quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A geração "Z", de zero


O Brasil acaba de formar uma nova geração.
Jovens, recém-paridos pelo novo sistema e pela nova percepção das coisas e do mundo que os cercam.  Um mundo que eles, os ditos jovens, construíram, em detrimento da ordem vigente, até então.

Particularmente, e aqui vai o que se pode chamar de opinião mesmo, não me orgulho nem um pouco dessa nova onda de jovens, formada a partir de um estado de coisas sobrepostas e a partir de valores vazios, ou, no máximo, pouco cheios.

Essa juventude está sendo formada a partir da cultura que se consome, divulga e repete nos meios de comunicação que hoje transbordam, vomitam e reciclam seus conteúdos repletos de nada.

Adolescentes, jovens adultos, meninos e meninas, cunhados pelos clichês que são repetidos em programas de TV, filmes, músicas e livros indignos de nossos sentidos.

O falso conteúdo comportamental de um “BBB” se mistura à falsa caricatura cultural de um “Esquenta”, estes vão se misturando às falsas diversidades de pauta dos “Domingões” e dos programas de auditório, todos.

As tele-novelas são morfina pura.  Um exercício contínuo de degradação da arte  dramática. 

Essa massa de conteúdo disforme é recheada por batidas funkeadas, refrões pagodeados e sertanejos capitalistas. 

É lixo só.

Bebendo dessas fontes, todas, de água muito suja, crescem então esses  jovens, que rebolam mais do que pensam, sonham mais com a próxima tatuagem do que com o próximo emprego e fazem projetos silicônicos e lipo-esculturais.

Uma festa, sem convites para neurônios.

A geração “Z” vai mais longe.  Sem entender direito a diferença entre política e economia, manifestam direitos legítimos de forma vazia, desorganizada, ocupando ruas e praças, numa atitude hedonista, própria de quem vive pela estética, e por ela morrerá.

São jovens que passam anos sem ler um único livro, que se medem pelo alcance de redes sociais e que dedicam mais tempo às nádegas do que ao cérebro.

Desmiolados sociais.

Esses novos heróis, falam através de uma linguagem própria, num vocabulário limitado em número de verbetes e, tendendo a zero, como eles. A preguiça deles só se esvanece quando próxima a um console de videogame.

Numa atitude cheia de insegurança, esses incríveis provocam, perseguem e ridicularizam os poucos que ainda estudam, trabalham e lutam contra ideias mais rasas. 

É como se hoje em dia, o errado fosse o certo, e o certo, fosse o errado.

Eu me esforço, mesmo.  Tento achar e fazer um juízo de valor.  Tento entender e apaziguar meus demônios internos, frente a este cenário.  Mas é difícil.

Temo pelo dia em que pontes cairão, por projetos concebidos com grosseiros erros de cálculo.  Sofro pelo tempo em que pacientes morrerão, em meio a procedimentos cirúrgicos conduzidos por médicos despreparados. Me aterrorizo pela época em que professores desistirão de abrir seus livros, em sinal de luto pela morte da linguagem culta, arruinada em meio aos novos dialetos da moda clichê.

Esse dia, esse tempo e essa época já chegaram.
Esse cenário projeta um Brasil-futuro pior e com ainda mais dependência tecnológica, econômica e, por que não dizer, cultural, pois, somos reféns de nossa própria ambição: ser o país do entretenimento.

Nosso país não tem papel estratégico global.  Somos a nação  das bundas, dos peitos e do carnaval, seja este político, econômico ou financeiro.  Nos tornamos a piada do mundo e o benchmarking da corrupção.

Então, brindemos e celebremos a tudo isto: funk, TV, tatuagens, mais academias de ginástica do que academias de letras. 

Um brinde a simplificação do samba, da escrita e da linguagem. 
Um brinde ao novo sistema, que projeta um povo novo, intelectualmente fragilizado e demente.
Vamos celebrar sim, e esquecer de vez da semente que plantamos: a geração de bundas que hoje constrói um país de merda.

GM

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