terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

E como diria Léo Jaime: "...nada mudou..."

O déficit infraestrutural brasileiro é de no mínimo 25 anos.  Nossas estradas, portos, aeroportos e  toda a estrutura logística, é comparável à da Venezuela !

O déficit educacional brasileiro é de no mínimo 50 anos !  Nossas escolas públicas operam sem giz, sem livros, sem banheiros decentes e sem perspectivas nenhuma.

O déficit da saúde pública brasileira é de no mínimo 30 anos.  Faltam anestésicos e anestesistas, médicos e medicamentos, ambulâncias e ambulatórios.

Enquanto isso, o Brasil pode se gabar de ter, no mundo, a mais moderna infraestrutura tecnológica para recolhimento de impostos, fiscalização de movimentações financeiras de contribuintes e, por que não dizer, apuração de tributos a recolher !

É fantástico !!

Somos o benchmarking mundial do planejamento fiscal e tributário e, também, da corrupção !

E tudo vai continuar como está !

Creiam-me !

GM

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Grande Sertão: Veredas !



A releitura de um clássico é sempre uma experiência divertida.

A grande obra de Guimarães Rosa, pilar básico da literatura brasileira, é muito fascinante.  Sua leitura  deve ser calma, zelosa, cuidadosa e, sobretudo, isenta de preconceitos.

A linguagem é crua.  Nua.  Tal qual a crueza e a nudez do sertanejo, que narrou os trações daquelas letras soltas a um escritor   que, por sua vez,   ousou saber reunir, organizar e dar vazão a elas.  Como os rios que cortavam aquelas mesmas veredas vazam.

Muitas frases emblemam esta obra imortal. A mais famosa talvez seja aquela que avisa aos incautos que "...viver é uma coisa perigosa...".  Pode ser a mais famosa, mas não é minha preferida.

Relendo a obra, suas linhas, sua estética e cruzando seus rios, descobri que minha frase preferida é "...a colheita é coletiva, mas o capinar é solitário...".

Esta frase, além de forte, é atual, tanto quanto o próprio livro.  Retrata até mesmo o Brasil de hoje, melhor até do que retratou o Brasil das veredas.

Releia o livro.  Rejulgue o Brasil.

Se não o leu ainda, faça-o depressa e devagar.   Inicie hoje mesmo e depois, vá devagarinho, no ritmo proseado daquele sertanejo que narrou, a um homem da cidade, uma estória de amor à terra e ao próprio homem.

Não se preocupe em entender.  Absorva.  Mas comece hoje mesmo, depois eu te conto por que.


GM

domingo, 2 de fevereiro de 2014

De como sou grato a Luan Santana e também àquele outro menino que canta aquela música com refrão tereteretetê...






Aconteceu hoje, mesmo.

E converteu-se numa estória a ser contada, como terapia.

Sábado cedinho, lá pelas 07h00m, saí de casa com dois objetivos bem definidos: tomar café e lavar o carro, tudo num lugar só. 

Fui, dirigindo devagarinho, até o lendário posto de gasolina da avenida marginal de Itu, do qual sou cliente antigo, mais do que devia.

Parei na fila do lava-jato.  Pedi a completa, como sempre.  Certifiquei-me de que o carro estava bem posicionado na fila, entreguei a chave ao lavador e caminhei passos lentos em direção à loja de conveniência do posto.

A loja de conveniência é quase tão antiga quanto o posto.  Pertence ao Nei, vulgarice de Claudinei, que por anos a fio chamei de “Zé”, sem ter razão absoluta para isto.

De tão camarada, toda vez que eu chamava por “Zé”, Nei, comerciante atento, me atendia prontamente.  Ele era Nei, mas também era “Zé”, para idiotas que, como eu, têm dificuldade em decorar os nomes das pessoas.

Já na conveniência e completamente rendido pelo poder reconfortante do ar-condicionado da loja, apeei e pedi um café. Café preto, sem açúcar, e com um pãozinho sem miolo e com pouca manteiga.  Pouquíssima.

Meu pedido veio todo errado, ou quase, como de costume: pão gordo com muita manteiga escorrendo pelo ladrão.  O café, ao menos, veio certo: preto e amargo.

Como de costume.

Deitei minha atenção naquela xícara de café e comecei a ler meus e-mails no telefone. Súbito, sem dó e carrascosamente, a jovem que me atendeu sapecou um DVD no aparelho da loja, que, obviamente, estava ligado nas caixas de som do estabelecimento.

Você já sentiu uma dor de dente nos ouvidos ?

Com o poder de uma broca diamantada em uma furadeira profissional, meus ouvidos foram invadidos, estilo blitzkrieg mesmo, com a força de uma dinastia, iniciando à prova de uma terrível dor de dente !

A razão era uma música (?) horrível, quadrada, gritada e cheia de nada, que bateu fundo no meu pobre martelo e na minha desmazelada bigorna. 

Dor de dente...daquelas de canal !

Era Luan Santana, cantando (?) algo que, graças à Odin, não me lembro mais.  Horrível, terrível e penoso !

Mais de 04 minutos eternos se passaram quando, então, a jovem vai em direção ao DVD e retira a peça de tortura...alívio imediato, já disseram os engenheiros.

Mas qual !  Logo a seguir pôs pra tocar outra coisa, e esta coisa realmente o nome não sei, só sei que cantava (?) tereteretetê... tereteretetê ! 

E como me doíam os dentes do canal auricular !!

Não suportei e, suplicando, propus: “...se eu comprar um daqueles DVD’s que estão naquela estante, você coloca pra tocar pra mim ?...”

A proposta era decente, sim senhor.  Corri na estante e pra minha surpresa haviam vários DVD´s’ desses que se vende hoje até em farmácia.  Algumas reproduções interessantes de clássicos e outras bobagens menos atentas.

Tateei no escuro e achei um do Eric Clapton !  Um show beneficente, estilo Montserrat, que dava ao público a oportunidade asgardiana de se ver, no mesmo palco, Clapton, Jeff Beck, Ron Wood, Jimi Page e Joe Cocker. 

Imperdível !

Comprei correndo e de imediato espetamos a peça no DVD. 

Show de bola !  Um sambão !!

Gênios, músicos íntimos das partituras e de todo o swing do mundo.   Cenas raras, como, por exemplo, ver Clapton solando clássicos do blues, com Joe Cocker no vocal e duas baterias alinhadas.

Muito pouco provável, achar cópia igual !

Mas eis que...surge Jimi Page.  Louco, bêbado e algo-mais-também.  Com uma bagana acesa, imensa, que iria fácil de Itu à Botucatu !  E começa a arpejar numa guitarra de dois braços os acordes iniciais do hino “Starway to Heaven”.

Muito entorpecido, erra o solo e mais uma dezena de acordes, quando, assustados, surgem no palco Clapton e Beck, para dar o devido apoio ao amigo, através de suas guitarras falantes.

Foi um baita gesto, digno de Beethoven ajudando Mozart, num arranjo qualquer.

Juntos, eles terminaram a música e logo na sequência, Joe Cocker volta ao palco para fechar o show com “With a Little Help from My Friends”.

Os deuses do rock, e de Asgard, estavam atentos.  O show foi memorável, digno, emocionante e cheio de surpresas.

Ver Jimi Page errar uns acordes e uns solos não é nada.   Duro mesmo é ouvir Luan Santana, sem falar naquele outro, o do tereteretetê.

Ainda assim, sou grato a esses pobres moços: um jovem cantor (?) de música (?) sertaneja (?), e outro que é melhor deixar pra lá.  Sem eles, eu jamais teria encontrado este raro DVD.

Obrigado Luan Volkswagen, que Deus te oriente a terminar logo sua carreira !

GM