terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Natal que eu desejo é o novo ano que virá !

Aos amigos, a todos eles. 

E neste conceito abstrato e amplo de amizade, incluo o povo todo: família, amigos, colegas de profissão, vizinhos, leitores, assinantes, assinados e co-irmãos.

A estes amigos então, que redundam num grupo grande e não-hermético, faço aqui as minhas preces de natal e de ano que caminha para o novo:

Desejo a estes, sobretudo, saúde-muita !  Daquela que transborda e sufoca.  Muita saúde, muita energia e disposição boa para fazer o bem.  Coisa que se logra cumprir, pelo posto que é, e só.

Desejo também, em medida igual, alegrias.  Que as suas casas sejam risonhas o ano todo, não só na mesa de festa.  E que de alegre se equilibre e se complete sua família e os próximos seus.

Por fim, mas ainda de princípio, desejo o amor.  Que vocês se amem de forma não remunerada.  Aquele amor que o filho tem pelo pai, e que este tem pelo filho, pela mulher e pelo próprio pai

Aquele amor que dói sentir, e que por isso mesmo se regenera sozinho, num auto-ciclo que aqui não ouso quebrar.

Ame muito !  E que haja amor aonde houver olho que olha e boca que beija.  Na sua casa e na minha.

E sim, que suas famílias possam se abraçar, hoje mais do que ontem  e menos, muito menos, do que amanhã.

Estaremos juntos por mais um anos...Deus há de permitir !

GM

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Nem Spider e nem Chris Weidman...


Desde tenra idade, acompanho lutas de artes marciais.

Na companhia do amigo Robélio, nos saudosos idos da adolescência carioca, cheguei a praticar karatê por um tempo.  Fomos alunos do lendário mestre Peninha, um dos pioneiros do shobo-ryu no Brasil.

Esses tempos ficaram para trás.

Resta ainda a predileção que tenho por assistir a todas as lutas, programas de lutas ou especiais sobre artes marciais.  Gosto de box, karatê, kung fu, MMA e muitas outras.

Também gosto muito de filmes de lutas e, como toda minha geração, assisti a todos os filmes de Bruce Lee:

The Kid (O Menino) - 1950;
Marlowe (Detetive Marlowe em Ação) - 1969;
The Big Boss (Dragão Chinês) - 1971);
Fist of Fury (A Fúria do Dragão) - 1972;
The Way of the Dragon (O Vôo do Dragão) - 1973;
Enter the Dragon (Operação Dragão) - 1973;
Game of Death (Jogo da Morte) - 1974.

Hoje fico atento sempre que há uma boa luta na TV.  Nãos existem mais grandes lutas de box e, recentemente, o MMA (UFC) tem tido a minha preferência.

A próxima grande luta será agora em 28 de dezembro, quando teremos a revanche entre o antes invicto (na verdade 07 anos invicto) Anderson Silva e o garotão Chris Weidman, que já provou que é muito forte, muito rápido, muito bom no chão e muito sério no ringue.

Se eu fosse treinador do Spider, diria a ele:

- Treine, se alimente bem, durma bem, beba muita água, treine mais e mais, cale a boca e pare de palhaçada !

O Spider tem repertório e pernas suficientes para vencer a luta, mas...é preciso se dedicar e não dar aberturas na guarda, por que, muque por muque, já acho o garotão melhor do que ele.

Melhor, mais forte e mais rápido !  Exatamente como o Spider foi um dia...

Vou ficar acordado e acompanhar a luta.  Se for outra bobagem cartolada, vou invocar a memória do mestre Lee e pedir a ele para dar uns bons tapas nas bundas desses fanfarrões da TV, pois, muque por muque, nenhum dos dois duraria mais que 40 segundos num ringue com o insuperável Bruce Lee.

No quadragésimo ano de sua morte...ao mestre, com carinho !

GM


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Futebol, cerveja e música esquisita...ou, de como ferraram mais uma vez com a Portuguesa

1. Péssima a notícia do rebaixamento político, forçado e manipulado da Portuguesa de Desportos. Um país é o resumo de seu povo.  Um povo é o resumo das próprias aspirações. O esporte está no DNA de cada aspiração, respiração e transpiração.  E  a cartolagem, política suja, malandramente genética, é a herança de degredados e a fotografia mais fiel da CBF. 
Nada irá mudar nos próximos 50 anos.  Isto, posso garantir

2. É preciso desinvetesangalinizar o Brasil.  É preciso desfunkear nossos jovens.  É preciso, urgente, dessertanejar o mundo.  Axé não é isso que se ouve hoje, axé é Reflexus da Mãe África.  Funk não é isso que se ouve hoje, funk é Sly and the Family Stone, por exemplo.  Sertanejo não é o que se ouve hoje em eventos universitários, sertanejo é Tonico, com ou sem Tinoco e Pena Branca, com ou sem Xavantinho.

3. A cerveja brasileira se mediocrizou.  O cidadão de Pilzen deve estar um tanto confuso:  tudo virou água, bastante gritz de milho,muita quirela de arroz e algum alginato.  Sobra líquido amarelo no copo e falta sabor de cerveja. 
Amigo Wimmer, por que você foi se aposentar ??

GM

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Curtas

1. Mandela

Foi-se Mandela.

Tristeza.

Deixou sementes, legado e um trabalho inacabado.  Não deixou herdeiros.

Somos homens medíocres e nos falta a coragem para trilhar o caminho dele.

Nos sobra a TV, o computador e um sentimento seguro, quase coletivo, de solidão.

2. Música

Ouvir a versão de "Viva La Vida", do Cold Play, feita pelo talento e pelas mãos de Luka Sulic & Stjepan Hauser foi uma experiência surreal.

Parece música erudita, mas é pop.  Do mais alto nível de concepção e execução.

Viva "2 Cellos"!

3. Cinema

Fomos assistir, meu filho e eu, a sensacional pipoca "Last Vegas", com Michael Douglas, Morgan Freeman, Robert de Niro e Kevin Kline.

Gargalhadas de doer a boca.  Um grande filme, enfim, sem grandes pretensões além de entreter e fazer pensar.

A vida passa para todos.  Seremos velhos depois-de-amanhã, graças à Deus !

Não sei se mereço estas alegrias de compartilhar essas coisas boas e não planejadas com o meu moleque.  Antes de d'ele nascer eu fazia planos: vamos ouvir juntos àquelas músicas...vamos assistir juntos àqueles filmes... 

Mesmo sem merecer estou curtindo.  Curtindo e compartilhando.

E viva Las Vegas !

GM

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Putz Grila e a evolução da linguagem coloquial

Nosso português, a boa língua parida a partir do latim vulgar, veio nas sacas de viagem dos colonos romanos, pobres e esperançosos, que aportaram em portocalle, uma província romana, nos idos do século III a.C.

Dalí evoluiu para o dialeto românico galego-português, sendo oficializada como língua do novíssimo Condadus Portucalensis somente em 1290, por obra de D. Diniz.

De lá pra cá, muita coisa mudou "entre as traves do Maracanã", como diria João Saldanha, o João-Sem-Medo.

Cômico é comparar e descobrir que falamos hoje, cada  vez menos a língua portuguesa.  Engraçado também é medir e entender que até mesmo nossa linguagem coloquial mudou, e continua mudando.

Triste é saber que aqueles que abandonaram a língua mátria, conseguem se entender muito bem entre eles, apesar disso.

Eles formaram um grupo de alguns milhões de jovens brasileiros, que usam um dialeto todo particular, cifrado, rápido e associativo.

Isto significa que, muito em breve, uma ou duas décadas no máximo, será esta nova, rápida e cifrada linguagem, a veia oficial do português brasileiro. 

Nossa língua mãe será então, apenas uma referência romântica.

Não acredita ?  Veja o exemplo de algumas das frases mais coloquiais, ditas por nossa geração, 20 anos atrás !

Nossas gírias envelheceram.   Ninguém mais entende o coloquialismo de quem nasceu perto de 1968.

Um belo ano, por sinal !

Experimente falar a qualquer jovem que a nota dele na escola foi "chuchu beleza".  Ou que a roupa que ele está usando é muito  "maneira".

Ou, ainda, que a garota que ele está namorando é uma "mina muita brasa, mora" ?

Uma beleza !

Diga pra ele que você o considera um menino "cuca legal" e que na volta da escola você quer "levar um papo firme" como ele.

Insista.

Diga que você acha aquela atriz famosa da novela um "pitel", uma verdadeira "bilu tetéia".  Depois diga que o jogo de ontem foi "massa" e  que seu time é "federal", uma verdadeira "galera do bem".

Não desista !

Chame-o pra dar um "rolê" com você e o convide depois para ir numa festa de "arromba" na casa do "velho".

Não deixe de avisar que o "cascalho" anda curto e que por isso é necessário colocar as "barbas de molho", afinal, "rio que tem piranha, jacaré nada de costas".

Sim meu amigo.  Seus filhos não vão entender "bulhufas" do que você disser, pela simples razão de que, nos dias de hoje, a linguagem é autofágica.

Então, relaxe.  Tome umas "biritas".  Dê um "agito" na "patrôa", se aconchegue no sofá e assista o Repórter Esso, afinal, toda essa estória de linguagem não é nada "cool".

"Putz Grila" !

GM





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Quatro notas musicais para os amigos....ou...De como Norah Jones descobriu o Green Day ao som de 2 violoncellos que tocavam Queen, Santana e Samuel Rosa

 
 
 
 
1ª. Junte dois músicos com formação clássica, dedicados ao estudo do violoncelo e com uma carga de mais de 10.000 horas dedicadas ao estudo de escalas...diatônicas, pentatônicas, cromáticas e o que mais pudesse chatear.  Acrescente um gosto, vício, predileção, pelo pop...sim..o mais puro e clássico pop...de Michael Joseph Jackson à Nirvana (ops...).  O resultado é uma dupla de violoncelistas clássicos, tocando, gravando e divulgando um repertório pop, com direito a Guns e Radio Head.  Eles são o 2 CELLOS.  Ouça.  E seus ouvidos jamais serão os mesmos.
 
 
 
2ª. Imagine uma morena.  Daquelas de pele branquinha, com negros cabelos, sedosos e cheirosos caídos para trás.  Com boca carnuda e olhos de "está esperando o que, babaca ?".  Imagine essa morena, de mamilos bem cor de rosa e uma inteligência afiada.  Dê a ela uma formação musical acima da média e um QI acima de 180.  Ela existe.  Essa gostosa e superinteligente mulher (e música), se une agora a um dos herdeiros do Sex Pistols e fundador do Green Day.  Dê a eles, juntos, mas separados, a coragem de ouvir e gravar um disco do Everly Brothers, de 1958 (isso mesmo, 1958).  O resultado é um misto de musa do sexo acompanhada de um músico razoável e sortudo.  O outro resultado é uma releitura fenomenal de um dos pilares do R & R.  Ouça.  E sua alma jamais será a mesma.
 

 
 
3ª. Pense num mineiro.  Sim, um mineirinho, igual à marca do refrigerante que era febrilmente consumido no RJ dos 80.  Dê a esse mineirinho um queijo branco, dois goles de cachaça e um pouco de doce de leite.  Depois, deixe ele mostrar o que sabe fazer.  Desde os tempos anônimos em que cantava com sua banda (que tem nome de droga) hits de Frank Sinatra, para programas de verão da TV Bandeirantes, até os dias de hoje.  Dias atuais de sólida consciência artística.  Veja e sinta seu talento.  Nas letras.  Na voz e nos arranjos.  Depois, aproxime este incrível músico a um monstro.  Um monstro lindo, chamado Carlos Santana, que, dispensa deste pobre redator, qualquer tipo de moldura introdutória.  O Resultado é "Corazon".  O novo disco de Santana e amigos, um deles, Samuel Rosa.  Ouça.  E seu coração jamais será o mesmo.
 

 
4ª. Muitos anos atrás.  Se não me engano, 38 anos.  Exatamente em 21 de novembro, como hoje.  O Queen lançava um disco inacreditável, memorável, inovador e extremamente comercial.  "A Night at the Opera" trazia um jacá de inovações: mesa de 24 canais, hit com 03 partes e sem refrão e muita coragem.  O resultado ?  O disco mais cultuado dos anos 70 e, de longe, o melhor do Queen...até ontem.  Ouça.  E entenda como os Beatles foram importantes para todos, exceto para Luan Santana.
 
 
Del Rey nele !!!
 
 
GM

 
 


terça-feira, 19 de novembro de 2013

O que Brad Pitt, o INXS e o Corolla 2003 tem em comum ?


Eles surgiram em 1977 e desapareceram do mapa  em 2012, mais de 35 anos e mais de 40 milhões de discos depois.

O INXS (abreviatura inventada para In Excess), que  teve de seus 06 integrantes originais um brilho maior sobre a figura de Michael Hutchence, pela liderança que exercia e pelo enorme talento, balançou a  cabeça da juventude nada transviada dos anos 80.

E eu me incluo aí, e muito.

Seu pop era rock e a base era puro R&B.  Os riffs eram funk e o visual, plástico e oitentista.  As letras eram uma viagem e , às vezes, exalavam um pessimismo típico australiano.

Viver no deserto não é fácil.

A banda teve fim em 2012, mas a desgraça se abateu mesmo em 1997, quando Michael foi encontrado morto, vitimado pelo suicídio ou pela loucura erótica da asfixiofilia.

Não há espaços aqui para julgamentos.  O sujeito fez da vida dele, o que  bem quis.  Se sua música serve de exemplo, sua cabeça nunca terá esse mesmo fim.

O fato é que o INXS desapareceu e , repentinamente, reapareceu no CD-Player do meu carro.

Estávamos a caminho do cinema, numa noite de sábado tipicamente Ituana, quando meu filho demonstrou curiosidade pela música que estávamos ouvindo e perguntou quem eram os caras.

Fiz um rápido resumo sobre o INXS e seu estilo e continuamos ouvindo.

Quando uma nova faixa do CD "Live Sensation" entrou, o moleque arregalou os olhos e  disse:

- Mas essa eu conheço !!!  Isso é INXS ?

Era o petardo "New Sensation" hit mundial e tema de lançamento do Corolla 2003 (acho...), com o Brad Pitt dirigindo.  Lembra do  comercial ?  Eu prefiro me lembrar da banda...

Demos boas risadas  e seguimos ouvindo o disco em direção ao cinema.  O  filme foi péssimo, cheio de excessos, mas valeu a viagem.

GM




 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Top 10 filmes de todos os tempos !!

Sou devoto da revista "Sight & Sound", desde sempre, como a camiseta Hering.

Ou desde que algum editor idiota tirou de circulação as tradicionais edições da brasileira e perfeita "Set".

Ótima revista !

E na ausência de uma me apraz muito o carinho da outra, neste caso, a "Sight & Sound".

E hoje recebi a corajosa notícia de que esta séria e competente magazine editou, mantendo uma tradição que teve início em 1952, uma lista clássica, de filmes clássicos, lista esta definida por diretores clássicos.

Isto mesmo.  Reuniram Scorsese, Coppola, Spielberg e outros 355 diretores internacionais e pediram a cada um deles que escrevesse uma lista de 10 filmes, cada um, que poderiam ser considerados os melhores da história da 7ª arte.

Seguindo a metodologia definida, a lista seria ponderada entre todos e, apenas os 10 filmes  mais votados entre todas as listas, no conceito modal, fariam parte da lista final dos top 10.

Tudo bem, já sabemos que listas são injustas, fazer o que ?

Vejam o resultado:

a. Segundo os críticos:

1. Um Corpo que Cai
2. Citizen Kane
3. Era Uma Vez em Tóquio
4. A Regra do Jogo
5. Aurora
6. 2001: Uma Odisséia no Espaço
7. Rastros de Ódio
8. Man with a Movie Camera
9. A Paixão de Joana d'Arc
10.

b. Segundo os diretores:

        1. Era Uma Vez em Tóquio
        2. 2001
        3.Cidadão Kane
        4. 8 ½
        5. Taxi Driver
        6. Apocalypse Now
        7. O Poderoso Chefão
        8. Um Corpo que Cai
        9. O Espelho
      10. Ladrões de Bicicleta.

Graças a muita sorte e muita persistência nas vistas a sebos e boas lojas do ramo, tenho comigo todos os 20 escolhidos.

Assistir a estes clássicos será uma maratona muito gostosa, regada a bons tintos e a colheradas generosas de queijo da Serra.

A vida seria muito chata sem cinema ! 

Mesmo !

GM

domingo, 10 de novembro de 2013

Da boa Januária vem a ótima Caribé


BH, como sempre, se ocupou de mim tanto quanto deveria. 

Desta vez não foram apenas os bons negócios conquistados e nem apenas a gastronomia perfeita... cheirosa.  Tivemos tempo, desta vez, para uma rápida passada no mercado central, e  lá nos ocupamos de BH, tanto quanto deveríamos fazê-lo.

Conheço e respeito a cidade de Salinas e de suas manhas, me abasteço regularmente.  Suas cachaças são quase perfeitas e delas não desfaço e nem rejeito.

Mas Januária tem minhas preferências e quase toda minha atenção etílica, em termos de cachaças.

Brejo do Amparo, como já foi chamada, guarda nas entranhas da terra úmida do São Francisco, os segredos seculares da produção da boa cachaça.

Pessoalmente gosto da Caribé.  Mas existem muitas e boas.

Pois foi no mercado municipal de BH que consegui me abastecer de uma boa safra de Caribé.  Garrafas que vão durar muito mais que um trago.

A cachaça é perfeita !  Suave, doce e aromática.  Ao abrir uma garrafa, se você fechar os olhos, os aromas que ela exala vão te levar voando direto para dentro de um canavial.

Aromas intensos e doces.  Pura cana !

Recomendo a boa e velha Caribé, mas só um pouquinho e apenas se você tiver mais de 18 anos !

Caso contrário, falaremos mais pra frente das Tubaínas, outra doce tradição brasileira !

GM


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Um ainda Belo Horizonte

BH continua entre os meus destinos preferidos, entre os destinos urbanos que Pindorama tem.

Gosto de sua gente, suas panelas, suas cachaças, suas coxas e, principalmente, sua fala cantada.

Até breve !

GM

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

As 10 mulheres mais lindas dos últimos 100 anos

Toda lista já nasce injusta.

Qualquer ranking, coleção, arrazoado ou mesmo pilha de ideias, já vem ao mundo inconsistentemente, exatamente como o nariz daqueles que fizeram a essa mesma lista.

Eu mesmo, aqui neste blog, já  fiz as minhas.

Sim, amigos, meu nariz também inconsiste, e muito !

Mas  hoje, os editores da revista Bula (www.revistabula.com) foram além de qualquer narigada previsível (que me perdoe  aqui Cirano de Bergerac).   E aquém, muito aquém, de qualquer civilidade estética.

Primeiro, editaram uma lista de beldades seculares sem me consultar.  Um absurdo !!

Depois, fizeram o trabalho com primas e requintes  de injustiça.

Que falta de senso plástico, ou, no mínimo, de democracia sensual ! Perguntassem a mim, ora bolas !  Mas não o fizeram !   Míopes, do potencial de minha colaboração !

Mas na verdade, a lista só tem cavala, como  diria meu nobre  amigo Micai.   E eu concordo !  Uma cavala  mais  espetacular e mais galopável que a outra, mas, de fato, e infelizmente, nenhuma brasileira !

Rasguem-se, pois, todas as listas !  O Brasil é a mátria e a pátria das mais belas guloseimas biológicas do sexo feminino ! Nestas terras brazucas, Deus ousou  criar e recriar o rebolado mais apetitoso do mundo !

Sim !  Somos a  terra das gostosas e das bonitas !  Graças a Deus e ao finado e saudoso Vinícius de Moraes, que do assunto entendia e praticava como poucos.

Mas que lista é esta ?

Grace Kelly, em 10º - Delícia angelical !
Catherine Deneuve, em 9º - Gostosura ambulante !
Charlize Theron, em 8º - Bockbuster de todas as tetas !
Marilyn Monroe, em 7º - Mãe de todos os  desejos masculinos !
Monica Bellucci, em 6º - A morena mais espetacular da face da Terra !
Audrey Hepburn, em 5º - Sensualidade sofisticada!
Brigitte Bardot, em 4º - A boca mais desejada da história !
Sophia Loren, em 3º - O tipo de mulher que enlouqueceria qualquer um !
Claudia Cardinale, em 2º - O umbigo mais perfeito do universo !
Jenniffer Connelly, em 1º - Já era deliciosa desde os tempos do filme "O Labirinto", com David Bowie.

Uma beleza de lista, não acham ?

Eu tenho apenas uma pergunta sexual: CADÊ A SÔNIA BRAGA ????

Injustiça  !  Uma bela e gostosa Injustiça !

GM




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes

Homenagem simples, como ele era em vida.

Vinícius foi poeta menor. Maior era sua obra.

Tenho várias razões para gostar muito das letras e da  poesia de Vinícius de Moraes.   Não vou citar nenhuma aqui.

Vou apenas ouvir "Garota de Ipanema", a segunda música mais executada, reproduzida e versionada do mundo (atrás apenas de "Yesterday", um block buster apocalíptico).

Desde os idos de Guido D'Arezzo poucos deram contribuição tão simples e tão bela à musica mundial.

Coisas de Ipanema, mas da Gávea Também !

GM

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

E o que seriam mais 04 anos de PT, à frente do executivo federal ?



Aos meus arraigados e vermelhos amigos, peço desculpas antecipadamente, mas, ideologias à parte,  04 anos adicionais de PT em DF, seria como uma mistura de "Viagem ao Fundo do Mar", com "Perdidos no Espaço".

Quem viu, entendeu e quem viver, verá.

Nos encontramos, então, no Brasil de  lá, se sobrar alguma coisa !

GM

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Santíssima Trindade...do terror !


Cinema.

Para muitos, a sétima arte !

Para tantos, como eu, terapia e desconexão necessária com o mundo real.  Melhor, muito melhor do que Lexotan 6 mg.

Gêneros no cinema ?  Muitos.  Ação, ficção, romance. aventura, drama, suspense, documentários, musicais  e, também, o bom e velho terror.

Me ocupo de todos os gêneros, mas tenho um carinho besta e especial pelo gênero terror, aquele que terrifica.

Em conversa com meu filho, tentei organizar uma lista ideal dos melhores filmes de terror que pude assistir, pasmar, gritar e correr.  De brincadeira, lembramos até de uma bela frase anônima, que cristaliza bem o  sentimento do cinéfilo, pelo gênero terror:

"...ficar em casa à noite sozinho é muito bom...até  você  escutar o  primeiro barulho  estranho...".

Ótima frase para quem gosta de sentir um medinho, vez em quando.

E a  lista ?  Seria (e é...) injusta, como todas as listas. Mas, qual o que?  Melhor  fazê-la e aguardar as pedras, do que não  fazê-la, e tropeçar nas mesmas.

Fi-la, então, se me permite aqui o espírito de Jânio Quadros, a emenda de um jargão tão peculiar.  Fiz a lista  sem  pensar  na lista e tentando lembrar, aí sim, dos  próprio filmes:

1. Halloween (1978) - Sensacional...apavorante !  Trilha sonora  digna de encaminhar qualquer um para uma terapia de 10 anos, de tão arrepiante que é !   Direção de John Carpenter e marca a estréia  de  Jamie Lee Curtis nas telonas.

2. O Exorcista (1973) - Medonho...congela o sangue na carótida !  Até hoje me apavora. Recomendo para reaproximar casais que precisam de um pretexto  para dormir agarradinho...neste caso, o pretexto será o medo mesmo !

3.  O  Bebê de Rosemary (1968) - Obra-prima de Roman Polanski com interpretação perfeita de Mia Farrow.   Um filme digno de um tratado de psicanálise ! Terrificante e apavorante, perfeito para uma bela, fria e medonha noite chuvosa.

Por favor, assistam sim, mas acendam as luzes antes de dormir  !

GM

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O caminho é seguir por ele, um passo de cada vez

Aprendi desde cedo a dar  o melhor de mim mesmo em tudo o que faço.

Mais recentemente aprendi a entender a força daquilo que é  suficiente, sem me importar se é o que esperam, ou se é o necessário.

Entrego apenas o meu melhor, nos meus limites, lidando bem com as forças da suficiência.  A própria palavra explica bem isso.

Aprendi também a esperar confortavelmente os resultados, sabendo que eles não poderão me afetar mais do que o de costume.

Ouço uns discos.  Abro uns vinhos.  E tudo se ajeita.

Na verdade sempre foi desse jeito, eu é que não percebia, não via e não ouvia.   Agora eu ouço o silêncio.

Ao meu lado, mulher, filho, família e amigos, os de lei. 

Pela frente, os caminhos.

Sigo sabendo que nada se controla, mas tudo se aceita.

Respirando.

GM

domingo, 29 de setembro de 2013

Faroeste Caboclo, 26 anos depois


A primeira vez que tive contato com "Faroeste Caboclo", não foi através da música.

Tenho certeza de que ainda não havia escutado a  música, quando, em 1987, li no JB uma matéria no "Caderno B", que apresentava ao grande púbico, o fenômeno que a música havia se tornado.

Uma matéria que teve de minha parte, quase nenhuma atenção.

Eram idos de 1987 e naquela fase, eu era então guerrilheiro e combatente da ativa atuando nas fileiras da MPB.  De Chico a Vandré, eu só ouvia acordes dissonantes e letras, pelo menos um pouco, complexas.

Ainda bem que pouco tempo depois, me tornei um ouvinte mais flexível e, por isso mesmo, mais completo.

Mergulhei de cabeça no movimento BRock e me achei nos acordes mais simples e crus de plebes e rudes, que faziam a cena voadora do RJ pré-Rock in Rio.

Sim, eu estava lá !

Li a matéria e pirei completamente.  O repórter falava da coragem da letra, da simplicidade harmônica e da beleza brasileira, contemporânea, escondida nas entrelinhas.

Era poesia concreta, e eu, na época, não me dei conta disso.  Era Bob Dylan e seu furacão e eu, também, não me dei conta disso.

Semanas ouvindo o hit na Fluminense FM (saudades...) e também espetando o LP da minha irmã na bela pick-up que ela tinha, foram suficientes para me santificar.

Se eu já respeitava Legião por "Andrea Doria", "Acrilic on Canvas" e "Baader Meinhof Blues", passei a canonizar a banda, após entender as entrelinhas de João de Santo Cristo.

Naquela época, quando escutava a música, várias imagens me vinham a cabeça.  Como num filme, a cena do duelo, a cena de João chegando em DF e a cena de uma rockonha qualquer, sempre eram imaginadas.

Engraçado foi assistir a essas cenas, vendo o filme hoje e comparando com as imagens mentais que eu produzia em 1987.

Um pouco decepcionado e, também, um pouco surpreso, muitas cenas seguiram o meu roteiro mental, tão próprio, e outras não.

Tudo bem.

Mas de fato fico com a sensação de que o roteiro era meu, as imagens, minhas, e toda aquela estória compartilhada na época, in loco, por mim, eram posses também.

Era como se eu fosse dono da estória por detrás da letras, e como se eu estivesse muito ofendido por não ter sido ouvido pela produção, antes da letra virar filme, e da música virar trilha.

Um pouco mentira e um pouco verdade, afinal, eu fui apenas mais uma, entre tantas outras, testemunhas vivas daqueles dias.

Sorte a minha.

Vi o filme hoje,  26 anos depois de ter tido contato com a música e de ter aprendido seus 02 acordes básicos e ter decorado sua letra épica.  Parece que foi ontem.

Gostei do filme, e me senti um pouco nostálgico, mesmo discordando de alguns exageros na estética e na linguagem.  Aprovei o trabalho, me sentindo um pouco parte daquilo tudo.

Sim. sorte a deles.

GM

sábado, 28 de setembro de 2013

Zimbo Trio e Doobie Brothers


Por que será que ninguém, ou quase, mais ouve Zimbo Trio ?

Talvez, pela mesma razão que poucos de hoje ouvem Doobie Brothers.

Enquanto o excepcional trio brasileiro se inspira no samba e no jazz, para criar uma música única, talvez só comparável ao trabalho de Milton Banana, a grande banda americana funde o blues, o gospel e o rock e nos presenteia com uma música de primeiríssimo nível.

Mas quem liga pra isso ?

Pra eles e para Tom, Chico, Caetano ?  Bob Dylan, Stones e Beatles ?  Quem os ouve ?  Ou melhor, aonde os ouvir ?

Digo e repito que desde anos nossos ouvidos tem sofrido um sério processo de imbecilização, que é devido, entre ouros motivos, a necessidade da indústria e a falta de espaços correntes.

A indústria musical, digo, a barata, precisa vender e, para isso, ocupa os espaços, com tudo o que na minha pequena opinião, não presta.

Tente ligar o rádio.  Esqueça...

Experimente a TV. Ridículo...

Como nem todos tem a oportunidade de ouvir em casa algum material decente.  Como nem todos tem acesso a uma pequena coleção ou mesmo a uma pilha de discos velhos, sobra o que o sistema manda.

E o sistema está produzindo muito, de nada e divulgando muito, também de nada.

O meu alerta é simples: as mentes dos jovens de hoje, os mesmos que serão os senhores de amanhã, estão sendo dia-a-dia reduzidas a uma massa sem crítica.  Imbecis manipuláveis a espera do próximo jargão e do próximo refrão.

A música é apenas um exemplo.  Procure produção consistente, hoje, na literatura, no cinema ou na TV.  Perda de tempo.

Tudo está banalizado.  Tudo é axé.  Tudo é raso e simplesinho, afinal,  se não fosse assim, nossos jovens, muitos deles, não seriam capazes de entender.

Complicar é demais.  Não !  De outro modo, eles seriam obrigados a pensar.  E isso, hoje, parece ser um absurdo.

Acordar é preciso, ou nosso próximo presidente da república pode ser um cidadão chinês e não me refiro a etnia, e sim a cidadania.

Axé, Brasília !

GM

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O dia em que o Brasil morreu


Muito bem amigos, o previsível aconteceu.

Embargos infringentes. Termo jurídico para rotular a morte da cidadania e o renascimento da esperteza e da vilania.

Só para registrar, esperteza é toda a forma de inteligência sem ética.
Agora, o emaranhado jurídico se tornou mais importante do que o fato gerador.
Ora, os crimes ocorreram ?

Sim. Formação de quadrilha. Improbidade administrativa. Desvio de recursos públicos. Peculato. Abuso do poder político.

Sim, os fatos ocorreram, mas o urdume técnico se encarregou de emaranhar a verdade numa trama capaz de enojar até os céticos.

Senão, vejamos: ocorrendo sim os crimes, e estando sim condenados os réus, dá-se direito a eles, criminosos, a um segundo julgamento, pelo simples fato de terem ocorrido, durante o julgamento original, votos contra a execução da pena.
 
04 votos.
 
Ou seja, então, em não se havendo maioria de votos a favor da condenação, acha-se a brecha esperta para a ação dos malandros de plantão.

Experimente então, você, pobre eleitor, não pagar mais seus impostos. Espere pois,  por sua própria e célere condenação e, após isto, ouse lançar mão dos seus "direitos" aos embargos infringentes.
Sabe bem o eleitor incauto o que vai acontecer. Sua voz vai ser abafada e seus direitos a embargos serão embargados.

O benefício que se dá ao Zé Povinho é menor, muito, e diferente, demais, da brandura que se dá ao Zé Dirceu, e aos outros 11 condenados.

Sim, parece cinema, mas não é.

Graças a este efeito Denorex, daqui pra frente, assassinos, ladrões, estupradores e delinquentes em geral, estarão protegidos pela aura pura da jurisprudência, enquanto o cidadão, simples,  pagador de impostos se resumirá a insignificância de sua própria existência política.
 
Então, o que nos resta ?  Nada !

Então, isto posto, quero aqui, agora, de forma simbólica, emocionada e triste, RENUNCIAR A MINHA CIDADANIA BRASILEIRA !

A partir de agora seguirei sem pátria, entre as cidades da terra mãe do ICMS, IPI, IR, ISS, das contribuições sindicais, taxas de luz, de água, de telefone, do lixo e de todos os outros impostos que, juntos, retiram da mesa da minha família, a dignidade que meu pai legou, a mim, em seu nome.

A mesma dignidade que eu queria tanto legar ao meu filho, em meu nome, mas que acredito não ser mais possível.
Então, o que me resta ?
 
Seguir em frente, mudo, em meio a tanto lixo político e institucional, tendo a certeza, de que em meu ex-país, cujo nome já me envergonho de escrever, o CRIME COMPENSA.
 
E muito.
 
GM

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Luiz Maurício Pragana dos Santos e o Rock in Rio


A imagem que abre este artigo é romântica e emblemática.

Um jovem Lulu Santos, dividindo o palco do  Rock in Rio 1, com o talento e o sax tenor de Leo Gandelman. 

Imagem rara !

Me lembro bem que, após a sua primeira apresentação no Rock in Rio 1 (no já distante ano de 1985), Lulu Santos recebeu críticas pesadas quanto a sua atuação.

Colossos da imprensa, como por  exemplo o JB do Rio, aludiram a Lulu como "apático e sem brilho", ou algo como isso, se não me rasga a memória. 

Pena não ter guardado aquela edição.

Já após a sua segunda apresentação Lulu teria sido ovacionado, elogiado e erguido ao panteão dos grandes instrumentistas e artistas de sua geração.

Justiça divina ao Luiz Maurício, ex-Vímana, e que na abertura do festival teria sido barrado na entrada do backstage por um truculento segurança, que, lendo o nome na credencial não pôde reconhecer em Luiz Maurício Pragana dos Santos, o talento do jovem Lulu.

Estórias do festival !

Na edição deste ano (sim...estamos em 2013 !), Lulu foi homenageado pela  banda pop Jota Quest, assim rebatizada por Tim Maia, pois os mineiros eram originalmente os "J. Quest". 

Uma justa homenagem a um dos pais do pop-rock brasileiro, Lulu.

Guitarrista exímio.  Violonista prá lá de competente.  Letrista.  Cantor.  Performer de palco e péssimo apresentador de TV, Lulu é uma das bases estruturais do movimento BRock e, também, um dos pilares históricos do festival.

Sua música tem qualidade e merece ser ouvida, dentro e fora do Rock in Rio.

E o que falar do festival ? O que falar de um Rock in Rio que se desvia da mátria roqueira e  se perde pelos caminhos do pop, do funk, do axé e do nada ?

Diria apenas uma última frase: o festival, ou o que ele se tornou, não é  digno de seu público, não é digno de nossa audição e, também, não é digno do bom e quase velho Luiz Maurício, cuja música vai continuar por  aqui, muitos anos depois que o Rock in Rio se tornar lembranças e estórias de backstage.

Quem puder ouvir, verá.

GM





terça-feira, 10 de setembro de 2013

Seguindo em frente !

A única certeza da vida, pelo menos, da minha, é o hoje.

E todos esses hojes que permeiam a existência, pelo menos, a minha, eu quero viver com família, amigos, bons discos, bons livros, bons filmes e um bom vinhozinho, por que ninguém é de ferro.

É nesta caminhada que eu sigo em frente !

O resto ficou pra trás.

GM

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Andanças em BH...Status na Savassi

A música, os livros, a arte, a gastronomia e o estar de bem, tem endereço certo em BH.

O bar-restaurante-café-espaço-livraria-galeria-museu Status, abriga todos os seus amantes, devotos e descolados.

O espaço vem existindo e resistindo por muito tempo.  Já se passaram 04 décadas e os ideais de boa música e boa atmosfera, continuam contaminado todos, ou quase.

Estava em BH, trabalhando, na companhia do jovem e novo amigo Raphael, com quem divido os louros pela decisão de pararmos para jantar no Status, grata decisão.

Um espaço incrível, com decoração cult, acervo beat e frequência bossa !

Sentamos junto a honestas mesinhas de calçada e por sorte, nossa mesa era homenagem a Paulinho Pedra Azul.  Degustamos justíssimas cervejas geladas, saboreamos o mais fiel dos cardápios mineiros e ouvimos um sensacional (e gratuito) quarteto de jazz-bossa, inspirado no que de mais sensato existe em termos de música instrumental.

Fica na Alameda Pernambuco, na Savassi, no coração de BH e pertinho do Rio, de Sampa, de Manaus e Porto Alegre, basta festejar.

E olha que eu apenas queria comprar uns discos (coisa que o fiz) na loja CD-acústica, do amigo Camelo, na esquina da Tourinho com Getúlio Vargas.

Pernambuco não estava nos nossos planos, mas valeu à pena.

Recomendo.

GM

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Quando conheci o Gospel que habita o rock, o blues e o jazz

Não gosto de ir trabalhar em São Paulo, Capital.

A cidade é muito grande.  Muitos carros.  Muitos caminhões.  Muitas empresas, lojas e fachadas.  Muito de tudo...e pouca gente.

Mesmo contrariado, sou levado por força das obrigações e convicções profissionais a estar na capital paulista, no mínimo, cinco a sete dias por mês.

Mas, sim, sei como aproveitar a ocasião.

Sempre que possível, cuido para que a agenda seja tal que, lá pela hora do almoço, eu possa estar no Centro, ou quase isso.

Hoje não foi diferente. 

Consegui arranjar uma forma de almoçar no Centro velho de Sampa, num simpático e antigo restaurante pertinho da Praça da República.  Comi bem rapidinho e iniciei uma boa caminhada em meio a todo aquele barulho e energia dispersa.

Meus passos, certeiros, me levaram até a entrada da já dileta casa de discos do Alceu, esquina com a Travessa Agenor.

De lá, sou cliente quase antigo.  Ou assim me acho.

A loja lembra muito a ficcional loja de discos do filme "Dirceu Discos".  Uma pérola do surrealismo do cinema nacional.  Quem ainda não assistiu, precisa evoluir.

Entrei na loja e fui solenemente ignorado por todos que lá estavam.  Quase quatro pessoas, se papagaio fosse gente.

Vi o Alceu perto do balcão e logo me acheguei dizendo que era o tal "Giba de Itu", cliente dele e coisa e tal.  Por suposto que ele não me reconheceu, visto que sequer me dirigiu um olhar mais delongado que meio segundo, por cima de seus velhos óculos de leitura.

Sujos e gastos, como o velho Centro de São Paulo, a capital das bandeiras.

Perguntei se havia na loja alguma novidade, algo diferente para se ouvir.  Posto que dito, o velho Alceu apontou com os beiços uma pilha de discos, bem à esquerda do balcão.

Esmiucei um-por-um e valeu à pena.

Achei um disco muito antigo.  Prensado em 1959.  Muito bem conservado com sua capa quase intacta e seu vinil quase virgem, como as meninas deveriam ser.

Era um belíssimo disco de música Gospel americana, com uma foto gasta da Mahalia Jackson na capa. 

Que achado !

A primeira vez que ouvi de verdade música Gospel foi em 1998.  Estávamos, eu e Dri, em Nova Iorque para uma semana de férias.  Fizemos vários passeios na cidade e fomos, à pé, desbravando a Big Apple, usando nossa coragem e dois pares de tênis confortáveis.

Um dos passeios era uma visita a uma igreja, no Harlem, para assistir uma missa Gospel.  Era a Mount Mariah Baptiste Church, que fica no finalzinho (ou início) da 5ª Avenida.

Chegamos de mãos dadas e no acomodamos.  Havia uma energia boa no ar.  A velhas senhoras andavam lentamente ostentando belos chapéus na cabeça e um jeito de olhar firme e atento.

Logo o culto começou.

As músicas eram cantadas com paixão.  Canto e contracanto.  Solo e coro.  A assistência acompanhava com palmas, gritos e mais coro.

De instrumentos, apenas um velho contrabaixo acústico, um piano surrado e uma guitarra de blues.  Todo o resto eram vozes e palmas.

Pirei completamente !  Enlouqueci de verdade !  Fiquei sem fôlego durante toda a missa !

Dias depois, já no Brasil, não conseguia tirar da cabeça aquelas melodias, aquela incrível harmonização vocal e toda a emoção verdadeira daquela gente bonita.

Lógico que havia ali, naquela igreja,  um tom ideológico e religioso.  Mas a beleza da música se sobrepôs as isso.  E foi o que eu vi.

Até hoje adoro Gospel.  Assim mesmo, com "G" maiúsculo, pois aprendi que o termo vem de God Spell (Deus Fala)...e quem tiver ouvidos para ouvir, assim o consegue.

Além da contribuição pesada que o Gospel deu à formação natural do Jazz, do Blues e, depois, do Rock, adoro o Gospel por sua sonoridade e beleza espiritual, sem apelação comercial.

Não é por acaso, que o próprio Gospel surgiu a partir de uma música mais antiga, bruta e forte, os Spiritual.

Mas isso é conversa para outro dia...Hallelujah !

GM








segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Razões pelas quais se desconhece o infinito poder da TPM

21 anos.

21 anos ininterruptos de relacionamento amoroso, sexual, fraternal e de uma cumplicidade doméstica que  muito, muito mesmo, supera o reles cumprimento das contas mensais.

21 anos são 252 meses de convívio.  7.560 dias de teto.  181.440 horas de supermercados, shoppings e lojinhas.

Nelson Rodrigues disse uma vez que, potencialmente, o pênis do marido se habitua às dimensões da vagina esposada, no que, concordo, encabresto e  não resmungo.

Mas e quanto a TPM ???

Insofismável questão feminina, que faz caução segura de todo incauto nubente masculino.

No meu caso, até agora, são 252 TPM's consecutivas, pontuais, frequentes, disciplinadas e intensas...muito intensas !

Neste exato momento, o Poseidon dos hormônios se faz presente em nossa humilde morada !  Sim, é uma tormenta tropical infinita, que vai durar três dias precisos.

Arquimedes não seria tão correto.

É nesta hora que eu, covarde e inteligente como um garnisé, me afasto de Poseidon e busco a companhia de Dionísio, na esperança que os mares se acalmem e os hormônios se tornem mais navegáveis.

Haja casco e haja barco !

GM



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Folk, para quem puder ouvir


Dizem que que a música folk não tem pai e mãe.

Assim, juntos, pai-e-mãe.  Dizem, de fato, que a música folk não tem disso.

Eu concordo, discordando, e acrescento mais um conceito: a música folk tem pai-e-pai.  Assim mesmo, juntos, pai-e-pai.

Dizem que o pai do folk moderno foi Bob Dylan.  Eu digo, Bob Dylan sim, porém,  antes de ele deixar de ser ele mesmo.

Antes de "Highway 61, Reviseted". 

Falo do tempo em que Bob, ainda era Dylan.

Sim, Bob, enquanto Dylan, foi um dos pais do folk moderno.

Dizem que Donovan é uma imitação de Bob Dylan.  Pura palhaçada !

Preconceito musical de quem não entende o modo de como conceitos originalmente criados podem se tornar mais elásticos, nas mãos de outrem.

Donovan é Donovan e é também o outro pai do folk moderno.  Sou prova disso e testemunho em qualquer tribunal, posto que agora mesmo ouço "Colours", pérola de 1965, apenas "ontem", na cronologia do folk.

O escocês Donovan fez e faz um folk original, com uma pitada de requinte celta.  Seu som soa como um lamento de arranjos fortes nas cordas, na harmônica e nas letras que contam estórias.

Parece Bob Dylan, mas é melhor, e pior às vezes. 

Exatamente como Bob Dylan costuma ser, às vezes, um arremedo de si mesmo.

Para que se interessa por música de qualidade, recomendo que se interesse também por Donovan, pai do folk moderno, assim como Dylan costumava ser.

GM

domingo, 11 de agosto de 2013

Um ótimo disco que merece ser ouvido e escutado !


Joe Cocker é uma das lendas do rock e do blues.

Eu simplesmente não fazia a menor idéia de que, naquele dia, saindo da loja de discos do amigo Riva, em Campinas, eu levava em mãos algo mais do que um simples disco de Joe Cocker.

O nome do disco sugeria que fosse apenas uma coletânea: "With a Little Help From My Friends", clássico dos FabFour, que foi imortalizada na voz de Cocker no lendário festival de Woodstock.

Pensei ser uma bobagem comercial, pois o disco tinha cara de coletânea, contendo músicas lindas e hits históricos de Bob Dylan, Lennon & McCartney e Dave Mason.

Mas não era nada disso.

Achei o disco tão bom, que resolvi pesquisar e descobri que aquele era o primeiro disco de estúdio do Joe Cocker.  Disco que definiria seu estilo e sua obra a partir daí.

Um baita disco lançado em abril de 1969 e que teve participações de monstros como Jimi Page e Stevie Winwood. 

Além da faixa título, ouvi até cansar "I Shall Be Released" (que também teve versão primorosa com o The Band) e "Dont't Let me Be Misunderstood", imperdível !

Recomendo muito !

Vai ser difícil encontrar este vinil em bom estado, tive muita sorte, mas se o amigo leitor tiver curiosidade, acho que existem outras formas de se conhecer este material.

Boa busca !

GM

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sonny & Cher e Ike & Tina Turner

 
 
A música e o trabalho de Sonny Bono e também o de Ike Turner, não existiriam sem as vozes e o carisma de suas musas, Cher e Tina Turner.
 
Mais do que musas, essas mulheres maravilhosas e cantoras quase perfeitas, representaram o que de mais belo e estético havia no trabalho de Sonny e Ike.
 
Músicos geniais, poetas sensíveis, inovadores na arte do som, Sonny e Ike seriam apenas mais um capítulo na estória de criatividade e explosão sensitiva que foi a indústria fonográfica norte-americana (dos anos 60 até antes do fenômeno pop dos anos 80) se não estivessem juntos da beleza, da competência vocal e da divindade de Cher e Tina.
 
Mas Cher e Tina tiveram papeis diferentes, infelizmente.
 
Nas mãos do louco Ike Turner, muitas (e muitas !) vezes, Tina serviu de saco-de-pancadas em nome de um  desvario e uma loucura sem medida.
 
Surras.  Muitas surras.
 
Essa linda mulher apanhou, apaixonada.   Caiu calada.  Sofreu solitária e quase em vão, nas mãos de um homem que eram seu  amor e, ao mesmo tempo, ídolo musical.
 
Uma tragédia, em todos os sentidos.
 
Foi preciso aturar anos de covardia até que surgisse a coragem para dizer não, e seguir em frente sozinha, numa carreira solo de sucesso e reconhecimento mundial.
 
Cher teve uma estória diferente e viveu o quanto durou sua relação com Sonny, gravando grandes discos e  se fixando como referência no country e no folk.
 
Tina se transformou num monstro sagrado da música pop e Cher brilha, mais ainda nos dias de hoje.
 
Elas seguiram em frente em carreiras solo na música e  na vida.  Valorizadas como artistas e respeitadas como seres humanos e  mulheres. 
 
E que mulheres  !
 
GM
 
 
 
 
 


terça-feira, 30 de julho de 2013

A legalidade da ilegalidade

Experimente atrasar seus impostos.  Multa.

Experimente não pagar a multa.  Cadeia.

Deixe atrasar a conta de luz.  Escuridão.

Não pague água, telefone ou escola dos filhos.  Sede, mudez e ignorância.

Esqueça seu plano de saúde.   Morte no SUS.

Para qualquer cidadão brasileiro,  comum, civil e sem o privilégio de fórum, haverá  o rigor das leis e  a força do braço punitivo do Estado,  para ajeitar as coisas, com a força de uma marreta.

Impune, ilegal e  gozando de todos os privilégios, somente o deputado ou senador que, contrariando a constituição, foge de férias sem votar a lei de diretrizes orçamentárias.  E que posterga sua  volta ao trabalho, que deveria ocorrer numa quinta-feira, somente para a próxima terça-feira.

Fazer o que em Brasília numa quinta-feira ?  Trabalhar seria uma ótima ideia !

Nosso congresso é uma piada, um escárnio, uma bobagem.  Algo pra ser esquecido, pra sempre.

GM

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dominguinhos, um gênio que se vai


No país do funk e do lalaiá-lalaiá, está cada vez mais difícil encontrar espaço para a música de beleza e de fundamento.

Uma pena.

É quase impossível encontrar uma espaço público, uma FM, um canal de TV aberta ou uma casa de espetáculos, que se dedique ao samba, ao jazz, a bossa, ao xaxado, ao rock ou mesmo ao pop do bom.

Outra pena.

E para agravar este cenário, nossos últimos baluartes da boa música estão nos deixando.  Partindo desta vida e existência, para outro plano, ao menos, livres do funk e das bundas axenianas.

Haja pena !

Nos despedimos agora de Dominguinhos, o gênio das harmonias e da divisão.  Um instrumentista de altíssimo nível, com uma intuição musical superior a qualquer erudição pretensa.

A primeira vez que ouvi Dominguinhos, não era Dominguinhos.  Era a canção "Abri a Porta" na voz da banda baiana "A Cor do Som", uma das melhores de sua geração oitentista.

A música, linda e suave, me conquistou de imediato e despertou minha curiosidade para aquele compositor.  Depois disso vieram grandes sucessos, e o que mais ouvi e mais traduz Dominguinhos, na minha opinião, é "Isso Aqui Tá Bom Demais", que ouvi a primeira vez na versão do dueto com Chico Buarque.

Uma música emblema dos fins dos anos de chumbo.

E foi-se Dominguinhos, quanta pena, e quanto mais terão nossos ouvidos que sofrer até que venha uma nova e verdadeira renovação na música brasileira.

Até que isto aconteça, penaremos entre funkeiros, axenianos e outras bobagens vendáveis.

GM






quinta-feira, 18 de julho de 2013

Juventude Transviada

Péssima tradução para o título do mais emblemático filme de James Dean: "Rebel Without a Cause"...pergunte a Roger, o ultrajante.

Confuso título para uma das mais belas canções de Luiz Melodia,  que lavando roupa, misturava o samba ao blues.

Perfeita alcunha para imbecis de hoje, que se deslocam aos montes, consumindo vodka, ouvindo funk, tirando fotos para redes sociais e deixando em cacos o que ainda restava de nosso país.

Juventude, imbecil e transviada.

GM

domingo, 14 de julho de 2013

Um filme inspirador


Assisti, com 06 meses de atraso, a um dos mais emocionantes e  inspiradores filmes dos últimos anos.

"Chasing Mavericks" conta  a estória da vida de Jay Moriarity, que abalou o mundo do surf ao conseguir, com apenas 16 anos de idade, surfar ondas monstruosas com mais de 12 metros de altura.

Além da façanha como atleta, o filme, simples, bem rodado, sem os clichês de surf boys, mostra a personalidade de Jay, um jovem que crescia num ambiente de severa pobreza, sem pai, trabalhando à noite e treinando madrugada por horas a  fio.

Determinação, honestidade e dedicação são os pilares deste filme, que conta a estória real de um jovem que viveu uma breve existência, dando exemplos de vida dignos de um homem mais experiente.

Gerard Butler está impecável no papel de mentor do jovem Jay.   Entrou no personagem e fez bonito.

Recomendo.

Att

GM

domingo, 7 de julho de 2013

Anderson Silva e a crítica política dos jovens brasileiros

Anderson Silva perdeu uma luta.

A 1ª dentro do circuito UFC e a 5ª em sua carreira vitoriosa. 

O que aconteceu naquela luta só ele mesmo é que sabe.  Nós sabemos apenas aquilo que pudemos ver, ou melhor, payperver, pois as transmissões de suas lutas são artigos caros e de acesso quase restrito, quando ao vivo.

Anderson Silva entregou a luta ?  Esnobou o adversário ?  Subestimou os riscos ?  Ofendeu o esporte ?  Negligenciou o treinamento ?  Passou mais tempo nos estúdios de cinema e menos tempo na preparação para a luta ?

Não sabemos.  Ele sabe.

Mas há de se aprender uma lição com este episódio: toda vez que houver falta de profundidade, de consciência, de entrega e de atenção em relação a qualquer tema importante, a derrota é certa e inevitável.

Agora mesmo, enquanto muitos posam na militância da causa e da consciência política, emoldurando cliques para álbuns de fotos de redes sociais, a boa e velha casa legislativa de nosso país cuida para postergar o que for possível, em termos de reformas, decisões e mudanças estruturais. 

Ao mesmo tempo em que, velhos políticos de plantão, articulam dar ao povo, e a esta nova, surpreendente e recém criada jovem massa politizada, um pouco mais de pão e um pouco mais de circo.

Falta, sob pena de perdermos toda a energia até agora depositada no movimento, estruturar, liderar, organizar e acompanhar as demandas propostas e, já, as pequenas conquistas também.

Quem viver, verá.

GM

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que aprendemos com a Passeata dos Cem Mil ?


Hoje não é o dia 26 de junho do ano de 1968, mas bem que poderia ser.

Nosso país não está em guerra, mas bem que poderia estar.  Numa guerra institucional e pelo retorno da democracia efetiva.  Numa guerra ideológica, contra a ditadura da corrupção e contra o descaso impune.

Não estamos reunidos junto a secular igreja da Candelária, no centro histórico do Rio e nem caminhamos de braços dados, desde a Cinelândia até o Paço, na companhia de todos os que, naquela época, ousavam exercer alguma cidadania.

Gente comum, como qualquer gente.  Estudantes, profissionais, músicos, cineastas, professores, escritores e jornalistas.  Gente que tinha coragem ou que simplesmente ignorava o cerco de fardas.

Nossas caminhadas de hoje, apesar de iguais,  são diferentes daquela passeata histórica de 45 anos atrás.

Naqueles tempos, haveria ainda muito o que caminhar, não fosse pela força da ação repressora.  Nos tempos de hoje, ainda há muito o que organizar, falar e ouvir, em termos de definir claramente o que se demanda, e como atingir a mudança.  Há espaço de sobra, o mesmo espaço que não havia 45 anos atrás.

O mundo mudou, desde a passeata dos cem mil. Hoje, nossos dias não são românticos como os dias de 1968. 

Os Beatles se separaram.  O Funk calou a bossa.  Pelé não faz mais gols.  Drummond se desfez em poesia, enquanto Chico, Caetano, Tom, Elis, Gil, Gilberto, Toquinho e Vinícius se apertam em prateleiras de espaços cada vez menos visitados.

2013 é um lugar mais frio, mais feio, mais tecnológico, mais urbano, mais rápido, maior, mais largo e mais conectado.  E graças a isso mesmo, marcharam em 2013, não cem mil, mas sim, mais de um milhão de vozes.

E graças a esta solidão de 2013, tão peculiar aos jovens, e por eles tão compartilhada e tão dividida, é  que se foi possível derrubar uma PEC, revogar atos administrativos e colocar a pauta das ruas na ordem do dia, lá em Brasília.

Hoje, onde falta organização, sobra energia, juventude e indignação.  Talvez por isso mesmo podemos comemorar algumas vitórias iniciais. E com certeza, por isso mesmo, há de se cuidar para não perder o foco da caminhada.

Aquele que caminha sem rota definida se perde em muitas possibilidades.

E se assim for, talvez, daqui a 45 anos, num mundo ainda mais asséptico, ligeiro e distante, meu neto estará lendo alguns bites sobre estas manifestações do "Basta, Brasil !" de 2013.  Provavelmente irá  perguntar ao meu filho, o que foram estes dias de luta e o que foi, de verdade, o  junho de 2013.

Assim como eu gostaria de ter perguntado ao meu pai, sobre o junho de 1968.

Improvável saber o conteúdo desta conversa, como  incerto é imaginar o futuro que nos está reservado, se as mudanças de hoje não forem sérias, organizadas, documentadas, publicadas, acompanhadas e cobradas por todos nós.

Sem organização e direção, haverá uma grande reversão política, orquestrada pela bela e sedutora força do discurso e manipulada pela mídia, com o apoio das verbas de gabinete. 

Neste cenário, teremos então que, de novo, voltar a junho de 1968, e de novo marchar pela Cinelândia, pela Paulista, pela Glicério e por onde houver espaço para recomeçar, pois na pressa do jovem que realiza, teríamos criado um novo fundamento, esquecendo de erguer seus próprios pilares de sustentação.

Há  de se cuidar quanto a isso.

GM

terça-feira, 25 de junho de 2013

Frase

A pior forma de ignorância é a relevante, recorrente e consciente opção do não ver, do não saber e do não fazer.  É só disso que o ser humano precisa, para ser manipulado.

GM

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Helter Skelter e Ob-La-Di, Ob-La-Da


O Álbum Branco dos Beatles foi gravado e lançado quase 44 anos atrás.

Sou apenas dois meses mais velho.  O disco foi parido em nov/68 e eu, em set/68.  No Rio, em casa, tínhamos um original do disco.  Um disco duplo, original, com o encarte gigante e com as lendárias fotos individuais em preto e branco.

Sabíamos que era um original por duas razões simples: o disco fôra comprado por Arlindo, nosso tio, radicalmente contra falsidades e, por que tinha no canto inferior direito da capa, a numeração de série original da gravadora.

Além disso, meu irmão fez a gentileza de assinar seu próprio apelido, à caneta, no canto superior esquerdo do disco.  Assim, o disco ficou duplamente autenticado !  Valeu, Roberto !

Por um ato benevolente de Arlindo, ganhei de presente toda a sua rara discoteca (LP's, obviamente) e, por sorte, o Álbum Branco veio com o acervo, do Rio direto para Itu, muito bem conservado.

Está comigo, bem guardado e bem escutado, sempre.  Um disco 44 anos à frente de seu tempo.

Nesta última audição pude entender melhor por que este disco é tão moderno e tão atual.  Ouvi, bem acompanhado por um malbec, com muito mais atenção e carinho, às faixas Helter Skelter e Ob-La-Di, Ob-La-Da, duas das mais emblemáticas canções daquele disco.

Apesar do clima tenso, das brigas no estúdio e de Yoko Ono enchendo a paciência de todos com seu falso-intelectualismo, o disco saiu perfeito e essas duas faixas mais ainda.

Helter Skelter foi a primeira música composta e gravada como heavy metal.  Ela inaugurou o gênero.  Na época poucos a entenderam.  Era bastante barulho e uma linha melódica escondida em camadas, sobrepostas, de muita energia musical barulhenta.

Alguns críticos a chamaram de proto-metal ou proto-heavy, seja lá o que isso queira dizer.  O fato é que toda a turma de metaleiros que veio a seguir, bebeu dessa fonte e muito.

 Em Ob-La-Di, Ob-La-Da podemos ver mais uma vez o gênio criativo de Paul em ação.  Um reggae misturado a um piano de influência Dixie, quase um ragtime, que homenageava a invasão jamaicana na Inglaterra, ocorrida em meados dos anos 60.

A porção imensa de genialidade que Paul carregava, só era comparada ao seu perfeccionismo e a sua chatice. 

Essa música foi repetida em estúdio 61 vezes antes de se chegar a versão definitiva.  Os outros membros da banda quase bateram em Paul e quase abandonaram a gravação.

Paul, no estúdio, era um chato de galocha.

Diz a lenda, que a frase Ob-La-Di, Ob-La-Da significa "...a vida continua, irmão..." em ioruba. 

Diz a mesma lenda que o nigeriano Jimmy Scott  usava esta frase nos pub's de Londres, para saudar os amigos.

Não houve plágio, mas a verdade pertence a quem ouve a música, não a quem a escreve.

E este Álbum Branco original, de 44 anos, como eu, agora pertence a mim.  A  mim e aos meus irmãos e amigos, que felizmente o dividem comigo, entre rodadas de um bom tinto e muita boa conversa.

É claro que ninguém encosta no disco, só eu e mais ninguém, o espeta na pick up. 

É terminantemente proibido, a qualquer cidadão deste mundo, encostar suas digitais naquele vinil.

A casa cai, feio !

GM

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Para entender, ou não

Quando Tom Jobim recebeu o convite (que Henry Mancini aceitou) para compor a trilha sonora do filme original "A Pantera Cor-de-Rosa", recusou, gentilmente, com um sorriso de pauta, no canto da boca, dizendo:

- "...melhor não, tenho medo de que eles me ouçam...".

O universo de Tom era um Brasil de verdade, não o outro.

Relaxa, o entendimento não é nada além de uma falha genética em nosso sistema de percepção das coisas.

A compreensão é anaerobiose pura.  Você não a alcança, ela é que te acha.

GM

quinta-feira, 13 de junho de 2013

1984, de George Orwell, em 2013


Quando assisti a uma reportagem na TV sobre o livro "1984", de George Orwell, confesso que não tinha a maturidade necessária para entender.

Naquela época, meados dos anos 1980, Orwell (seu livro e o consequente filme) eram um completo mistério à minha geração pop.  Nossa turma bebia de águas muito mais rasas e se permitia, no máximo, a ler as linhas divertidas que Orwell verteu na "Revolução dos Bichos".

"1984" era, de longe, um assunto pouco interessante.

Mas o tempo é senhor de todos os caminhos e, como sempre o faz, seguiu em frente.  Muitos anos depois ganhei de presente de aniversário um belo exemplar de "1984".  O livro teve que ser paciente comigo.  Aguardou na estante durante todo o tempo que durou minha fase de biografias e de livros de música pop.

Aguardou e soube esperar sua vez.

Quando de fato comecei a leitura, pude lembrar da reportagem de anos antes, cujo repórter abria, lendo o trecho inicial do livro: "...Era um dia claro e frio de abril e os relógios marcavam uma da tarde...".  E depois começava sua crítica, dizendo: "...Assim começa um dos mais tristes e tenebrosos livros escritos nos últimos anos...".

Não estou seguro se a fala do repórter era essa mesma.  Também não me lembro seu nome, um global ainda hoje em atividade.   Mas receio que ele tenha acertado em cheio na mensagem.

"1984" é um livro único.  Pode gerar, naquele que o lê, vários tipos de reação.  Medo, revolta, incredulidade, nojo, asco, raiva, tristeza e sentimento de impotência.  Essas reações são produzidas não pelo conteúdo, inócuo, do livro, mas sim pela certeza de que suas linhas não são mera ficção.

Principalmente, quando comparamos o livro à nossa realidade.  O estado controla tudo.  O estado vê tudo.  O estado é tudo.

A escravidão intelectual (e ideológica) se torna mais sentida e agressiva do que a escravidão física do cidadão.  O Grande Irmão (Big Brother) tudo vê, tudo sabe e tudo quer.

No livro, o passado é reescrito várias vezes, para melhor manipular a massa, que sabe disso e o aceita com passividade.  Cada indivíduo deixa de sê-lo, à medida que, por força do medo, se deixa engrenar numa estrutura tão grande e perene, que não pode sequer ser questionada.

O presente é o exercício da agonia ideológica e o futuro, um mero detalhe.

O livro é triste, sim, mas é um aviso também.  Olhe ao redor e veja se o estado tem a dimensão que deveria e se os meios de comunicação estão sendo usados para, de fato, comunicar, ao invés de manipular.

O conceito de Big Brother foi imbecilmente colado a um programa de TV que ajuda justamente a mimetizar este processo.  Levando conteúdo imbecil, parra mentes imbecis que se deixam imbecilizar ainda mais.

Isso sim, é triste.

Hoje, 2013, a intimidade de muitas pessoas já é vasculhada, investigada e detalhada em nome de um bem maior (a segurança), através da tecnologia que serve, ao mesmo tempo, de analgesia e de conteúdo.

Resta entender que bem maior é este e a quem ele beneficia.  Resta entender qual será o próximo passo, na devassa da individualidade e na construção de uma grande massa disforme, manipulável e moldável, na fôrma do interesse de alguém.

Nada é gratuito. 

Toda essa neuro-estrutura que está aí, com trilhões de conexões e trilhões de bilhões de possibilidades, faz parte de uma arquitetura maior, com objetivos maiores.

Talvez a matriz já exista. 

Talvez já saibamos disso.  Tudo ficará como como está e com a nossa aprovação servil, afinal, pensar e racionalizar são atos cada vez mais distantes e cada vez mais ausentes.

GM

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O mundo sem alho seria muito chato...

Eu digo, a quem puder ouvir, que o mundo sem alho, seria, deveras, muito chato.
 
O mundo sem alho e cebola, seria, de fato, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola e sem azeite, seria, certamente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite e  sem vinho tinto, seria, precisamente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto e sem nozes, seria, plenamente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes e sem livros, seria, indubitavelmente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros e sem música seria, verdadeiramente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música e sem cinema, seria, tragicamente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema e sem matemática, seria, dramaticamente, muito chato.  Um mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática e sem feriado, seria, tediosamente, muito chato.   O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado e sem minha mulher, seria, abissalmente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado, sem minha mulher e sem meu filho, seria, incorrigivelmente, muito chato.  O mundo sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado, sem minha mulher, sem meu filho e sem minha família, seria, possivelmente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado, sem minha mulher, sem meu filho, sem minha família e sem meus amigos, seria, desastrosamente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado, sem minha mulher, sem meu filho e sem minha família, seria, passivamente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado, sem minha mulher e sem meu filho, seria dolorosamente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática, sem feriado e sem minha mulher, seria, contemplativamente, muito chato. O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema, sem matemática e sem feriado, seria, exaustivamente, muito chato.    O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música, sem cinema e sem matemática, seria, imprecisamente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros, sem música e sem cinema, seria, tristemente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes, sem livros e sem música, seria, insonemente, muito chato. O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto, sem nozes e sem livros, seria, inutilmente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite, sem vinho tinto e sem nozes, seria, sensorialmente , muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola, sem azeite e sem vinho tinto, seria, sobriamente, muito chato.  O mundo  sem alho, sem cebola e sem azeite, seria, decididamente, muito chato.  O mundo  sem alho e sem cebola, seria, ruminantemente, muito chato.
 
É por isso que eu digo, àqueles que ouvem, que o mundo sem alho seria, pateticamente, muito chato.
 
GM

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Secos e Molhados, 40 anos depois


A década de 1970 foi fértil em termos de produção musical.

A marola psicodélica e esfumacenta dos anos 1960 tinha ficado para trás e a cena musical ganhava ares de profissionalização e massificação.

O fenômeno pop star foi inventado e, com ele, grandes shows, turnês gigantescas, muito barulho indigno e muita coisa boa, veio também.

Especialmente o ano de 1973 foi diferenciado em termos de bons discos lançados. Pink Floyd lançou o block buster "The Dark Side of The Moon", Edu Lobo lançou o sofisticado "Edu Lobo - Missa Breve", Paul McCartney (com os Wings) lançou o incrível "Band on the Run" e, só para encerrar esta parte de citações, Lynyrd Skyrnyd lançou o seu álbum, impronunciável.

E isto é apenas uma amostra preguiçosa do que foi o ano de 1973, em termos de produção musical. 

E lá se foram 40 anos !!

Foi neste contexto que surgiu aqui em Pindorama uma banda (se é que podemos chamá-los assim) diferenciada e com um disco extremamente criativo.  Nascia o "Secos e Molhados", via disco homônimo, com uma sonoridade linda, moderna e uma poesia impressa no DNA de seus integrantes.

Eram músicos interessados em fazer música e em reviver poesia.  Eram profissionais de muito talento e profundidade musical.

Ney Matogrosso, um monstro nos vocais.  João Ricardo com uma técnica apurada no  violão de 12 cordas e harmônica.  Gerson Conrad com uma simplicidade e uma economia precisa ao violão.  Marcelo Frias e sua bateria jazzística.

Além da base regular, o grupo contou com a contribuição de muita qualidade de feras como Sergio Rosadas (flauta), Zé Rodrix (piano e acordeão) e Willi Verdaguer (contrabaixo).

O resultado foi um disco único, cheio de estilo, com arranjos primorosos e que parecia estar 40 anos à frente de seu tempo.

Como se tivesse sido lançado em 2013, ou algo assim !

Recomendo.

GM


terça-feira, 4 de junho de 2013

Do vinho tinto ao frio, com direito a Huxley para acompanhar



"Às Portas da Percepção".

Livro do visionário Aldous Huxley, que descrevia sua primeira viagem santa à base de mescalina.

Anos mais tarde, esta mesma viagem serviria de inspiração para uma trupe de doidões batizar a própria banda de rock.

Nasciam, então, os indomáveis, ou quase, The Doors.

Não me interesso por mescalina.  E nem por qualquer outro tipo de droga, seja química, natural, vegetal, sintética, fumável, cheirável ou injetável.

Minhas viagens cotidianas se limitam ao pouco do que posso beber e ao muito do que posso ler.

E nesses dias tão londrinos, de um inverno quase ceuta, me permito exercitar a deliciosa dependência calculada que permito a Baco exercer sobre mim. 

Eu bebo (vinho tinto)  sim, e estou vivendo !

O fruto santo vem de uma trepadeira da família das vitáceas que pode se chamar, dependendo da região, de videira, parreira ou vinha.  O nome não foi escolhido ao aleato. 

Videira é a árvore da vida !

Quem bebe vinho tinto, um pouquinho a cada dia, moderada e lentamente, vive mais.  Mais feliz, mais sorridente, mais leve e mais relaxado.

Os benefícios do resveratrol à saúde são muitos, todos conhecidos e catalogados pela ciência.  Não vou aqui me deter a eles e ao óbvio.  Há até quem não acredite em resveratrol ou seus benefícios, mas que este sabe  muito bem que o dito existe...ah sabe !  E disso não o duvida, pois dito que o bebe !

E me permita aqui bater forte naquele que esnoba no rótulo mais caro !  Bom vinho é aquele que lhe faz bem, à boca e ao bolso.   Eu mesmo bebo tintos de no máximo R$ 49,00 a garrafa.

Hoje, a quantidade de tintos com muita qualidade que custam qualquer coisa abaixo de R$ 30,00 é muito grande.  Está tudo muito acessível.

É como se o próprio Dionísio caminhasse entre nós, plebeus e mortais, apontando o caminho das prateleiras mais democráticas e distintas.

Esnobar pra que ?

Então, enquanto houver frio, haverá vinho tinto e enquanto houver vinho tinto, mesmo sem frio, haverá um sorriso a mais, um encontro a mais e amarguras a menos !

Matemática perfeita, diria Arquimedes !

Saúde aos amigos, digo eu !

GM



sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Dossiê Odessa


Frederick Forsyth que era mais jornalista do que escritor, foi minha companhia neste feriado maior do que o de costume

E ele era mais americano do que inglês, também, mas isto não vem ao caso.  Pelo menos não para mim e nem para você, leitor.

Ocorre que após romper com o anonimato  e a vadiagem digna de um bom desempregado, após ter escrito e publicado, com imenso sucesso, "O Dia do Chacal", em 1970 (best seller que 27 anos depois, daria a Bruce Willis e Sidney Poitier, a chance de "refazer" o livro no cinema, de novo), Frederick Forsyth resolve ir além.

Escreveu e publicou, em 1972, o enigmático "O Dossiê Odessa", livro que desnuda a existência da organização ODESSA, criada para proteger ex-nazistas e simpatizantes do regime do partido Nacional Socialista.

A ODESSA era composta, em sua base, por sobras da SS nazista, mas seus interesses estavam além disso.

Publicar naquela época um texto como esse, cheio de verdades, já configurava ao autor a coragem do ato.  Fazer isto num período em que a guerra fria estava no auge e espionagem, assassinatos e extradições eram tão reais como hoje um filme de Tom Cruise, seria loucura.

Uma loucura medida, é verdade, mas ainda uma loucura.

O livro começa com uma narrativa sobre o assassinato de Kennedy, em 1963 e segue em frente, numa trama de tirar o fôlego que envolve EUA, Israel, Egito, Alemanha e a antiga URSS.

Recomendo a leitura, para quem gosta de um bom livro de história, sabendo da verdade e sabendo também da coragem necessária para isso, afinal, esta leitura não será gratuita.  Isso eu garanto.

Depois você me conta.

GM





quinta-feira, 23 de maio de 2013

Tommy, a ópera-rock, 44 anos depois


Um homem de 44 anos de idade.

Um tiozinho.  Um exemplar de Sapientis Balzac.  Um carinha meio-grisalho e meio-careca.  Um quase barrigudinho de estrias e varizes salientes.

É isso que eu sou.

Uma criatura com o privilégio de ter presenciado 75% de toda a produção musical de qualidade e beleza desta velha terra, desde que meus ouvidos despertaram, em 1978.

Os outros 25% escorreram por entre meus dedos, enquanto eu ouvia futebol, pela rádio Nacional AM.

Fui testemunha do fim da era da música de protesto.  Acompanhei o lançamento dos melhores discos de Chico e Caetano.  Assisti o ocaso do Clube da Esquina.  Esquentei o esqueleto ao som de Donna Summers.  Ignorei o punk, e depois me arrependi amargamente. Ensaiei passinhos ridículos embalados por Sugarhill Gang.  Fiquei maluco com a genialidade de Michael Jackson.  Desprezei o pop vazio de Madonna.  Pirei tardiamente com Beatles e seu universo.  Assimilei e defendi bravamente o movimento BRock.  Curti Paralamas, Barão, Legião, Plebe Rude, Finis Africae, Picassos Falsos e tantos outros oitentistas de qualidade.  Não entendi a dance music e o tecno-pop.  Aprendi a gostar de New Order e Pet Shop Boys (mas, bem pouquinho).  Flertei com o movimento grunge. 

E segui em frente...

Me abri para as muitas pesquisas atemporais que, sem cronologia, me permitiram conhecer o jazz, o blues, o samba-de-prato, o poder do Southern Rock (Lynyrd Skynyrd, principalmente), a força do The Band e do Blood, Sweat and Tears, a beleza incomparável da bossa-nova e a fumaça da paz dos Bob (o Marley e o Dylan).

Música é um dos pilares que me equilibram.  E eu vivo para ela, também.

Então, com o privilégio de ter hoje 44 anos e ter assistido, no gargarejo, ao despertar e fixar da boa música das últimas décadas, é que venho louvar, como o velho Gil, o aniversariante do dia !

Hoje é dia do aniversário de lançamento do disco Tommy, a ópera-rock do The Who, que foi parida em 23 de maio de 1969, 44 anos atrás.

Um disco que não vendeu muito, foram pouco mais de 20 milhões de cópias, mas que fundou o gênero e confirmou Pete Townshend, como um compositor sério e musicalmente preparado.

O disco, que daria ainda origem a um filme em 1975 e a uma produção teatral, tinha como cena de fundo a insólita vida de um menino, meio cego e meio surdo, mas que ouvia tudo e observava tudo, pela sensibilidade da música que não se ouve.

Tina Turner, Eric Clapton e Jack Nicholson emprestaram fama e qualidade à película que foi produzida em 1975, mas infelizmente, não entraram na produção do disco.

Ouvir o disco é uma aventura, tanto quanto ouvir The Who em sua essência.  Não espere baladas bonitinhas e arranjos comerciais.  Trata-se de um disco do The Who, e como Roger Daltrey dizia, a música deles não era pra ser ouvida, mas sim digerida.

Recomendo, mas tenha cuidado.   Esse disco fará você pensar, mais do que o necessário, e mais do que o de costume.

GM