domingo, 6 de abril de 2014

Nota de encerramento de atividades do Blog do Gibaitu...ou...de como Durango Kid e Nacional Kid, mesmo sendo primos, nunca se encontraram...



Eis que, em meados de 2009, mais precisamente no mês de  maio, estávamos em Blumenau (ou Pomerode ?), linda e germânica cidade de Santa Catarina, eu e meu amigo João Pedro, conversando sobre letras e filmes, às margens do Rio do Testo e saboreando várias tilápias fritas, regadas a um bom e acessível tinto, quando, surgiram as ideias de criarmos nossos blogs.

O meu seria o "Blog do Gibaitu".  Homenagem à cidade que me acolheu em SP.  O do meu amigo João Pedro, seria o "JP Receitas",  função justa à habilidade do bom JP nas coisas que aludem às panelas e aos temperos.

Foi assim, simples assim, que resolvemos começar a escrever algumas linhas sobre as coisas que julgamos merecer.

Quase 05 anos depois, desfrutando dos benefícios organolépticos que esta experiência proporcionou, resolvo hoje, ou ontem, encerrar as atividades do blog, por considerar que os objetivos foram plenamente alcançados e, também, por uma urgente e inadiável falta de tempo. 

Crônica de nossos dias.  Reflexo das escolhas feitas.

É assim.

O Blog do Gibaitu durou 500 posts, pouco menos de 33.000 pageviews e  quase 05 anos do tempo do leitor amigo e do escritor inexperiente.

O post mais lido (673 clicks) foi minha homenagem singela a Michael Jackson.

O menos lido (31 clicks) foi sobre enologia.  O segundo post mais lido (551 clicks) foi "A Geração Z, de Zero", desabafo sincero sobre os rumos da juventude que vejo crescer ao meu redor.

O primeiro post foi uma homenagem ao lendário show de Tom, Toquinho, Vinícius e Miúcha gravado ao vivo, no Canecão (Botafogo/RJ).

O último post é este que o amigo lê agora.

Agradeço a todos os amigos, leitores e curiosos a companhia ao longo de 05 anos.  Agradeço aos 21 assinantes e aos leitores assíduos (Micai, Caiano, Oswaldo, Arthur, Djane, Miguel, Pedro Paulo, Carina, Mariana, China Roberto, Patrícia, Mirella, Joana, Cláudia do Posto, Fabiana, Leôncio, Geraldo Claro, Pedro Odebrecht, Paula Maíra...desculpe se esqueci de alguém..).

Agradeço aos 371 comentários e a todas as críticas recebidas.  Foram necessárias para o devido apuramento estético da técnica e do conteúdo.

Valeu amigos !

Estamos encerrando nosso Blog do Gibaitu.  Ele fica no ar, mas sem novas postagens.

Agradeço a companhia !

Continuem lendo, ouvindo, assistindo e cultuando a vida !  É assim que deveria ter sido, sempre.

Eu recomendo !

GM 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Véspera...

Quando, Kublai Khan, neto de Gengis, revelou a Marco (o Polo), no ano de 1271, que não desejava mais ver, assim como um cervo, o degelo natural de toda manhã Mongol...

Quando, ao dar aquele passe de gênio, Arthur Antunes de Coimbra (o Zico), resolveu colocar na face da meta, o jovem Cláudio Ibraim Vaz Leal (o Branco), como testemunho de todos os gols não marcados, nas peladas de Quintino (o subúrbio)...

Quando Chico (o Buarque), no legítimo direito ao exercício da covardia cidadã, resolveu rumar a remos largos para a Itália...

Quando a bomba (de TNT) resolveu explodir no Rio Centro...

Quando aquela menina de 15, mais de 30 atrás, resolveu colocar a boca úmida na minha lógica firme (de 14), mais de 31 atrás...

Quando eu finalmente entendi Bandeira, Jobim e McCartney...

Resolvi encerrar meu blog.

Quase 500 bobagens depois, sendo esta é a de número 499.

E olha que o Arlindo sempre me disse, desde 1981, para não escrever tão hermético.

Quem não lê entende  !

GM

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Baden Powell, vive !



Muito se fala de Paco de Lucia, um dos mestres do violão, como referência de perfeição na execução do instrumento.

Também há de se louvar, e muito, aqui no campo histórico, as contribuições estudiosas de Francisco Tárrega e Heitor Villa-Lobos.

Sim, assimilo estes pilares da convenção e não questiono.

Mas, acrescento. 

No exercício crítico do meu direito neural de ouvinte, bigornento e martelento, acrescento, sim, o nome de Baden Powell.

Este não foi clássico, pois esteve além das molduras curriculares.

Não foi popular, pois pairou inerte e metabolizado ante a panfletagem comercial que, quase sempre, era rasa.

Foi Baden. 

Dono de uma técnica ainda não igualada e de uma coragem estética ainda não compreendida.  Nele, o afro, o jazz, o folclore e o clássico eram apenas gotas de inspiração, no processo de criação de uma obra que, graças à Deus, não se ousou rotular.

Eu recomendo que você ouça Baden Powell, muito. 

Ouça só e acompanhado.  Ouça sóbrio ou onirizado. Ouça às claras ou nas entrelinhas.

Ouça no volume mínimo e aprecie a beleza do silêncio  Badeniano.

Um silêncio que grita e impõe respeito.

É canto de Osanha !

GM

sábado, 22 de março de 2014

Rapidinhas...mas bem gostosas !

                                                                       1

Li, igual a um cano fumegante de alma raiada, o nostálgico e belo livro "Uma Noite em 67", escrito pela dupla Renato Terra e Ricardo Calil.  Um documento histórico que retrata sem exageros os bastidores, as opiniões e as vozes que fizeram o III Festival da Record, de 1967.  São mais de 15 entrevistas com nomes do quilate de Chico Buarque, Edu Lobo e Júlio Medaglia.

Se o leitor gosta de música brasileira, leia.  Se gosta de história do Brasil, leia.  Se gosta de festivais e manifestações políticas, cívicas e do direito à livre expressão, leia também.

Se não gosta, paciência.  Muita paciência.

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                                                                        2

Animado pela leitura do livro supracitado, ouvi com toda a atenção que a obra merece, o disco "A Era dos Festivais", organizado e compilado pelo Zuza Homem de Mello, que foi de técnico de som da era dos festivais à posição de um das influentes e cultas mentes musicais de seu tempo.

Viva Zuza e viva Cazuza !

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                                                                         3

A continuação de "300", que tem Rodrigo Santoro no papel secundário do imperador-Deus-peladão-fortão Xerxes, não é digna de audiência nenhuma.
Fui ver, movido pela predileção a sétima arte, pelo amor a história e pelo sentimento brazuca de "é isso aí, estamos em Hollywood...".
Uma pena. 
O filme inteiro parece ser como o interior de alguns tomates amassados.

Haja molho de tomate.

GM

sábado, 8 de março de 2014

Michael Joseph Jackson, com e sem Quincy Jones

 

Um encontro entre dois artistas geniais. 

Ouvimos os três, em vinil e no volume máximo.  Tive o prazer de apresentar ao meu filho, do jeito certo, essas obras fantásticas.

Apesar de pouco provável, essa é uma das formas mais justas que encontro para homenagear o que foi a união entre os talentos de Michael Jackson e Quincy Jones.

Quincy Jones já era uma lenda do disco e do jazz quando, a partir dos anos de 1970, começou a produzir discos e a transmitir a jovens artistas, parte de seu incrível conhecimento prático, teórico e construtivo.

Foi logo depois de gravar uma participação numa versão de Oz, que tinha Diana Ross no elenco, que, timidamente, Michael perguntou ao mestre Jones se este poderia ser o produtor de seu próximo disco, Off The Wall.

E o que estaria por vir ?

Quincy refinou o talento de Michael.  Aplicou costuras da soul music e do jazz à música de Michael.  Incrementou a participação de metais e, através das mãos competentes do brasileiro Paulinho da Costa, levou, por exemplo, para as gravações de Thriller, a força do atabaque, da cuíca e do triângulo.

Foi uma sequência antológica e lendária de 03 excelentes discos:

1. Off The Wall - 1979 - Ganhou 07 discos de platina e vendeu 20 milhões de discos;
2. Thriller - 1982 - Ganhou 31 prêmios internacionais e vendeu 180 milhões de discos. É o disco mais vendido da história;
3. Bad - 1987 - Foi top hit em 25 países e vendeu 30 milhões de discos.

Originalmente, Off The Wall foi lançado como disco funk e R&B.  Thriller foi lançado como um disco de pop rock, e Bad, como um peça do mais puro pop.

Foram três discos com a assinatura de Quincy Jones à frente da produção, coordenação de ensaios, seleção de músicas e de repertório.

Por essas razões, me refiro a QJ com o mesmo respeito que me refiro a MJJ.  Ambos inventaram um novo pop, se valendo de algumas sementes espalhadas por James Paul McCartney, ainda no Álbum Branco, dos Beatles.

Além disso, essa dupla talentosa reinventou o funk e tornou o R&B mais acessível e popular.

Não haveria Michael Joseph Jackson sem Quincy Jones, mas o contrário é  verdadeiro.

Quem duvidar, ouça a coletânea de bobagens óbvias que Michael gravou, depois que a parceria com Quincy terminou (Dangerous - 1991, HIStory - 1995, Invencible - 2001 e Michael - 2010).

Uma sequência de plágios de si mesmo.

Uma eterna falta de Quincy Jones.

GM




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

E como diria Léo Jaime: "...nada mudou..."

O déficit infraestrutural brasileiro é de no mínimo 25 anos.  Nossas estradas, portos, aeroportos e  toda a estrutura logística, é comparável à da Venezuela !

O déficit educacional brasileiro é de no mínimo 50 anos !  Nossas escolas públicas operam sem giz, sem livros, sem banheiros decentes e sem perspectivas nenhuma.

O déficit da saúde pública brasileira é de no mínimo 30 anos.  Faltam anestésicos e anestesistas, médicos e medicamentos, ambulâncias e ambulatórios.

Enquanto isso, o Brasil pode se gabar de ter, no mundo, a mais moderna infraestrutura tecnológica para recolhimento de impostos, fiscalização de movimentações financeiras de contribuintes e, por que não dizer, apuração de tributos a recolher !

É fantástico !!

Somos o benchmarking mundial do planejamento fiscal e tributário e, também, da corrupção !

E tudo vai continuar como está !

Creiam-me !

GM

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Grande Sertão: Veredas !



A releitura de um clássico é sempre uma experiência divertida.

A grande obra de Guimarães Rosa, pilar básico da literatura brasileira, é muito fascinante.  Sua leitura  deve ser calma, zelosa, cuidadosa e, sobretudo, isenta de preconceitos.

A linguagem é crua.  Nua.  Tal qual a crueza e a nudez do sertanejo, que narrou os trações daquelas letras soltas a um escritor   que, por sua vez,   ousou saber reunir, organizar e dar vazão a elas.  Como os rios que cortavam aquelas mesmas veredas vazam.

Muitas frases emblemam esta obra imortal. A mais famosa talvez seja aquela que avisa aos incautos que "...viver é uma coisa perigosa...".  Pode ser a mais famosa, mas não é minha preferida.

Relendo a obra, suas linhas, sua estética e cruzando seus rios, descobri que minha frase preferida é "...a colheita é coletiva, mas o capinar é solitário...".

Esta frase, além de forte, é atual, tanto quanto o próprio livro.  Retrata até mesmo o Brasil de hoje, melhor até do que retratou o Brasil das veredas.

Releia o livro.  Rejulgue o Brasil.

Se não o leu ainda, faça-o depressa e devagar.   Inicie hoje mesmo e depois, vá devagarinho, no ritmo proseado daquele sertanejo que narrou, a um homem da cidade, uma estória de amor à terra e ao próprio homem.

Não se preocupe em entender.  Absorva.  Mas comece hoje mesmo, depois eu te conto por que.


GM

domingo, 2 de fevereiro de 2014

De como sou grato a Luan Santana e também àquele outro menino que canta aquela música com refrão tereteretetê...






Aconteceu hoje, mesmo.

E converteu-se numa estória a ser contada, como terapia.

Sábado cedinho, lá pelas 07h00m, saí de casa com dois objetivos bem definidos: tomar café e lavar o carro, tudo num lugar só. 

Fui, dirigindo devagarinho, até o lendário posto de gasolina da avenida marginal de Itu, do qual sou cliente antigo, mais do que devia.

Parei na fila do lava-jato.  Pedi a completa, como sempre.  Certifiquei-me de que o carro estava bem posicionado na fila, entreguei a chave ao lavador e caminhei passos lentos em direção à loja de conveniência do posto.

A loja de conveniência é quase tão antiga quanto o posto.  Pertence ao Nei, vulgarice de Claudinei, que por anos a fio chamei de “Zé”, sem ter razão absoluta para isto.

De tão camarada, toda vez que eu chamava por “Zé”, Nei, comerciante atento, me atendia prontamente.  Ele era Nei, mas também era “Zé”, para idiotas que, como eu, têm dificuldade em decorar os nomes das pessoas.

Já na conveniência e completamente rendido pelo poder reconfortante do ar-condicionado da loja, apeei e pedi um café. Café preto, sem açúcar, e com um pãozinho sem miolo e com pouca manteiga.  Pouquíssima.

Meu pedido veio todo errado, ou quase, como de costume: pão gordo com muita manteiga escorrendo pelo ladrão.  O café, ao menos, veio certo: preto e amargo.

Como de costume.

Deitei minha atenção naquela xícara de café e comecei a ler meus e-mails no telefone. Súbito, sem dó e carrascosamente, a jovem que me atendeu sapecou um DVD no aparelho da loja, que, obviamente, estava ligado nas caixas de som do estabelecimento.

Você já sentiu uma dor de dente nos ouvidos ?

Com o poder de uma broca diamantada em uma furadeira profissional, meus ouvidos foram invadidos, estilo blitzkrieg mesmo, com a força de uma dinastia, iniciando à prova de uma terrível dor de dente !

A razão era uma música (?) horrível, quadrada, gritada e cheia de nada, que bateu fundo no meu pobre martelo e na minha desmazelada bigorna. 

Dor de dente...daquelas de canal !

Era Luan Santana, cantando (?) algo que, graças à Odin, não me lembro mais.  Horrível, terrível e penoso !

Mais de 04 minutos eternos se passaram quando, então, a jovem vai em direção ao DVD e retira a peça de tortura...alívio imediato, já disseram os engenheiros.

Mas qual !  Logo a seguir pôs pra tocar outra coisa, e esta coisa realmente o nome não sei, só sei que cantava (?) tereteretetê... tereteretetê ! 

E como me doíam os dentes do canal auricular !!

Não suportei e, suplicando, propus: “...se eu comprar um daqueles DVD’s que estão naquela estante, você coloca pra tocar pra mim ?...”

A proposta era decente, sim senhor.  Corri na estante e pra minha surpresa haviam vários DVD´s’ desses que se vende hoje até em farmácia.  Algumas reproduções interessantes de clássicos e outras bobagens menos atentas.

Tateei no escuro e achei um do Eric Clapton !  Um show beneficente, estilo Montserrat, que dava ao público a oportunidade asgardiana de se ver, no mesmo palco, Clapton, Jeff Beck, Ron Wood, Jimi Page e Joe Cocker. 

Imperdível !

Comprei correndo e de imediato espetamos a peça no DVD. 

Show de bola !  Um sambão !!

Gênios, músicos íntimos das partituras e de todo o swing do mundo.   Cenas raras, como, por exemplo, ver Clapton solando clássicos do blues, com Joe Cocker no vocal e duas baterias alinhadas.

Muito pouco provável, achar cópia igual !

Mas eis que...surge Jimi Page.  Louco, bêbado e algo-mais-também.  Com uma bagana acesa, imensa, que iria fácil de Itu à Botucatu !  E começa a arpejar numa guitarra de dois braços os acordes iniciais do hino “Starway to Heaven”.

Muito entorpecido, erra o solo e mais uma dezena de acordes, quando, assustados, surgem no palco Clapton e Beck, para dar o devido apoio ao amigo, através de suas guitarras falantes.

Foi um baita gesto, digno de Beethoven ajudando Mozart, num arranjo qualquer.

Juntos, eles terminaram a música e logo na sequência, Joe Cocker volta ao palco para fechar o show com “With a Little Help from My Friends”.

Os deuses do rock, e de Asgard, estavam atentos.  O show foi memorável, digno, emocionante e cheio de surpresas.

Ver Jimi Page errar uns acordes e uns solos não é nada.   Duro mesmo é ouvir Luan Santana, sem falar naquele outro, o do tereteretetê.

Ainda assim, sou grato a esses pobres moços: um jovem cantor (?) de música (?) sertaneja (?), e outro que é melhor deixar pra lá.  Sem eles, eu jamais teria encontrado este raro DVD.

Obrigado Luan Volkswagen, que Deus te oriente a terminar logo sua carreira !

GM

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dois belos discos que merecem a atenção de nossos ouvidos



Música simples.

Sem pirotecnias e sem glamour pop.  Apenas música.

Os puristas sabem bem do que estou falando e para reforçar este expectativa, deixo aqui duas ótimas dicas para quem quiser ouvir música, e nada além disso:

1. "Happy Xmas (War is Over)" foi um disco lançado originalmente em 1971, pela "Plastic Ono Band" (leia-se Lennon e Yoko Ono), que tinha apenas duas faixas, a faixa título e a linda "Listen, to the Snow is Falling".  Além da beleza irreparável das músicas duas outras coisas me chamaram muita atenção neste disco.  A primeira é que na capa da versão em vinil (minha preferida) John e Yoko são retratados por Linda McCartney, numa foto estilo decô provocativo.  O outro detalhe mais que importante é que para o coro da parte gospel da música foram contratados, nada menos, que os incríveis Harlem Community Choir.  O resultado é digno de todos os ouvidos do mundo.

2. "Joe Cocker, The Album", lançado em 1972 em versões diferentes (Europa e EUA).  Eu tenho a versão americana que tem arranjos com forte influência do jazz e do blues.  Um belíssimo disco que tem surpresas como "Something" do George Harrison e "Delta Lady" do Leon Russel.  Peça obrigatória para quem aprecia música cantada com alma e emoção.  Blues, rock, jazz e...samba, estão todos lá.

Ouça no volume máximo !

GM

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A geração "Z", de zero


O Brasil acaba de formar uma nova geração.
Jovens, recém-paridos pelo novo sistema e pela nova percepção das coisas e do mundo que os cercam.  Um mundo que eles, os ditos jovens, construíram, em detrimento da ordem vigente, até então.

Particularmente, e aqui vai o que se pode chamar de opinião mesmo, não me orgulho nem um pouco dessa nova onda de jovens, formada a partir de um estado de coisas sobrepostas e a partir de valores vazios, ou, no máximo, pouco cheios.

Essa juventude está sendo formada a partir da cultura que se consome, divulga e repete nos meios de comunicação que hoje transbordam, vomitam e reciclam seus conteúdos repletos de nada.

Adolescentes, jovens adultos, meninos e meninas, cunhados pelos clichês que são repetidos em programas de TV, filmes, músicas e livros indignos de nossos sentidos.

O falso conteúdo comportamental de um “BBB” se mistura à falsa caricatura cultural de um “Esquenta”, estes vão se misturando às falsas diversidades de pauta dos “Domingões” e dos programas de auditório, todos.

As tele-novelas são morfina pura.  Um exercício contínuo de degradação da arte  dramática. 

Essa massa de conteúdo disforme é recheada por batidas funkeadas, refrões pagodeados e sertanejos capitalistas. 

É lixo só.

Bebendo dessas fontes, todas, de água muito suja, crescem então esses  jovens, que rebolam mais do que pensam, sonham mais com a próxima tatuagem do que com o próximo emprego e fazem projetos silicônicos e lipo-esculturais.

Uma festa, sem convites para neurônios.

A geração “Z” vai mais longe.  Sem entender direito a diferença entre política e economia, manifestam direitos legítimos de forma vazia, desorganizada, ocupando ruas e praças, numa atitude hedonista, própria de quem vive pela estética, e por ela morrerá.

São jovens que passam anos sem ler um único livro, que se medem pelo alcance de redes sociais e que dedicam mais tempo às nádegas do que ao cérebro.

Desmiolados sociais.

Esses novos heróis, falam através de uma linguagem própria, num vocabulário limitado em número de verbetes e, tendendo a zero, como eles. A preguiça deles só se esvanece quando próxima a um console de videogame.

Numa atitude cheia de insegurança, esses incríveis provocam, perseguem e ridicularizam os poucos que ainda estudam, trabalham e lutam contra ideias mais rasas. 

É como se hoje em dia, o errado fosse o certo, e o certo, fosse o errado.

Eu me esforço, mesmo.  Tento achar e fazer um juízo de valor.  Tento entender e apaziguar meus demônios internos, frente a este cenário.  Mas é difícil.

Temo pelo dia em que pontes cairão, por projetos concebidos com grosseiros erros de cálculo.  Sofro pelo tempo em que pacientes morrerão, em meio a procedimentos cirúrgicos conduzidos por médicos despreparados. Me aterrorizo pela época em que professores desistirão de abrir seus livros, em sinal de luto pela morte da linguagem culta, arruinada em meio aos novos dialetos da moda clichê.

Esse dia, esse tempo e essa época já chegaram.
Esse cenário projeta um Brasil-futuro pior e com ainda mais dependência tecnológica, econômica e, por que não dizer, cultural, pois, somos reféns de nossa própria ambição: ser o país do entretenimento.

Nosso país não tem papel estratégico global.  Somos a nação  das bundas, dos peitos e do carnaval, seja este político, econômico ou financeiro.  Nos tornamos a piada do mundo e o benchmarking da corrupção.

Então, brindemos e celebremos a tudo isto: funk, TV, tatuagens, mais academias de ginástica do que academias de letras. 

Um brinde a simplificação do samba, da escrita e da linguagem. 
Um brinde ao novo sistema, que projeta um povo novo, intelectualmente fragilizado e demente.
Vamos celebrar sim, e esquecer de vez da semente que plantamos: a geração de bundas que hoje constrói um país de merda.

GM

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Façam o estado funcionar ou DEVOLVAM meus impostos pagos !

Sim, amigos.

Recado simples e direto, que envio aqui a governantes, todos, das esferas municipais, estaduais e federal.

Deixo a missiva escorregar também, para a mesa de trabalho (?), dos legisladores das câmaras municipais, estaduais e federal, que deveriam legislar em causa não-própria.

E, por fim, na forma de um bilhetinho de poucas dobras, endereço também à chefe (e não chefa), presidente (e não presidenta), de nossa querida Pindorama:

FAÇAM O ESTADO FUNCIONAR !

Coloquem saúde, infraestrutura, segurança e educação nos eixos, ou DEVOLVAM MEUS IMPOSTOS PAGOS !

Digo, cada centavo de Tio Patinhas !

Assina, atenciosamente

O cidadão que paga impostos !

GM

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A qualidade insuperável do disco de vinil


Eis que uma grande novidade surge no mercado: o áudio HRA !

Nababescamente denominado de áudio de alta resolução, esta novidade inicialmente pilotada pela Sony, promete ser o fator tecnológico determinante, para a (enfim...) inserção da qualidade na família dos áudios digitais.

Será ?

Tudo bem.  O MP3, além de prático é péssimo !  Parece mesmo que se ouve a música dentro de uma caixa de fósforos, como se todos os músicos estivessem compactados lá dentro e, num repente, alguém aperta um botão e tudo se mistura.

Graves se tornam agudos e agudos se tornam graves.  É a festa de Babete dos médios !  Um festival de médios, para ouvidos médios e ouvintes médios !

Música não é isso.  Pelo menos não deveria ser.

Na faraônica campanha de mídia que está sendo veiculada em todos os digidoors do ECS de Las Vegas, a frase-conceito diz: "HRA, a diferença entre ouvir e escutar"!

Eu aqui, ituanamente digo que isto é na verdade a "diferença entre ser enganado sabendo que está sendo (MP3) e a doce ilusão do 'me engana que eu gosto...e pago caro por isso' ".

Sim amigos, para meus pobres e meio gastos ouvidos, existem duas formas de se ouvir música de verdade:

1. Ao vivo, na presença física de um bom músico; ou,
2. Ao vivo, também, na presença física de um bom disco de vinil.

Quem viver ouvirá !

GM

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Apenas mais uma de amor...

Apenas mais uma de amor.

Despretensioso título da faixa 2, do disco 2, do excelente "Lulu Acústico", lançado no ano de 2000, ainda pela série "MTV Acústico".

Se fosse um disco de vinil seria um álbum duplo, e a faixa aqui citada seria a segunda faixa, do lado B, do segundo disco do   álbum.

Seria, mas não é.

Quanto tempo este disco está nas minhas prateleiras ?  Pelo menos 10 anos, digo aqui sem medo de errar.  E o quanto eu o tenho ouvido ?  Pouco.  Muito menos do que o disco merece.

Hoje ouvi o disco, depois de longa abstinência.  Tive a ótima companhia de meu filho, nesta audição tardia.  O que foi ótimo, visto que o pequeno nunca tinha escutado com carinho um disco de Lulu.

Ele conhece Lulu. Já me ouviu ao violão tentando tocar alguma coisa de Lulu.  Mas um disco de verdade ainda não tinha escutado.  Necas.

Ouvimos, então, bastante.     Falei da presença da música de Lulu Santos durante minha adolescência carioca e oitentista e fechamos ouvindo de novo "Aviso aos Navegantes".

Uma grande música dentro de um grande disco.

Obrigado Lulu, seu trabalho ainda é consistente e ainda faz sentido, para mim e para muitos, e agora para meu filho.

Mas vou logo avisando, a você e a todos os que aqui navegam, se essa sua experiência global se bandear para os lados do BBB, serei seu algoz, juiz, executor e crítico, um crítico chato pra caramba.

Durma com um barulho desses !

GM

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dicas para iniciar 2014 em paz e em dia com as letras !

1. Leia "Grande Sertão: Veredas".

Guimarães Rosa redescobre o Brasil e reinventa a língua portuguesa, num romance que bem poderia ter sido concebido por Joyce, e que graças à Deus, não foi.

Mergulhe sem questionar a estética e a estrutura da narrativa.

Apenas beba.

2. Leia "Como Ouvir e Entender Música".

Aaron Copland, uma músico de primeira grandeza, desvenda a música e desmistifica seus significados.  Harmonia, melodia, ritmo e timbre são ensinados numa linguagem muito acessível, deixando que o conceito de música, no amplo, seja melhor compreendido.

Não é sobre teoria musical, trata-se apenas de um livro para quem gosta de música.

Comece por aí e siga em frente !

Leia e depois leia mais.  Emende um livro no outro, sem parar.  Depois comente com seus filhos e recomende livros a eles também.

Assim, faremos um bem maior às nossas mentes, do que qualquer programa de TV  poderia ousar fazer.

GM