumos, certo de estar cumprida sua missão terrena e concreta.

Por aqui ficamos nós, buscando mais enredos e abrindo espaço para outros que possam deslacunar a leitura.

Tomara que venham logo, pois nosso povo se imbeciliza mais, a cada dia.

GM

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Chico, a censura e o disco da samambaia


Na verdade o disco se chama Chico Buarque, 1978.

O Chico posou sorridente e o click do fotógrafo captou uma imagem juvenil.  Um Chico de sorriso torto para a direita, com cabelo curto, estilo Zeca Pagodinho e com uma grande samambaia ao fundo.

Lenda urbana instantânea, virou o "disco da samambaia". 

Favor não confundir com  "disco da mulher samambaia"...tomara Deus que ela não o tenha  gravado.

Este trabalho de Chico é indispensável por 03 razões básicas:

1. É um trabalho que apresenta um artista mais maduro e mais flexível;
2. Apresenta e abre portas às vozes de Elba Ramalho e Zizi Possi; e,
3. Produz um dos mais importantes hinos contra a ditadura militar, na canção "Apesar de Você".

São tres motivos poderosos para qualquer mortal pagão dedicar uns 90 minutos à audição do disco.

Em especial pela canção "Apesar de Você", que de forma mágica e inexplicável passou pela censura da época e rapidamente invadiu bares, lares, mares e mentes de toda uma juventude, que ansiava por uma voz a mais, na luta contra os coturnos da caserna.

Existe uma canção de Chico chamada "Jorge Maravilha", que não está neste disco, e que tem um verso muito emblemático desta questão da censura.  Diz assim:

"...e como já dizia Jorge Maravilha, prenhe de razão: mais vale uma filha nas mãos, do que dois pais sobrevoando !  Você não gosta de mim, mas sua filha gosta..."

Diz a lenda que a "filha" destes versos era a filha do General Geisel, antecessor do General Figueiredo, e que ela, vez ou outra, interferia na censura para algumas músicas de Chico "passarem" desapercebidas aos olhos duros de censores de mentes duras e caras duras.

Provavelmente ela fez isto com o samba-hino "Apesar de Você", mas esta informação carece de fontes oficiais, certamente censuradas, todas.

Mas a música seguiu em frente seu caminho e atravessou anos e gerações, se mantendo atual, atemporal e descolada.

Apesar deles.

GM


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Apenas uma frase...

"E que não me faltem forças para seguir em frente, sempre, mesmo que o caminho se mostre tortuoso, íngreme e extenuante.  E que muitos amigos estejam comigo, e que pelo menos em um deles, eu possa confiar cegamente.  Que não me falte a coragem e a decisão para afastar do caminho os canalhas, os mentirosos, os preconceituosos e aqueles que não tem caráter e praticam a covardia.  E que eu possa mesmo, ao final do caminho, poder olhar para trás e mandar todos eles, juntos, para o inferno !"

Frase de um anônimo qualquer, mas, como diria Jorge Maravilha, "...prenhe de razão..."
 
 
GM

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Além da Linha Vermelha

Um elenco com Sean Penn, Jim Caviezel, Nick Nolte, John Cusack, Ben Chaplin, Adrien Brody, John Travolta, George Clooney e Jared Leto já bastaria para chamar alguma atenção.

Não bastando isto, o diretor Terrence Malick em seu filme "Além da Linha Vermelha" de 1999, desconstrói todas as bases criadas em volta de temas e roteiros sobre filmes de guerra.

Na verdade, não se trata de mais um filme sobre guerra.   A batalha de Guadalcanal e a segunda guerra mundial são apenas cenário  e cena para este grandioso filme.

Talvez inspirado em "Apocalypse Now", este belíssimo filme de 13 anos atrás é mais atual do que nunca.  Retrata a emoção da solidão em meio a um conflito, a dor da ausência de tudo e a beleza da bravura humana.

A fotografia é única e o ritimo de filmagem é alucinante.

Não se trata de EUA contra o Japão.  Ma sim do homem contra ele mesmo.  Como sempre.

Recomendo.

GM

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Idéais para um feriado chuvoso e frio

Nem sempre a praia e os calores do litoral são as melhores opções para um relaxamento total e um merecido descanso.
 
É sabido por todos que, nós, brasileiros tropicalistas na gênese e na alma, temos larga preferência pelas cores e bundas de nossas areias escaldantes litorâneas.  Mas isto não é tudo, nem as areias e nem as bundas, quando o assunto é o ócio criativo.
 
Esta discussão se torna ainda mais relevante quando temos pela frente um feriado chuvoso, cinza, molhado, frio e londrino.
 
É nestas horas, e sobretudo nestes feriados, que algumas opções diferentes precisam ser consideradas.  Por exemplo, agora mesmo, que teremos alguns dias de paradeira geral em função de dois feriados, precisamos avaliar estas opções.

O máximo que eu posso fazer aqui, é adiantar ao amigo leitor o que vai acontecer na minha agenda e torcer para que sirva de alguma valia, a você que lê este post:
 
Família e amigos:
 
Sempre.  Reunir família e amigos, sem grande preparação ou cerimônia.  Apenas uma carne gostosa na churrasqueira.  Um tinto justo aberto sobre à mesa.  Uma salada bem temperada.   Algumas cervejas e caipiras.  Uns bons discos para emoldurar.  E está feita a festa. 
Longe da confusão dos carros que se apertam entre as ruas estreitas das praias.  Longe das filas nos bares e restaurantes.
Uma solução caseira e que vai ficar na memória das boas fotos que você vai tirar e guardar para sempre.
 
Comida e cinema:
 
Um arroz bem refogado ganha ares de risoto quando mais duas ou tres pessoas estão juntas, ao lado do fogão, lembrando estórias engraçadas ou simplesmente filosofando sobre o nada.
Dois ou tres filmes combinam bem com o friozinho que a chuva traz e com cobertores quentinhos para os pés.
Um conhaque aquece a alma.  Um tinto brinda uma relação.  Assim mesmo, simples e acessível.

Música e conversa:

No mundo das mensagens de texto e da distância física, simplesmente colocar a conversa em dia pode ser uma opção emocionante.  Desde que haja verdade e que a conversa seja interessante, ao invés de interessada.
E a música não poderia faltar.  Achar uma trilha que combine com um feriado frio e cinza é tarefa simples e divertida.  MPB, jazz, rock do bom, pop do bom, blues, bossa nova...a lista seria muito grande para ser reproduzida aqui.
Eu já separei os meus discos para este feriado.  Começo com Beatles, passo por Milton e Flávio Venturini e termino com Ray Charles, Paul Simon e Chico Buarque.

Acho que meus amigos não vão reclamar muito não.

Bom feriado chuvoso a todos  !

GM

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

David Bowie e meu filho Victor


Essa estória eu precisava contar.

Sábado.  Sábado à tarde.  Precisava instalar o novo computador no escritório.  Checando os fios e periféricos que vieram no pacote, percebi que a tomada elétrica do carregador da bateria era daquelas moderninhas, já com três entradas desalinhadas.

Todas as tomadas de minha casa estão no padrão antigo.  Precisava então de um adaptador.

Peguei o carro e corri no Centro da cidade.  De chinelo e camiseta branca entrei numa simpática lojinha de materiais elétricos e expliquei minha situaçao ao vendedor.

Enquanto aguardava pela solução, fui até a calçada da loja e fiquei inspecionando a paisagem.

Em frente à loja há uma lava-jato, desses que deixam seu carro limpinho em poucos minutos.  Logo em frente duas meninas de 13, talvez 14 anos, ouviam e dançavam ao som de uma música truculenta que identifiquei como funk.  

Ou pseudo-funk.

As meninas estavam com pouca roupa e esbanjando uma sensualidade não adequada para a idade delas.  Eram crianças bricando de uma forma indevida.

Se fossem minhas filhas não estariam alí.  Mas estavam.  E logo em frente, num boteco de esquina, alguns marmanjos na faixa dos 30 anos apreciavam a cena e incentivavam o rebolado.

Um senhor de certa idade se aproximou das meninas e, indignado, alertou, chamou à atenção, brigou, mas não adiantou.  Elas continuaram com a brincadeira perigosa.

Uma delas, a menor, quando questionada pelo senhor, preocupado sobre a música horrível e a dança inadequada, ouviu:

- Tio, agente não está ouvindo música não, 'tamo só mexendo a bunda !

Gargalhadas e mais rebolado.  Os caras do bar cada vez mais atentos.  Isto não poderia dar certo.

Enquanto o vendedor finalizava minha compra, observei que, do outro lado da rua, surgiu uma senhora com uma vassoura na mão e, na base da vassourada,  acabou  com aquela festa sexista e ousada.

Era a mãe preocupada e decidida.  Os marmanjos reclamaram o fim do showzinho.

Se fossem minhas filhas, provavelmente minhas mãos estariam arrebentando os dentes daqueles sujeitos.  Mas não eram.

Este é o efeito da música ruim, sem propósito, sem harmonia que hoje só gera sexismo e violência.

Funk, axé, nazi-punk, sou contra todas elas. De verdade e radicalmente.

Voltei pra casa.  Finalizei a instalação do computador novo e deixei no modo reprodução de CD´s, ouvindo uma coletânea dos anos 70.

Meu filho estava perto, dedicado ao seu vídeo game favorito, ouvindo também, perguntou:

- Que música é essa, pai ?

Estava tocando "Heroes", música de David Bowie e Brian Eno (o inventor da lounge music) de 1977.

Expliquei quem e o que era David Bowie e sua importância para a estruturação do pop saudável.  Conversamos mais e ao final já estávamos trocando idéias sobre "Blonde", "Iggy Pop" e a banda brasileira "Made in Brazil".

Quando ele me disse que queria ouvir mais David Bowie, não perdi tempo.  Espetei o vinil "Changesbowie", uma coletânea aveludada que dá uma ótima leitura sobre o som de Bowie.

Escutamos em silêncio duas ou tres faixas.

Ao final ele me pediu para tirar o som.  Disse que não era bonito, mas era diferente e curioso.  Um som que ele não tinha ouvido ainda, nada parecido.

De fato David Bowie é isso.  Um artista nada parecido com nada.  Sem molduras.  Seu som é próprio.

Meu filho ouve música atual.  Gosta de Beatles e ouve muito Guns e Led.  Mas também se devota ao McFly e ao Arcade Fire.

Tudo bem.

Só o fato de curtir com ele alguns minutos do som lendário de David Bowie, valeu à pena.

´- Ô pai, se tiver mais alguma coisa diferente, depois a gente ouve...

Já estou limpando o disco "77" do Talking Heads. 

Deixa comigo.

GM

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Solar da Fossa


Num tempo em que no Botafogo, um charmoso bairro do Rio, ainda não existiam o Canecão e o shopping Rio-Sul, havia por alí um antigo casarão, nas mesmas paragens, que abrigou entre 1964 e 1972, o fino da intelectualidade e rebeldia do Brasil.

E naqueles tempos, de chumbo, intelectualidade e rebeldia podiam ser sinônimos de cadeia. 

Hoje, para prerservar esta memória há um livro que retrata bem este tema.

O "Solar da Fossa" que Caetano pintou em cores bonitas na música tropicalista, abrigou feras como Zé Kéti, Paulinho da Viola, Paulo Diniz, Gil, Gal, Paulo Coelho entre tantos outros anônimos que por ali se instalaram, agora está retratado em um belo livro.

O livro "O Solar da Fossa..." do jornalista Toninho Vaz, que recomendo especialmente para quem gosta de música, sobretudo a brasileira e também de história, sobretudo, a política.

Vale à pena se deixar levar pelas estórias deliciosas do livro, e apreciar fotos e imagens de uma época romantica de um Rio que passou e que não existe mais.

Mas ainda ecoa nos versos e nas músicas de alguns malucos geniais.

GM


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A frase que encerra o mês...

Do fundo do meu coração, com toda a verdade das minhas células e sem uma única miserável gota de remorso, digo e repito enquanto houver e couber ar nos meus pulmões:

Que caiam todos os raios e abalos elétricos no congresso nacional !

Que todos os elefantes de Aníbal pisoteiem os congressistas !

Que toda chama purificadora que arder em Nero carbonize deputados e senadores corruptos !

E que, com muita sinceridade e fé, possam todos, de uma única vez, ir para os quintos dos infernos !!!!

Odeio político corrupto !

GM

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Vai Passar, graças à Deus !

Pragas recorrentes.

Pestes que ocorrem no mundo todo e também aqui, em Pindorama.

Eu me lembro de  várias delas.

Que tal começarmos com o "Harmony Cats", quinteto vocal fundado em 1976, liderado por Maria Mália Manso e que era especializado em gravar versões em inglês dos sucessos brazucas da época.

Esta corruptela musical daria origem a alguns descendentes posudos, como "A Patotinha" de 1979, grupo vocal infantil que gravou pela RCA e fazia apresentações de patins.  A atual apresentadora Eliana, foi integrante do grupo, que misturava mímica com música.

Às vezes mais mímica do que música.

Nesta mesma esteira enferrujada desfilaram ainda algumas criaturas estranhas, como o "Trio Los Angeles", formado por um cantor (?) e duas bailarinas e que gravou até 2006 (!!!); o "Genghis Khan", grupo de canto e dança, fundado por um argentino (seria, Jorge Danel ?) e que ainda não se sabe exatamente o que cantava ou o que dançava.

Entre outros, segue o féretro.

Num repente, doído, mas ainda um repente, desembarcam no Brasil e no mundo algumas criaturinhas porto-riquenhas pulantes chamadas de "Menudos". 

Jesus !!!

E junto vieram "Polegar", "Dominó" e "Tremendo".  Dois brazucas e um argentino.

E quando estávamos a beira de um ataque de nervos, entrando em fosso abissal, surgem, de uma só vez, o  "The New Kids On The Block" cantando  "...step by step...uhhhh baby..."  e o "New Edition", cantando "Candy Girl".

Desconjuro, pé-de-pato, mangalô....três vezes !!!

Se na época eu tivesse idade, teria esgotado a quota de Lexotan com whisky paraguaio de todo o mundo.  Era muita dor de cabeça e nenhuma música que valesse algo !

O tempo passou, mas eis que hoje na calada do dia, aparece do alto dos cárpatos um novo epitáfio para a música, atendendo pelo nome de "One Direction".

Cinco criaturinhas sem talento e com muita produção.  Uma mistura de "Patotinhas" com "New Kids On The Block", fazendo uma música "pra'tontinhos" ouvirem.

Um atrevimento bossal que a mídia vai se encarregar de fazer a devida e correta autofagia.

Sim,vai passar, graças à Deus !

GM

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Por que o maguebeat não floresceu



Chico Science era maior do que o movimento.

Quando Marcelo D2 resolveu voltar ao Hemp, justamente num show em Recife, não estava de olho no movimento natimorto do manguebeat.

Estava de olho no cachê, assim como eu estaria.

O manguebeat tinha algo de incomum, a mais mesmo, do que uma simples batida tecno.

Tinha sanfona, triangulo e zabumba.  Tinha chocalho, alparcata e parrachachá.  Mesmo que seus integrantes não soubessem disso.

Lenine sabe.  Pergunte a ele.

A partida repentina de Chicão não selou o movimento, por que, como tal, ele nunca existiu.

Mas, quanto a  sanfona, ao triangulo e à zabumba, estes continuam bem, obrigado, graças a ninguém mais.

Pergunte ao Gonzaga, ele sabe.

GM

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quando temos a certeza de que a música foi feita para se ouvir...apenas para se ouvir !


Hoje ouvi um funk carioca e detestei muitíssimo.

E olha que não estou aqui negando minhas origens fluminenses. 

Como carioca que sou, ouvi muito funk em minha adolescência, nas batidas da "Furacão 2000" de Messiê Limá, o DJ da época (o termo MC ainda não havia sido cunhado naquela época).

As pistas do TCM de Mesquita, e as vezes, do Ideal de Olinda ou do Nilopolitano, testemunharam muita rebolada funkeira de minha parte.

Isto, nos idos de 1985 e 1986.  Um tempo que ficou pra trás junto com aquele funk romantizado.

Era uma música interessante.  Mix de James Brown com Afrika Bambaataa.  Kool and the Gang com Earth, Wind and Fire.  Uma música extremamente dançante e animada.

Era o que se chamava funk, naqueles tempos.

Mas, hoje, ouvi um funk carioca. 

Imediatamente senti náusea pela letra.  Raiva pela batida.  Desprezo pelo intérprete (?) e tristeza pelo que fizeram com o funk.

Esse movimento, dito funkeiro, começou com as festas juninas de rua da baixada fluminense, se espalhou pelas comunidades e alcançou as pistas de dança de alguns endereços chics.

Nada contra.  Mas nada à favor também.

Esta pequena amostra funkeira de hoje, me fez ter a certeza de que a boa música precisa ser mais acessível, menos idílica e que os nossos ouvidos precisam de mais respeito.

Música é para se ouvir !

GM

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mais de mil tons, nas Gerais !

Não sei se foi uma grande coincidência, talvez.

Em BH, respirando ares mineiros e comendo pão de queijo, já na saída do hotel para mais um dia de trabalho, ouvi ao longe melodia conhecida.

Era "Maria, Maria" na voz de Milton Nascimento.

Na hora do almoço, em boa compania de prato e de gente, numa conversa tranquila, ouvimos ao lado outra canção conhecida.

Era "Cais", na voz do mesmo homem.

Então à noite, tonto de cansaço, subi ao quarto para mais uma noite de cama dura.  Para minha não surpresa, no alto falante do elevador, pude ouvir um boa noite suave: era "João e Maria", na mesma voz negra e bela.

Não é à toa e nem repente, mas olhando a liga das primeiras sílabas do nome de Milton Nascimento vejo a tradução de Mi...Nas.

Talvez seja coincidência, talvez não.

GM

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O resultado da soma:155 anos de boa música ! Todas juntas e misturadas !

Juro que eu não consegui pensar num título melhor para este post.

Acredite.  Esta foi a melhor opção.

Pensei e repensei tanto, que achei melhor publicar com este título mesmo.  Caso contrário, com um pouco mais de preguiça, o título poderia ser:

Quando "Love Me Do" faz 50 anos, é sinal de que "Kool and the Gang" também o faz.  Quando  "Everybody" faz 30 anos, é sinal de que o "Cabeça Dinossauro", completou 25. 

Eu sei.  Ridículo.

Por isso optei pela charada matemática, tão ridícula quanto, mas ainda matemática.

155 anos é a soma perfeita !  Não é nenhum googleplex, mas ainda sim é um belo número.

Primeiro, "Love Me Do", que fez 50 anos de gravação na semana passada.  O primeiro single e primeiro hit (na verdade, hit 17) da maior banda de música popular de todos os tempos.

Gravada com Andy White (aquele que foi, sem nunca ter sido) na bateria e acompanhada por Ringo Starr na percussão.  Composição do jovem Paul de 16 anos que foi arranjada por John e por George Martin.

Linda !

Depois, "Kool and the Gang".  Banda de R & B, funk, jazz e fusion criada em 1962 pelo baixista Robert "Kool" Bell, mas que começou a fazer sucesso mesmo a partir de 1964.

Um som da pesada. Dançante.  Vibrante.  De alta qualidade instrumental e vocal.  Se você gosta do gênio Tim Maia, deveria ouvir "Kool and the Gang".  Pelo menos uma vez.

Únicos.

Caminhando um pouco mais encontramos uma loura, falsa, magrela, linda e talentosa cantora de nome italiano: Madonna.

Ela estaria provavelmente tentando convencer algum DJ de NY a tocar sua demo de "Everybody".  Insistindo muito e talvez até fazendo alguns favores rápidos e fora de hora.

Tudo pela música !

O esforço valeu à pena.  "Everybody"  se tornou um hit instantâneo em 1982 e Madonna se tornou o que é.

Ainda que eu nunca tenha escutado um único disco inteiro dela.

Necessária !

E finalmente o melhor.  O melhor e mais esteta disco de pop-rock já lançado e ouvido na América Latina, que Santana me perdoe.

"Cabeça Dinossauro" é muito, muito mais do que o encontro dos "Titãs" com a sua própria verdade.  "Cabeça Dinossauro" é a libertação sonora e audível da história recente do rock mundial.

Habemus brasilis.

Titanicos !

Ouça tudo de uma vez !  O que não mata, engorda !

GM










quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Eis que James Bond faz 50 anos !


Assistir a um filme do agente 007, aquele que tem permissão para matar, era (e ainda é) um acontecimento.

Não importava se era um filme em reprise, na TV.  Não importava se era um lançamento imponente no Odeon da Cinelândia.

Assistir a um filme de James Bond era uma atividade que requeria toda uma preparação.  Sempre havia muita ansiedade e expectativa.

E não podia ser diferente !

Os filmes sempre eram perfeitos.  Cheios de cenas de ação, tecnologia, suspense, intriga.  Os roteiros eram sempre ligeiros.  A linguagem e a estética sempre acessível.

Isso para não falar das trilhas sonoras.  Verdadeiros espetáculos musicais com arranjos primorosos e grandes nomes do pop.

E além disso tudo...as Bondgirls!   Ah !  As Bondgirls...

Quem nunca sonhou com uma Ursula Andrews ?  Quem nunca desejou ter uma Jill St. John na cama ?  Quem nunca quis tomar uma ducha quente com uma Carole Bouquet ? 

Ou quem nunca imaginou nuazinha em pelo uma Diana Rigg ?

E quem nunca quis beijar até sufocar uma Jane Seymour ?  Ou abraçar até apertar uma Barbara Bach ? 

Ou mesmo fazer um cafuné numa Eva Green ?

A lista é longa.  Longa e deliciosa.

Desde 1962 ("007 Contra o Satânico Dr. No") que as Bongirls povoam o inconsciente coletivo de homens que, como eu, não tinham nada mais importante para fazer além de ficar babando à beleza dessas jovens atrizes e invejando a sorte de caras como Sean Connery e Roger Moore.

Um empreguinho desses eu não consigo !

GM



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Apenas outra constatação

A corrupção no Brasil funciona como sistema hidráulico de toda uma estrutura devidamente amarrada e emaranhada.

Ela lubrifica e protege suas engrenagens.

Sem ela a máquina para.

Triste e verdadeiro, como nosso país.

GM

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os 100 maiores brasileiros de todos os tempos


Uma lista.

Apenas uma lista.  Não é a lista oficial e também não é um documento formal, daqueles que tem catálogo de edição e arquivamento na Biblioteca Nacional.

Graças à Deus !

É apenas uma lista proposta pelo SBT, provavelmente sugerida por uma reunião de pauta ausente de conteúdo e infeliz de propósitos.

Uma lista estapafúrdia !  Ridícula, rizível, rasa, pequena e, pra dizer pouco, indigna.

Nesta lista dos "100 Maiores Brasileiros de Todos os Tempos" o povo vota.  Vota e desvota, seguindo seus credos e, principalmente, guiados pela influência dos meios que os cercam.  Neste caso, a TV. 

Uma TV de baixa qualidade, por sinal.  E não estou falando da qualidade técnica do sinal, por sinal.

Estou falando de uma TV que ninguém vê.

E é este público, desta TV que, democraticamente, escolheu os nomes daqueles que estarão presentes no panteão dos deuses dos brasilerios louváveis em todos os tempos.

Louváveis pela sua contribuição ao país ?  Veremos.

Pra começar a cantora Joelma (quem ?) está à frente de Chico Buarque.

Sim.  O autor dos versos: "...De que me vale esta bebida amarga, tragar a dor e engolir a labuta, mesmo calado o peito resta a cuca, silêncio na cidade não se escuta.  De que me vale ser filho da santa ?  Melhor seria ser filho da outra.  Outra realidade menos morta...tanta mentira, tanta força bruta...", e também autor da lírica poesia cantada em versos por ele e por Milton Nascimento ("Cálice"), foi vencido, derrotado e preterido por Joelma, a megastar do tecnobrega, cantora dos versos: "...Vem meu moreno, vem fazer chibum...Vem meu moreno, vem fazer chibum...Vem meu moreno, vem fazer chibum...bum...bum."

Silêncio sepulcral...só uns segundos, por favor.

Tudo bem.  Todos sabemos que sou muito afeito às coisas do Chico. 

Então vamos a um exemplo mais neutro: 

Cláudia Leite. 

Célebre imitadora de Ivete Sangalo, que por sua vez imita Daniela Mercury, que por sua vez imita Margareth Menezes (esta sim, que não imita ninguém), na listagem, Cláudia Leite está relacionada numa posição melhor do que Jorge Amado...!!!  Eu disse Jorge Amado, um dos maiores escritores em língua portuguesa, um dos intelectuais mais traduzidos do mundo, perde, na listagem, para Cláudia Leite.

Tristeza sem fim.  Meu fígado, em prantos de dor de corno, reclama uma latrina fétida para por fora, e adentro, todo vômito que couber no mundo !

Indignação !  Indigna nação !

Tem mais: Gugu Liberato x Monteiro Lobato.

Quem poderia imaginar uma comparação dessas ?

Mas, na listagem, ela existe e, pasmem todos e tudo, Monteiro Lobato perde !!

Um dos maiores escritores, pensadores e articuladores políticos do Brasil, é menos importante do que Gugu Liberato...pelo menos nesta lista idiota.

Um minuto de pausa para minha revolta, ampla, geral e irrestrita !

Esta iniciativa deste canal de TV foi, na minha modesta opinião, uma das maiores idiotices da história da humanidade.  Um tempo precioso perdido em nada !

Uma manifestação coletiva de histeria ignorante !  Um vácuo completo, escuro e gelado !

Por favor, parem com isso agora mesmo !

GM







quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dirigindo e pensando...

O gesto afoito traz à luz certas consequências.

Estas, por sua vez, vão dar origem ao gesto pensado, que invariávelmente é corretivo e tardio.

A desilusão é apenas a visita da verdade.

GM

sábado, 22 de setembro de 2012

Apenas Suzanne Vega, apenas.


Já disse e repito: o folk não é pop.

E o pop, bem, este às vezes, é prá lá de folk.  Depende da competência de quem o faz.

Suzanne Vega é daquelas mulheres que podem enlouquecer um homem.  Seu jeito de menina e seu olhar de puta, tiram o fôlego da alma do mais casto pagão.

Isto, pra não falar de sua música.

Suzanne Vega é daquelas mulheres que quando cantam congelam a cena e o cenário.  É uma artista maravilhosa.

Sua música inspira a minha imaginação e percepção auditiva, ao mesmo tempo.  E ao mesmo tempo em que a ouço, imagino cenas em que poderia devorá-la aos poucos, mastigando e engolindo cada pedacinho branco daquela pele lisa.

Suzanne Vega é uma grande mulher pequenina.

Achei discos que antes achava perdidos, e depressa espetei na agulha de minha velha pick-up. Me satisfiz com músicas belíssimas como "Luka" e "NY is a Woman".  Ouvi repetidas vezes, além do físico e aquém dela mesma.

Suzanne Vega é daquelas mulheres que nos dá vontade de pôr no colo.

Mesmo sob o risco de ouvir dela o quanto esse gesto é antigo e idiota. Como são antigos e idiotas os homens de minha geração.

Existem mulheres que não precisam de colo.  Só precisam ser devoradas.  Às vezes aos poucos, e às vezes de uma única vez. 

Eu gostaria de me engasgar com Suzzanne Vega na garganta.  E depois, só depois,  deixar rolar.  Acredito que seria bom, ou no mínimo, esquisito.

Mas como isso não será possível, e é sabido e aceito, me contento em ouvir suas lindas músicas pop com alma folk e negra.

Uma de suas letras mais autorais e das quais mais gosto diz assim: "...NY city is a woman and she'll make you cry, to her, you're just another guy...".

Totalmente Suzanne.

E assim é minha relação com esta mulher em forma de som: eu apenas ouço e ela, feliz, apenas obedece.

Nossa testemunha é, apenas, um ovation de 12 cordas.

GM



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A falta que faz o "The Police"


“Last Exit” era a banda de jazz-rock aonde Sting tocava baixo e cantava, nos idos de 1975/76. Uma banda inexpressiva e que não conseguia conter o talento criativo de Sting.


Stewart Copeland tocava bateria num grupelho de rock progressivo chamado “Curved Air”. Irritava Ponce Chapell, o vocalista da banda, com suas viradas de inspiração jamaicana e com a mania que tinha de prender a baqueta aos dedos com esparadrapo.

Andy Summers, enquanto isso, provavelmente “...tomava um conhaque no outro canto da cidade, como eles disseram...”.

No começo, 1977, já com o nome The Police, Sting e Stewart convocaram um guitarrista obscuro, chato pra caramba, perfeccionista e com tendências disco, chamado Henry Padovani.

Estava concluída a 1ª formação da banda.

Neste mesmo ano lançaram Fall Out, 1º single da banda, que chamou a atenção da crítica pela fusão rock-jazz-reggae-punk, característica que marcaria o caminho criativo da banda e dos músicos, até que fossem mordiscados pelas armadilhas do pop.

Ainda em 1977, Henry Padovani foi gentilmente convidado a ir para bem longe da banda e a virtuose de Andy Summers assumiu o posto de guitarrista.

Eram um trio novamente. O resto é história:

Assinam em 1978 com a gravadora A&M e saem numa aventura louca, sem mídia e sem dinheiro, tocando em 26 cidades americanas, numa van alugada e com equipamento alugado.

Coisa de gênio ou de maconheiro. Ou ambos, quem sabe.

Ainda em 1978 lançam o disco Outlandos d’Amour, que entrou no top 10 da Inglaterra e no top 30 dos Estados Unidos. Na carona do relançamento da pedrada chamada “Roxanne” (a estória de uma garota de programa de Amsterdam), o disco chega ao sexto lugar nos Estados Unidos.

Depois, em 1979, lançam Reggatta de Blanc, com o baita sucesso Message in a Bottle. Um orgasmo sonoro com base jazzística e levada pop.

Então vieram os anos 80.

Zenyatta Mondatta, Ghost in the Machine e Synchronicity confirmaram o talento criativo do trio, com direito a diversas premiações, além de 03 prêmios Grammy.

Vieram ao Brasil em 1982, para tocar no Maracanãzinho, show que por falta de idade e de dinheiro, infelizmente não pude assistir.

A partir de 1984, a banda entre em parafuso emocional.

Cada integrante queria seguir um caminho diferente. Sting flertava com o cinema. Stewart fazia projetos instrumentais e Andy Summers, “...comia todas as menininhas do pedaço...”.

Desgraça anunciada. A banda se desfez.

Voltou a ser reunir para vários shows, inclusive  no Brasil em 2008. Após isso a ruptura foi definitiva.

Perguntaram ao Summers se ele queria voltar a tocar com Sting, em algum outro projeto. Ele teria dito que não.

“...o Sting é um cara chato para caramba...”.

Saudades do Police.

Uma das poucas bandas de música que tinham qualidade musical, criativa e sabiam fazer rock / reggae e jazz, como poucos.

GM

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Machado de Assis ainda vive nas ruas do Centro velho


Joaquim Maria Machado de Assis.

Machado de Assis.

O bruxo.

O bruxo do Cosme Velho.

Gostava mesmo era de andar pelas ruas do Centro do Rio.  Preferidas eram a Gonçalves Dias, pela opção literária da Confeitaria Colombo e a  do Ouvidor.  Pelo trasfegar coletivo da população mulata.

Machado era um escritor sem palavras.  Suas estórias eram cheias de células, ao invés de letras.  Sua arte era urbana daquele tempo e faz sentido no urbano de hoje, em termos de contexto ideológico.

O perfeccionista do conto, chegou ao ápice literário em obras como "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

Letras sensacionais e indispensáveis.

Hoje quando vou ao Rio, e tenho algum tempo, me deixo levar pelos ares do Centro.

De olhar atento aos malandros de plantão, vou respirando aquela atmosfera portuguesa, de casarios tristonhos, restaurantes pequeninos, trilhos de bondes em ruas onde já eles não passam mais e muita história.

As calçadas de pedras rosetas e lusas, apertadas, vão apontando a direção para cariocas, paulistas, sulistas e nordestinos de todas as nações.

Sempre que me acomodo num banquinho da Colombo, pergunto sempre ao mesmo garçon:

- Foi nesta mesa mesmo que Machado se sentou ?

E com ternura e pressa o homem de avental branco logo mente:

- Sim, todos sabem...este era o canto preferido de Machado de Assis...

Sorrio e agradeço a mentira gentil, me lembrando de que sempre sento em lugares diferentes, mas a resposta provável será sempre a mesma.

Na Colombo e em outras mesas velhas do Rio, Machado estaria sempre presente.

É nas escolas de hoje que sentimos sua falta.

Tristeza póstuma e perene.

GM


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Donga cantou pelo telefone


O Largo da Carioca fica no finalzinho da rua Uruguaiana, ao lado do Convento Santo Antonio, no Centro do Rio.

Não era exatamente o endereço mais boêmio do Rio nos idos de 1916.  Certamente a Cidade Nova e a Gambôa (juntamente com o bairro da Saúde e a Pedra do Sal), tinham mais destaque na agenda de bambas como Heitor dos Prazeres, Donga, João da Baiana e Pixinguinha.

Mesmo assim é o Largo da Carioca que abre os versos do samba "Pelo Telefone".  O primeiro samba a ser gravado e lançado comercialmente. 

Diz o registro autoral que este samba é de autoria do Donga. 

Diz a lenda que foi uma criação coletiva de vários sambistas seminais, na casa de Tia Ciata, mãe postiça e verdadeira do samba.

Se Donga foi esperto não sabemos. 

Mas já dizia Sinhô, grande sambista e pianista intuitivo, que "...samba é igual passarinho, fica voando por aí e quem pegar primeiro põe na gaiola...".

O fato é que "Pelo Telefone" é sim o marco inicial da produção musical em samba, sob o ponto de vista comercial.

A letra começa assim: "...o chefe da polícia pelo telefone mandou avisar, que na Carioca tem uma roleta para  se jogar...".  Esses versos foram mudados algumas vezes, pois falar em jogo de roleta numa época em que chefes de polícia truculentos como o Delegado Vidigal ainda estavam firmes, era pouco recomendado.

Virou história.  E Donga cravou seu nome de forma inapagável.  Hoje é verbete de consulta para todos os ouvintes.

Gostando ou não de samba.

GM

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Por que Tom Jobim é genial ?



Quando estava prestes a gravar nos Estados Unidos um disco com Elis Regina, Tom foi tomado por grande ansiedade e nervosismo.

Elis era uma das maiores cantoras do mundo.  Estava no auge de sua forma.

Tinha também a presença no estúdio de Cesar Camargo Mariano, encarregado dos arranjos, marido de Elis, músico perfeccionista e chato para chuchu.

Logo na primeira sessão de gravações o clima esquentou.  Tom não gostou de parte dos arranjos e tentou ligar para Claus Orgeman, que já trabalhara num disco dele com Sinatra.

A maionese quase desanda !

Elis, como toda mulher, dominava a cena e conduzia o processo.

Foi quando Cesar Camargo perguntou a Tom o que ele queria realmente, em termos de arranjos.

A resposta foi única:  "...apenas a minha música...como ela lhe parecer...".

Coisa de gênio.

O disco ficou lindo !

Recomendo !

GM

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Bem rapidinhas, mas muito bem dadas...

1. Fernando Pessoa:

Ontem, li um poema de Fernando Pessoa, enquanto ele mesmo, que aprofundava na carne a percepção que a alma do homem tem, a respeito do corpo da mulher.

Dizia o luso poeta:

"...e não hei de querer amá-la posto que é comum e trigueiro, mas sim hei de devorá-la, até fazer sangrar a ponta dos mamilos...até que não haja um único lote de pele que não tenha sido mordido...".

E o tarado e imortal poeta seguia mais em frente, em seu soneto, desnudando dimensões eróticas na visão física das mulheres que amamos:

"...e quando cansados, dormindo valentes por entre coxas meladas, que não nos sobrem ares de insatisfação, tanto nelas quanto em nós, mas que nos  falte o fôlego, perdido para sempre, expulso dos pulmões em tosses, caminhando ligeiro pela boca, com destino certo, através do lábio e da língua: o caminho sagrado do que é guardado entre as pernas das mulheres que sonhamos...".

Eu já tinha lido antes algumas poesias adultas de Drummond e de Bandeira.  Mas acho que o portuguesinho magricela e bigodudo superou a ambos.

O cara era bom.  Tarado, mas bom.

2. Hotel Ibis:

Meus amigos cansaram de me avisar que o Ibis não tem relação custo x benefício, e sim custo x malefício.

Me hospedo na rede há anos e me divirto sempre com a falta de foco daquelas criaturas.

A rentabilidade não vem da redução de custo.  A redução de custo é um periférico, importante, mas suburbano.

A rentabilidade vem do bolso do cliente.  Que volta.  Sempre.  Desde que esteja feliz.

Temos uma brincadeira lá em Itu para comparar o serviço do Pão de Açúcar, com o do Carrefour.  É bem simples.

Uma grande amiga, esposa de um grande amigo, fala assim: "...Carrefour: lugar de gente infeliz...".

Adaptei o conceito para o Ibis:

a. Cena 1, no check in:

- Boa noite, reserva para Gilberto de Moura, por favor...

Uma criatura do sexo feminino, de cabeça baixa, sem me olhar, resmunga:

- O sr. pode estar aguardando um minutinho ?

Provavelmente o retorno de Katrina ou de um outro, de intensidade 4 pelo menos, se anunciava.

Respirei fundo e respondi:

- Sim.

02 minutos depois, a criatura finalmente levanta os olhos e diz:

- Pois não, senhor ?

E eu digo:

- Pois não, o quê ?

E ela diz:

- O Sr. já foi atendido ?

Pressão 16 x 12.

- Não, você não me atendeu...

E a corajosa insiste:

- Ah...pois não, então ?

(...)

Engoli minha pré-raiva e disse, de novo:

- Reserva para Gilberto de Moura, por favor...

Então, brilhantemente, aquele aglomerado de moléculas uniformizadas reponde:

- É o senhor mesmo ?

Jesusmariajosé...

b. Cena 2, no jantar:

Desci para o jantar as 19h30, mais ou menos, pois queria voltar para o quarto logo, para me  conectar na web.

Após fazer meu prato e escolher um mesa longe da TV, chamei o garçon (que estava num papo animado com outras duas pessoas)...chamei de novo, de novo  e de novo.

Ele veio.

Pedi um vinho e uma água mineral sem gás e sem estar gelada, ou seja, ao natural.

O vinho veio e a água não.  Pedi de novo a água.  Ela veio...gelada.   Tentei explicar que queria a água sem gelo, ao natural.  O garçon, um misto de Ralph Macchio com Amelinha, me disse que todas as águas minerais do hotel eram naturais.

Me calei perplexo...

c. Cena 3, café da manhã:

Desci animado depois de uma noite de sono cheia de sonhos interessantes. 

Fui direto ao salão do café (que também é de jantar, que também é bar, que também é anexo do lobby...) e na entrada, fui chamado ásperamente por uma criatura de uniforme sujo:

- O senhor precisa assinar...
- Assinar o que ?
- O controle de café !
- Mas eu já paguei o café no check in...deixei todos os dias pagos...
- Mas o senhor precisa assinar...
- Minha jovem, o controle de fluxo para café da manhã é trabalho do hotel...não do hóspede...!
- O senhor pode estar reclamando na recepção, mas o senhor tem que assinar !
- (...)...(...)...(...)... = perplexidade infinta, que levou alguns segundos.
- É só assinar senhor...

Assinei.

d. Cena 4, ainda no café da manhã:

Já sentado, reparei que a faca estava suja, com manchas típicas de talher que após passar pela lavadoura, não foi bem enxaguado, então ficam manchas de detergentes, secas.

Não chamei o garçon, pois achei que ele pudesse demorar de novo e de novo.

Andei até um funcionário uniformizado e pedi, educadamente:

- Por favor, troque esta faca que está suja. Obrigado.
- Senhor, esta faca não está suja.

Olhei no fundo do nervo ótico daquela criatura pequena e franzina na minha frente e perguntei:

- Esta faca está limpa ?

Foi então que Gioconda, quase 600 anos depois, sorriu amarelo:

- Não senhor, ela não está limpa, mas também não está suja !

Recuei atônito, afônico, incrédulo, pasmo, mas ainda rubro-negro.

Respirei fundo e pensei:

- Dane-se o Vasco...!

GM


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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma caminhada pelo Centro Histórico do RJ



De novo no Rio.

Desta vez à trabalho.  Cheguei cedinho e fui direto atender meu compromisso profissional.  Cheguei sem sequer abençoar a linda paisagem de pouso do Santos Dumont.

O mais lindo pouso de aeronave, que um pequeno aeroporto poderia proporcionar. 

Cheguei um pouco tenso.  Agenda cheia de compromissos na parte da manhã e à tarde também.  Seria mais um dia intenso.

Mas ao meio-dia não !  O almoço estava livre !

Liguei para meu irmão Roberto e decidimos almoçar juntos.  Eu estava no Centro, próximo a Praça XV.  Ele também estava no Centro, só que um pouco distante, na altura do 43 da histórica e cansada Av. Rio Branco. 

Por alí tudo é história.

Combinamos o horário e decidimos almoçar num daqueles restaurantes simples e deliciosos do Centro, bem pertinho do Arco do Teles.  Espaços herdados de famílias portuguesas que souberam manter viva a tradição de um arroz branquinho, um picadinho carioca e um porção generosa de feijão preto.

Minha boca se manifesta, como se estivesse vendo de perto uma mulher carnuda !

Decidi ir caminhando.  Saindo de onde estava, levaria uns bons 25 minutos andando pelo Centro.  Uma aventura caótica e definitivamente necessária.

Saí da Praça XV, cruzei o Paço Municipal e me perdi na beleza do desenho arquitetônico do casario.

Lembrei dos tempos em que ia visitar minha mãe, na Ladeira Pedro Antonio, e me deixava escorregar um pouco em andanças juvenis pelo Centro.

A cabeça repleta de sonhos e marchas !  Passou...

Alcancei a Av. Rio Branco bem na altura do Theatro Municipal, imponente, majestoso e único.  Tentei não adimirar muito, para não bancar o Carioca repatriado com ares de turista.

Inútil disfarçar, estava bêbado de emoção.

Segui em frente pela Rio Branco, ignorando o caos urbano e as pessoas.  Namorei a fachada da Biblioteca Nacional e andei mais um pouco.

Passei em frente ao prédio da Associaçao de Imprensa do RJ, da Justiça do Trabalho e do Palácio Tiradentes.

Continuei mais um pouco.

Cruzei a Presidente Vargas e novas lembranças vieram reclamar espaço em meu disco rígido.

Imagens antigas de minha avó Joaquina, me conduzindo de mãos dadas em travessias da Presidente Vargas, sempre preocupada com o trânsito e com gatunos que poderiam estar nos arredores.

A velha Joaquina sabia impor respeito.  Parecia que  parava o trânsito com a força daqueles olhos portugueses.  Profundos, tensos e acolhedores.

Cruzávamos a Presidente Vargas sempre à altura da Rua Uruguaiana, no caminho da oficina de Sérgio, o filho.

O maior artista em ourivesaria de todo o RJ.  Uma outra estória...

Cheguei em frente ao edifício onde meu irmão trabalha.  Liguei avisando.  Aguardei, contando os minutos.

Ele desceu com aquele sorriso único e imortal.  O branco dos dentes se misturando com algumas novas rugas de sorriso.  O mesmo brilho de sempre no olhar.

Um olhar expressivo, que sempre diferenciou meu irmão de todos.  E de tudo.

Um abraço forte.  Uma nova caminhada.  Achamos o restaurante e conversamos sobre nada e sobre tudo.

O tempo passou rápido demais.

Na saída, encontrei uma loja de artigos do Flamengo, uma espécie de Flamengo Store.  Entrei para comprar uma lembrança.  Um mimo para meu filho, que espera minha volta, em casa.

Meu irmão Roberto, vascaíno, teimoso e, como eu, filho de português, ficou de fora, de costas para a loja, zombando da cor dos manequins de plástico que vestiam belas camisas rubro-negras.

Família tem disso: a rivalidade entre dois times às vezes é tão forte quanto a saudade entre dois irmãos.

Nos despedimos na promessa de encurtar a distância, parar o tempo, falar e ver mais vezes e abraçar um ao outro, cada vez mais forte. 

Até que não haja mais o que dizer.

Ou o que caminhar.

GM







sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vinho tinto: um hábito saudável, social e brasileiro.


Uma ou duas taças de vinho tinto, acompanhando o jantar, todos os dias.

Esta talvez seja a receita mais feliz e antiga para uma boa saúde, pessoal, emocional e social.

Há de se tomar alguns cuidados !  O excesso deste fiel amigo leva a um efeito reverso.  Quem bebe mais do que o recomendado terá problemas relacionados ao uso abusivo de bebida alcoólica.

Óbvio, mas não desprezível.

A receita do bem estar é simples: sono, frutas, legumes, verduras, proteínas magras, muita água, atividade física moderada e...vinho tinto.

Mas qual vinho tinto ?  De que marca ?   De que origem ?

A marca é irrelevante, acredite.  Na verdade o rótulo está mais relacionado ao status e ao preço do que à qualidade organoléptica do produto.

Tem que ser tinto.  Com certeza.  Tinto, rubro, vermelho.  Detalhe importante e inexorável.

Os especialistas associam a presença de flavonóides e resveratrol no vinho tinto, com as propriedades longevas que buscamos na bebida.

Vinho tinto é sinônimo de mais flavonóides, mais resveratrol e mais saúde.  Mas tem que ser na medida certa.

Duas taças ao jantar.  Não mais que isso.

Os mesmos especialistas afirmam que as uvas Tannat, Isabel e Bordô são as que mais concentram as substâncias benéficas. 

Por sorte  o Brasil é muito  bem servido dessas uvas e de bons vinhos feitos destas uvas.

Isso mesmo amigos.  O vinho mais acessível é também o mais saudável.

Isto resgata a tradição do vinho de mesa da família brasileira e desmistifica a questão: preço não é saúde.

Saúde é acesso, equilíbrio e atitude !

Eu brindo a isto, degustando um belo bordô, brasileiríssimo e feliz da vida.

Saúde !

GM


terça-feira, 21 de agosto de 2012

360, de Fernando Meirelles


Na época de Glauber era, uma câmera na mão e uma idéia na cabeça.

Isso foi há pouco e muito tempo.

Cinema hoje, antes de arte, é negócio.  E aí sim, se for negócio será arte.  Por que se não for negócio, ninguém verá, por falta de espaço.

Então sendo negócio será arte e sendo arte será Fernando Meirelles.  De novo.

A novidade dele foi Inspirada em "La Ronde”, clássica peça de Arthur Schnitzler.  O filme 360, novíssimo,  é uma reunião de histórias dinâmicas e modernas, bem ao estilo de "Traffic" ou de "Passeata em Paris".

Estórias passadas em diversas partes do mundo, mas nem por isso desconexas.

A personagem Laura (a brasileira Maria Flor) é uma mulher que deixou a vida na terra natal para tentar a sorte em Londres.  Levou junto o sortudo namorado Rui (o global e fortão, Juliano Cazarré).

Ao descobrir que o parceiro está tendo um caso com Rose (a extraordináriamente gostosa e linda, Rachel Weisz), decide voltar para casa.

Anthony Hopkins é um senhor que ela conhece no caminho de casa e a partir daí o show começa.

Os destinos de Mirka (Lucia Siposová) uma jovem que começa a trabalhar como prostituta e a irmã Anna (Gabriela Marcinkova) também se cruzam. O primeiro cliente de Mirka é Michael (Jude Law), casado com Rose.

Uma espiral forte e envolvente que parece que vai se perder na trama.  Qual nada.

Muito Fernando Meirelles.  Pouco cinema brasileiro.

O filme, que começa em Viena e passa por Paris, Londres, Rio de Janeiro, Bratislava, Denver e Phoenix, promete.

Li a sinopse antecipada e assisti a versão inn num evento em Paulínia.

Não perca.  Ou você vai se perder para sempre.

GM





sábado, 11 de agosto de 2012

Seleção Brasileira de Futebol...é muita marra !!!

Acompanho jogos da seleção brasileira de futebol desde 1976.

A cartolagem ainda era chamada de CBD.  E seu chapeleiro-mor, Giulite Coutinho.

Minha 1ª copa do mundo, acompanhada e chorada jogo-a-jogo, foi em 1978. 

Assisti Kempes, Passarela, Ardiles e Fillol.  E também olhei para Leão, Toninho, Dirceu, Rivelino e o jovem Zico.

Desde então não perdi nenhuma.  E nem nada.

Sei de cor as escalações do Brasil de 1958 a 1994. 

Grande coisa !

Amigos, sou malucamente apaixonado por futebol, e as vezes me envergonho disso.

Acabo de assistir a final das olimpíadas deste ano, 2012. 

O tempo passa.

Estou com nojo.  É muita marra !  É muito dinheiro !

Sobram "asinhas" levantadas na hora de dominar a bola.  Sobram tiaras na cabeça, fitinhas,  chuteiras coloridas, brinquinhos de brilhante. 

Sobram carrões e modelos gostosas.

Abundam comerciais de TV.  Fartam cortes de cabelo moderninhos e colares de ouro pesados.

Por isso mesmo ficamos com a prata !

Uma palhaçada !

Saudade dos jogadores que treinavam 05 vezes por semana e jogavam mais duas ! 

Saudades dos salários baixos.  Saudades dos tempos em que o marketing vinha depois do sucesso, e não antes !

Saudades do tempo em que nossos craques se jogavam menos em campo, e corriam mais, e lutavam mais, e eram mais simples.

Simples atletas !

Saudades de profissionais.  Saudades DOS profissionais !!

É muita marrra !!  Muito toquinho de lado !  Muita pose !!

É um tal de fazer caras e bocas, sabendo que está sendo filmado !  É um tal de ajeitar o meião e reclamar !  É um tal de não-correr, não-chutar, não-jogar !!!

É muita marra !!!

Sou do tempo em que jogador de futebol, jogava futebol.

Acho que estou ficando velho !

GM

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Celso Blues Boy e Caetano Veloso

Na vépera do aniversário de seu tropicalista mor, o Brasil perdia um de seus maiores guitarristas.

O blues e o rock davam adeus a Celso Blues Boy ("...aumenta que isso aí é rock and roll..."). 

A MPB e a arte inteligente celebravam Caetano Veloso.

Infeliz coincidência.

Também perdemos Millôr e Chico (O Anysio) numa mesma semana.  Sorte grande a de São Pedro, e todos os seus confrades celestes, que os receberam de uma só vez, para alegrar e iluminar as tardes monótonas do paraíso.

A música de Celso Blues Boy não era fashion.  Era música.  Não vendia muito.  Mas se ouvia demais !

Já Caetano celebra ainda sua justa exsitência.  Um gênio como poucos !

Em luto por Celso, celebro por Caetano.

A tropicália é assim.  Uma dicotomia profunda que só faz sentido quando não faz.

GM

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Como Ver Um Filme

Terminei a leitura de um dos livros mais interessantes, na minha opinião, dos últimos tempos.

Trata-se de "Como Ver Um Filme" da crítica de cinema e escritora Ana Maria Bahiana.  Uma expert quando o assunto é cinema.

Meus amigos sabem, não é segredo nenhum, que gosto demais de assistir filmes.  Os entendidos no assunto chamam isso de cinefilia.  Logo, eu seria uma espécie de cinéfilo.

Na verdade, sou apenas mais um, entre muitos, que apreciam um bom filminho.

Cinema, TV, DVD, Blu-Ray, não importa o formato, bom mesmo é esticar as pernas na minha poltrona favorita, aninhar a cabeça no colo quentinho da minha linda Dª Onça e curtir a película.

Sempre fiz isso como amador, óbvio, mas agora, após a leitura deste livro, peguei um pouco mais de "jeito" na "coisa".

O livro fala de técnicas de filmagem, estilos de diretores, closes, fade-in, filmagem em 1º plano e mais uma dezena de curiosidades sobre a produção de cinema.

Usa exemplos prá lá de didáticos, baseados nos maiores clássicos do cinema.  Isso sem falar que o texto é leve e de fácil entendimento.

Uma ótima leitura !  Recomendo !

GM

terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma frase

"O ser humano é uma criatura incompleta, dependente, frágil e conivente socialmente.  Por isso mesmo está no topo da cadeia alimentar."

Anônimo

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Encruzilhada, de Walter Hill



Esta eu devia ao meu filho.

Da minha lista de filmes a assistir com o menino, um estava em destaque.

Um filme de 1986, estrelado pelo ainda jovem Ralph Macchio, pela ainda linda Jami Gertz e pelo sempre talentoso e saudoso músico e ator Joe Seneca.

A direção inócua de Walter Hill não atrapalhou e nem ajudou, pois a estória é daquelas que dispensa genialidades e roteiros pretensiosos.

Tudo gira em torno do Blues. 

Do Blues e da música de Robert Johnson, que teria feito nos anos 30 um pacto com o diabo para se tornar o maior músico de blues do mundo.

Fausto modernizado. Mas, muitos contemporâneos de Mr. Johnson, garantem que o pacto de fato aconteceu.

Na verdade, com ou sem pacto, o filme é sensacional.

Marcou minha juventude e ficou na minha memória muito tempo.  Um filme leve e divertido, com uma mensagem purista de que o bem vence o mal.

Ralph Macchio (Karatê Kid) e Jami Gertz (Abaixo de Zero) fazem o par romântico.  Joe Seneca faz o o bluesman experiente e amargurado e o diabo faz o diabo mesmo.

Em síntese, o filme fala da estória de um jovem guitarrista de NY que sonha em ir para o Delta do Mississipi para aprender e gravar a 30ª canção perdida de Robert Johnson, que na verdade nunca foi gravada.

A cena final é um desafio de guitarras entre o guitarrista do diabo (Steve Vai) e o personagem de Ralph Macchio. 

O Prêmio ?

A alma imortal do jovem guitarrista.

Imperdível !  Impagável !

Recomendo o filme e também a trilha sonora !

GM



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Simplificando o vinho


Simplificando o vinho

Eu aprecio muito beber vinho.

Principalmente o tinto das uvas Malbec, Tannat e Cabernet Sauvignon. De longe minhas preferidas.

Desde 2003 bebo vinho tinto todos os dias. À noite, ao jantar, não mais que duas taças pequenas, de segunda à quinta.

Disciplina religiosa.

Sexta-feira se estamos em casa, bebo um pouco mais, passo um pouquinho da metade de uma garrafa, na presença de minha mulher e de um bom filme.

Já no sábado o ritual é diferente. Se o programa é caseiro, com amigos e família, lá pelas 11h30m ponho fogo no carvão da churrasqueira, separo meus discos preferidos, e, depois do meio-dia, abro um bom Malbec.

Uma garrafa de água das grandes me acompanha também.

Ouvindo música, e não barulho, assando uma proteína generosa, conversando fiado e rindo do que se dá, passo o dia inteiro com uma taça na mão.

E lá pelas 16h00m já se foi a garrafa inteira. Só para mim.

No domingo, depois dos tradicionais passeios e visitas, costumo espreguiçar na minha poltrona favorita, ouvindo o que mais gosto (MPB, blues, Jazz, samba de verdade, rock do bom...) e compartilhando sonhos com meu filho e minha mulher.

Vidinha simples.

Nestes momentos me faço acompanhar de meia garrafa de um tinto suave. Só pra fechar o ciclo com chave de ouro.

Então, se as contas forem feitas, são 03 garrafas por semana, religiosamente, número que se converte em 12 garrafas por mês e 144 garrafas por ano.

Este per capta/ano daria, em litros, 108 litros de vinho tinto.

O consumo médio brasileiro em litros é de 2 litros/ano e a média europeia é de 61 litros/ano (dados do OIV). Então, posso dizer com certeza, que eu bebo vinho mesmo !

Mas estou longe de ser considerado um expert no assunto. Sou apenas alguém que bebe vinho ao jantar e, nos fins-de-semana, de uma forma mais relax.

Também posso afirmar que este hábito de 09 anos, apurou meu gosto e sensibilidade aos tintos.

Percebo sim sutilezas, aromas e sabores que antes não percebia. Mas tudo muito simples e sem mística.

Minha relação com o vinho também é profissional. Trabalho numa casa vinícola tradicional, fundada em 1927, e mesmo sem ser técnico, sommelier ou enólogo, dou meus palpites nas elaborações.

Às vezes eles me ouvem. Às vezes não.

Então, com o objetivo de simplificar nossa relação com os tintos, passo aqui algumas informações comuns, disponíveis em qualquer consulta à web e de fácil entendimento para qualquer um.

Até para mim !

Primeiro, o ato de beber: faça-o diariamente ao jantar. É mais saudável. Não beba mais que duas taças de 200 ml. Acima disso não há benefício.

Acredite !

Beba água. Muita. Álcool desidrata e você precisa repor a água perdida. Por isso para cada taça de vinho, beba o equivalente de água.

Se estiver num restaurante e tiver dúvidas, peça ajuda do profissional que estiver disponível. Às vezes um maitre, às vezes um sommelier. Eles orientam quanto a harmonização mais indicada.

Mas cuidado ! Não compre nada que não seja justo e não ligue muito para harmonizações sofisticadas.

Vinho bom é aquele que você gosta, com a comida que você aprecia e que você possa pagar.

Também não seja ridículo. Não faça o ritual da experimentação (cheirar rolhas, checar viscosidade lacrimal, verificar a cor com um guardanapo branco ao fundo...e outras bobagens mais) se você não é profissional da área.

Não é necessário. Se for tomar um vinho que já do seu hábito, apenas peça para servir e aproveite a festa.

Se for um vinho completamente novo para você e que tenha sido sugerido pelo restaurante, deguste um pouquinho antes de mandar servir.

Se não gostar, devolva a garrafa ! O fornecedor irá trocar para o restaurante.

Agora algumas informações mais curiosas, que não são nada técnicas, mas que são interessantes:

- Corte é o nome que se dá à mistura de dois ou mais tipos de uva. Em francês é assemblage e em inglês é blend.

- Varietal é o vinho que é elaborado a partir de uma única uva.

- Taninos são substâncias que são encontradas principalmente na casca da uva e são responsáveis pela sensação de “secura” na boca.

- Buquê é a característica olfativa que o vinho desenvolve depois de envelhecido e engarrafado.

Agora falando um pouco sobre os tipos de uva mais comuns, na produção de tintos do novo mundo:

- Cabernet Sauvignon: é a uva mais usada na produção de tintos. Requer algum tempo de envelhecimento para realçar suas qualidades.

- Merlot: macio e aveludado. Pode ser degustado jovem.

- Malbec: encorpado e vigoroso. Costuma ter aroma frutado.

- Pinot Noir: taninos leves. Necessita pelo menos uns quatro anos de envelhecimento.

- Tannat: escuro e intenso. Antes de consumir deixe decantar por pelo menos 40 minutos.

- Syraz (ou Shiraz): coloração intensa e bastante frutado.

Como podemos ver, não há nada de mítico ou complicado com o vinho, ou com o hábito de se beber vinho.

A medicina até afirma, através de estudos, que existe alguma relação entre o consumo do vinho e a boa saúde cardiológica e a longevidade. Isto se deve a ação do resveratrol e dos flavonoides.

Mas sobre isso não sou habilitado a falar.

O que posso fazer é brindar e recomendar que você compre um tinto justo, que seja do seu gosto e que harmonize com o que você quiser.

Saúde !

GM