quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dois belos discos que merecem a atenção de nossos ouvidos



Música simples.

Sem pirotecnias e sem glamour pop.  Apenas música.

Os puristas sabem bem do que estou falando e para reforçar este expectativa, deixo aqui duas ótimas dicas para quem quiser ouvir música, e nada além disso:

1. "Happy Xmas (War is Over)" foi um disco lançado originalmente em 1971, pela "Plastic Ono Band" (leia-se Lennon e Yoko Ono), que tinha apenas duas faixas, a faixa título e a linda "Listen, to the Snow is Falling".  Além da beleza irreparável das músicas duas outras coisas me chamaram muita atenção neste disco.  A primeira é que na capa da versão em vinil (minha preferida) John e Yoko são retratados por Linda McCartney, numa foto estilo decô provocativo.  O outro detalhe mais que importante é que para o coro da parte gospel da música foram contratados, nada menos, que os incríveis Harlem Community Choir.  O resultado é digno de todos os ouvidos do mundo.

2. "Joe Cocker, The Album", lançado em 1972 em versões diferentes (Europa e EUA).  Eu tenho a versão americana que tem arranjos com forte influência do jazz e do blues.  Um belíssimo disco que tem surpresas como "Something" do George Harrison e "Delta Lady" do Leon Russel.  Peça obrigatória para quem aprecia música cantada com alma e emoção.  Blues, rock, jazz e...samba, estão todos lá.

Ouça no volume máximo !

GM

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A geração "Z", de zero


O Brasil acaba de formar uma nova geração.
Jovens, recém-paridos pelo novo sistema e pela nova percepção das coisas e do mundo que os cercam.  Um mundo que eles, os ditos jovens, construíram, em detrimento da ordem vigente, até então.

Particularmente, e aqui vai o que se pode chamar de opinião mesmo, não me orgulho nem um pouco dessa nova onda de jovens, formada a partir de um estado de coisas sobrepostas e a partir de valores vazios, ou, no máximo, pouco cheios.

Essa juventude está sendo formada a partir da cultura que se consome, divulga e repete nos meios de comunicação que hoje transbordam, vomitam e reciclam seus conteúdos repletos de nada.

Adolescentes, jovens adultos, meninos e meninas, cunhados pelos clichês que são repetidos em programas de TV, filmes, músicas e livros indignos de nossos sentidos.

O falso conteúdo comportamental de um “BBB” se mistura à falsa caricatura cultural de um “Esquenta”, estes vão se misturando às falsas diversidades de pauta dos “Domingões” e dos programas de auditório, todos.

As tele-novelas são morfina pura.  Um exercício contínuo de degradação da arte  dramática. 

Essa massa de conteúdo disforme é recheada por batidas funkeadas, refrões pagodeados e sertanejos capitalistas. 

É lixo só.

Bebendo dessas fontes, todas, de água muito suja, crescem então esses  jovens, que rebolam mais do que pensam, sonham mais com a próxima tatuagem do que com o próximo emprego e fazem projetos silicônicos e lipo-esculturais.

Uma festa, sem convites para neurônios.

A geração “Z” vai mais longe.  Sem entender direito a diferença entre política e economia, manifestam direitos legítimos de forma vazia, desorganizada, ocupando ruas e praças, numa atitude hedonista, própria de quem vive pela estética, e por ela morrerá.

São jovens que passam anos sem ler um único livro, que se medem pelo alcance de redes sociais e que dedicam mais tempo às nádegas do que ao cérebro.

Desmiolados sociais.

Esses novos heróis, falam através de uma linguagem própria, num vocabulário limitado em número de verbetes e, tendendo a zero, como eles. A preguiça deles só se esvanece quando próxima a um console de videogame.

Numa atitude cheia de insegurança, esses incríveis provocam, perseguem e ridicularizam os poucos que ainda estudam, trabalham e lutam contra ideias mais rasas. 

É como se hoje em dia, o errado fosse o certo, e o certo, fosse o errado.

Eu me esforço, mesmo.  Tento achar e fazer um juízo de valor.  Tento entender e apaziguar meus demônios internos, frente a este cenário.  Mas é difícil.

Temo pelo dia em que pontes cairão, por projetos concebidos com grosseiros erros de cálculo.  Sofro pelo tempo em que pacientes morrerão, em meio a procedimentos cirúrgicos conduzidos por médicos despreparados. Me aterrorizo pela época em que professores desistirão de abrir seus livros, em sinal de luto pela morte da linguagem culta, arruinada em meio aos novos dialetos da moda clichê.

Esse dia, esse tempo e essa época já chegaram.
Esse cenário projeta um Brasil-futuro pior e com ainda mais dependência tecnológica, econômica e, por que não dizer, cultural, pois, somos reféns de nossa própria ambição: ser o país do entretenimento.

Nosso país não tem papel estratégico global.  Somos a nação  das bundas, dos peitos e do carnaval, seja este político, econômico ou financeiro.  Nos tornamos a piada do mundo e o benchmarking da corrupção.

Então, brindemos e celebremos a tudo isto: funk, TV, tatuagens, mais academias de ginástica do que academias de letras. 

Um brinde a simplificação do samba, da escrita e da linguagem. 
Um brinde ao novo sistema, que projeta um povo novo, intelectualmente fragilizado e demente.
Vamos celebrar sim, e esquecer de vez da semente que plantamos: a geração de bundas que hoje constrói um país de merda.

GM

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Façam o estado funcionar ou DEVOLVAM meus impostos pagos !

Sim, amigos.

Recado simples e direto, que envio aqui a governantes, todos, das esferas municipais, estaduais e federal.

Deixo a missiva escorregar também, para a mesa de trabalho (?), dos legisladores das câmaras municipais, estaduais e federal, que deveriam legislar em causa não-própria.

E, por fim, na forma de um bilhetinho de poucas dobras, endereço também à chefe (e não chefa), presidente (e não presidenta), de nossa querida Pindorama:

FAÇAM O ESTADO FUNCIONAR !

Coloquem saúde, infraestrutura, segurança e educação nos eixos, ou DEVOLVAM MEUS IMPOSTOS PAGOS !

Digo, cada centavo de Tio Patinhas !

Assina, atenciosamente

O cidadão que paga impostos !

GM

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A qualidade insuperável do disco de vinil


Eis que uma grande novidade surge no mercado: o áudio HRA !

Nababescamente denominado de áudio de alta resolução, esta novidade inicialmente pilotada pela Sony, promete ser o fator tecnológico determinante, para a (enfim...) inserção da qualidade na família dos áudios digitais.

Será ?

Tudo bem.  O MP3, além de prático é péssimo !  Parece mesmo que se ouve a música dentro de uma caixa de fósforos, como se todos os músicos estivessem compactados lá dentro e, num repente, alguém aperta um botão e tudo se mistura.

Graves se tornam agudos e agudos se tornam graves.  É a festa de Babete dos médios !  Um festival de médios, para ouvidos médios e ouvintes médios !

Música não é isso.  Pelo menos não deveria ser.

Na faraônica campanha de mídia que está sendo veiculada em todos os digidoors do ECS de Las Vegas, a frase-conceito diz: "HRA, a diferença entre ouvir e escutar"!

Eu aqui, ituanamente digo que isto é na verdade a "diferença entre ser enganado sabendo que está sendo (MP3) e a doce ilusão do 'me engana que eu gosto...e pago caro por isso' ".

Sim amigos, para meus pobres e meio gastos ouvidos, existem duas formas de se ouvir música de verdade:

1. Ao vivo, na presença física de um bom músico; ou,
2. Ao vivo, também, na presença física de um bom disco de vinil.

Quem viver ouvirá !

GM

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Apenas mais uma de amor...

Apenas mais uma de amor.

Despretensioso título da faixa 2, do disco 2, do excelente "Lulu Acústico", lançado no ano de 2000, ainda pela série "MTV Acústico".

Se fosse um disco de vinil seria um álbum duplo, e a faixa aqui citada seria a segunda faixa, do lado B, do segundo disco do   álbum.

Seria, mas não é.

Quanto tempo este disco está nas minhas prateleiras ?  Pelo menos 10 anos, digo aqui sem medo de errar.  E o quanto eu o tenho ouvido ?  Pouco.  Muito menos do que o disco merece.

Hoje ouvi o disco, depois de longa abstinência.  Tive a ótima companhia de meu filho, nesta audição tardia.  O que foi ótimo, visto que o pequeno nunca tinha escutado com carinho um disco de Lulu.

Ele conhece Lulu. Já me ouviu ao violão tentando tocar alguma coisa de Lulu.  Mas um disco de verdade ainda não tinha escutado.  Necas.

Ouvimos, então, bastante.     Falei da presença da música de Lulu Santos durante minha adolescência carioca e oitentista e fechamos ouvindo de novo "Aviso aos Navegantes".

Uma grande música dentro de um grande disco.

Obrigado Lulu, seu trabalho ainda é consistente e ainda faz sentido, para mim e para muitos, e agora para meu filho.

Mas vou logo avisando, a você e a todos os que aqui navegam, se essa sua experiência global se bandear para os lados do BBB, serei seu algoz, juiz, executor e crítico, um crítico chato pra caramba.

Durma com um barulho desses !

GM

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dicas para iniciar 2014 em paz e em dia com as letras !

1. Leia "Grande Sertão: Veredas".

Guimarães Rosa redescobre o Brasil e reinventa a língua portuguesa, num romance que bem poderia ter sido concebido por Joyce, e que graças à Deus, não foi.

Mergulhe sem questionar a estética e a estrutura da narrativa.

Apenas beba.

2. Leia "Como Ouvir e Entender Música".

Aaron Copland, uma músico de primeira grandeza, desvenda a música e desmistifica seus significados.  Harmonia, melodia, ritmo e timbre são ensinados numa linguagem muito acessível, deixando que o conceito de música, no amplo, seja melhor compreendido.

Não é sobre teoria musical, trata-se apenas de um livro para quem gosta de música.

Comece por aí e siga em frente !

Leia e depois leia mais.  Emende um livro no outro, sem parar.  Depois comente com seus filhos e recomende livros a eles também.

Assim, faremos um bem maior às nossas mentes, do que qualquer programa de TV  poderia ousar fazer.

GM