quarta-feira, 16 de junho de 2010

O sofá, a Hering, o vinho e o Allman Brothers

Chegando em casa, sozinho, me livrei da roupa com cheiro de rua e fui direto pro chuveiro. Abri o quente no máximo e deixei a água lavar a alma. Literalmente. 30 minutos de puro zen.

Com cara de monge lavada no sabonete me enrolei na minha Hering favorita e larguei o roupão por cima.

Abri um tinto chileno justo e revolvi a estante de LP´s.

Aproveitando a solidão passageira (em poucos 32 minutos a turminha do barulho estaria de volta) pus na agulha do velho Gradiente minha última rara aquisição: Live at Fillmore East, do Allman Brothers.

A agulha yk-200 deslizava suave, como que passando a ponta da língua atrás da orelha dos sulcos do disco.

Uma maravilha !

Tomando o 1º gole do veludo vermelho que estava na garrafa, pensei: "Putz...viver é simples...".

Greg Allman, num modesto volume 18 da potencia, sussurrava: "I can´t live without a song".

Me estiquei preguiçosamente no canto preferido, do meu sofá predileto, na compania de meus ácaros de sempre.

Degustei mais um gole. A taça de cristal brilhava num tom vermelho, quase Gilda.

Cerrei os olhos um poquinho enquanto o som da mais fantástica banda de south rock me embalava.

Quase nos braços de Morpheus, ouvi a porta da frente bater num repente e a voz conhecida de meu filho berrar:

- "PaiÊÊÊÊ !!! Chegamos !

Respirei fundo, abruptamente reconduzido ao mundo real, e pensei: com o era doce o meu deserto !

O moleque se jogou no meu colo de uma distância de 2 metros, derrubando vinho, taça e tudo o mais.

Sabe o que eu fiz? Enchi aquelas bochechinhas rosadas de beijokas espetadas pela minha barba mal feita.

Esse é de fato um momento impagável !

GM

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