terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falando sério sobre...Ringo Starr


Muita conversa de botequim já for derramada a respeito do imenso talento musical dos Beatles.
Muita cerveja, muito vinho e, por que não, muita cachaça já foi brindada em teses intermináveis sobre a música de Lennon, McCartney, George e Ringo.

Nesta densa mata, existem fanáticos pela dupla Lennon-McCartney, existem saudosos dos solos puros de George e existem os críticos de Ringo.

Eu disse críticos ?

Não. Existem aqueles que "descem a lenha" no hoje setentão baterista.

Já ouvi coisas do gênero: "...ele estragava os fab four...", ou ainda, "...eles deveriam ser três...", e mais, "...Ringo é um baterista tecnicamente fraco...".

Sem querer polemizar, mas sim com um grande e ereto senso de justiça musical, eu digo: Ringo foi um baita baterista.

E não apenas para a realidade ritimica da época, mas também para os padrões atuais.

Falo com autoridade de quem possui e já ouviu dez dezenas de vezes todo o catálogo dos Beatles.

E digo mais, Ringo foi a medida certa de ritimo para dar a outros três a liberdade e o espaço criativo, de que precisavam.

Ringo era um músico humilde e complexo. Completo na variação dos tons e eficiente nas viradas.

Um grande músico.

Na dúvida, ouça "Rain" , "Back to the USSR" e "Revolution". Ele é o cara que segurou toda aquela onda.

Ringo, fraco na bateria ? 

Fala sério !

GM




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Trabalho Interno, o filme definitivo sobre a crise de 2008


Charles Ferguson nunca teve grande destaque na mídia, em termos de produção cinematográfica de peso.

Na verdade, pouquíssimo se ouviu falar do diretor, antes de seu último trabalho, o documentário "Trabalho Interno".

Todos sabemos o que foi a crise de 2008 e de como ela nos impactou e também  às próprias  estruturas do capitalismo.

Foi um ano negro.

Kevin Spacey estrelou o filme "O Dia do Fim", que também abordou o tema, mas de uma forma muito vazia, se considerarmos a profundidade da coisa.

Este documentário de Ferguson tem tudo o que você precisa saber sobre o que realmente foi aquela crise.

Suas dimensões e os riscos que corremos, caso aconteça de novo.  E até os nomes reais dos figurões que causaram a crise.

É pura informação.  Não é entretenimento.

Num Brasil assolado por BBB´s e bobagens diárias, é tudo o que precisamos.

GM

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O meu primeiro disco da Madonna


Eu sei. Trata-se de uma das maiores forças do pop.


Na verdade, um de seus criadores. Ou no mínimo, junto com Michael Joseph Jackson, um de seus aperfeiçoadores.

Há uma coisa clara que define e distingue o bom pop dos anos 80, das tecnologias musicais que hoje dominam as FM´s. Trata-se da tríade, música – letra – palco e Madonna sabe disso.

Vamos observar mais atentamente estes dois monstros do pop.

Michael inventou o vídeo-clip e se apoderou da mecânica “personagem + estória”, para cantar seus hits. Também trouxe o mundo fashion para a música e criou um padrão de coreografia de palco, até hoje imitado – aquela formação em pirâmide, aonde o vocalista é a ponta e depois, em camadas, os bailarinos vão engrossando o caldo até a base, com 06 ou 07 performers.

Madonna foi a primeira a erotizar o pop. Com alguma competência vocal e muita coragem na estética, cravou as unhas nas raízes mais simples da música popular e fez disso um meio de vida.

Os dois foram mestres da combinação música – letra – palco.

E com a ajuda de arranjadores do quilate de um Quincy Jones, estrearam e quase que patentearam o novo, hoje velho, pop.

Fizeram com perfeição o esquema ‘introdução - refrão – solo – refrão – fechamento’.

Além disso, levaram o gênero a um êxito comercial nunca sonhado por Sir Paul McCartney, seu real criador.

Naveguei décadas nas ondas do bom pop sem nunca ter dado eira ou beira à Madonna.

Impliquei com seu jeito punk comercial, desdenhei de suas letras e ri muito de “La Isla Bonita”, uma das piores coisas que ela já gravou.

Na verdade, até semana passada, na minha coleção pessoal, não havia um único exemplar de disco dela, seja em CD, vinil ou K-7. Madonna, pra quê ?

Mas isto também mudou. E atendendo ao desafio de meu amigo Robélio, comprei um disco da Madonna. Comprei talvez o único disco que ela tenha gravado. É claro que falo de “Like a Virgin”, com hits automáticos como “Material Girl” e “Bordeline”.

Sim, está comprado. Em vinil, com a capa perfeitamente conservada, apesar de passados quase 28 anos de seu lançamento.

Não adianta protestar. Ganhei a aposta e comprei o disco. Só me falta coragem para ouvir.

GM


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Procura-se o jornalista, escritor e cineasta Pedro Bial

Estou procurando pelo Pedro Bial.

Caso você o encontre, por favor, deixe avisado que estou à sua procura.

Procuro pelo Bial jornalista, aquele formado pela PUC, que cobriu com precisão e bom gosto o Rock In Rio.  O mesmo que testemunhou a queda do muro de Berlim  e, de Londres, atestou com qualidade e legitimidade muitos fatos jornalísticos importantes, na ótica de um correspondente sério e profissional.

Ando a procura do Bial consciente, que usava a telinha como ferramenta para o despertar da crítica atenta e da cidadania.

Procuro o Sr. Pedro Bial, poeta menor, mas ainda poeta, curador e letrado, acessível e carismático, aquele mesmo que finalizava as edições dominicais do Fantástico com a célebre e inteligente frase: "Que você tenha uma semana produtiva".

Busco pelo Bial que ajudou a revolucionar a linguagem na TV brasileira, bem como sua estética e sentido.

É esse profissional de comunicação que estou procurando.  O mesmo que revitalizou o Fantástico e abriu espaço para mais verdade, e menos manipulação.

Se encontrarem ele por aí, digam-lhe que está fazendo falta. 

E que volte logo.  Pois mesmo escondido num porão sujo e glamouroso, certamente pode ainda voltar, pois muito há o que ser feito em termos de jornalismo no mundo e no Brasil.

Torço para que você o encontre e o faça lembrar dos tempos de escola e das aulas de jornalismo, que o fizeram homem e poeta.

Um homem pequeno, mas ainda poeta.

GM

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Joe Bonamassa, Paul McCartney e Tedeschi Trucks Band



1. Joe Bonamassa:

Quando Joe Bonamassa, ainda um infante de pouco mais de 12 anos, mas já familiarizado com o talento e a rotina musical de sua família, ouviu pela primeira vez Eric Clapton exaurindo sua velha Fender numa interpretação visceral de "John, The Revelator", pirou completamente.

Coitado do ainda moleque.

Clapton estava para a guitarra, naqueles idos de 1981, assim como Bach sempre esteve  para o cravo e para a craviola: um tudo, tão perfeito, que era um quase nada.

O jovem não se intimidou e seguiu em frente.  Ensaiava de 10 a 12 horas por dia e, literalmente, com sangue nos dedos, seguia em frente.

Hoje, como um baita músico de blues, tem espaço e luz própria...a ponto de poder tocar com Mr. Clapton no show do Albert Hall.  No mínimo, o máximo.

Tudo bem, Clapton is God, todos os muros de Londres sabem disso.  Mas Joe é massa.

Dele, recomendo "You and Me", disco de 2006.  Uma obra irmã, quase prima. 

Respire fundo antes da faixa "So Many Roads".  Não digam que eu não avisei.


2. Paul McCartney:

Quando Paul encontrou Diana Krall numa tarde chuvosa em L.A. (ambos exaustos após ensaios para o show beneficiente da Sony), algo de estranho ocorreu.

Faltou luz.

Rapidinho os geradores fizeram as luzes de emergência funcionarem, e alí, meio na penumbra, num repente, ele falou: "Precisamos gravar um disco !".

A idéia de gravar canções antigas, daquelas que o pai de Paul tocava ao piano, nas festas natalinas da distante e perdida Liverpool, era um projeto antigo.

Faltava um arranjador competente, com um pé forte no jazz e outro no pop: Diana Krall.

Faltava uma banda flexível, que suportasse o transtorno obssessivo compulsivo de Paul, em sua busca pela perfeição: a banda de Diana Krall.

Faltava um guitarrista de peso, que Paul respeitasse e ouvisse: Eric Clapton (uma das poucas criaturas na face da terra capazes de solicitar a Paul que feche a matraca, de vez em quando).

O projeto saiu.  Virou disco.  Se chama "Kisses on the Botton". Uma peça única de beleza e competência musical.

Recomendo.  Demais.


3. Quando Derek Trucks (da Derek Trucks Band) conheceu Susan Tedeschi, além de se apaixonar pela bela cantora, casar com ela tempos depois e ficar babando ao lado dela sempre, algo de mais interessante aconteceu.

Formaram a "Tedeschi Trucks Band".

Sim é verdade, uma banda de blues e jazz, com levada soul e pop contendo 11 integrantes, não é uma coisa muito comercial.

No mínimo, o custo operacional é alto.

Mas, quem disse que música, das boas, tem custo operacional ?

Não mesmo.  Portanto cabem todos eles: o sax, a bateria, o trombone, o pistão, o piano, a guitarra, o violão, o contrabaixo acústico, a percussão, o baixo elétrico e a harmônica.

Tudo junto e separado.

A voz de Derek, continua rouca como na época de sua banda.  Mas agora o destaque vocal é para a Susan, que além de linda...é linda !

Recomendo começar pela faixa "Come See About Me". 

Mas tenha cuidado, beba devagar...

GM



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Frase do dia, da noite e da madrugada

"...e quando a corrupção nestas paragens se tornar tanta e tão frequente, a ponto de seus filhos, amigos e irmãos, acreditarem que as coisas são assim, simplesmente por serem assim, poucas alternativas lhe restarão, além das muitas jarras de vinho plebeu...certamente um caminho seguro para fugir da vergonha que a sobriedade lhe daria..."

Virgílio César, ano 3 d.C.

Durma com um barulho desses !

GM

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Falando sério sobre...The Doors


The Doors.  Sem dúvida, um grande nome do rock, do pop e dos primórdios da revolução comportamental que fez a geração beat.

Mesmo no ápice do verão do amor, não seria possível prever a vinda de uma banda como essa, que, meio ácidamente, entoava poesia mítica entre baforadas de ervas e coladas de papel.

Bons músicos.

Falo de Ray Manzarek e Robby Krieger, teclado e guitarra, respectivamente.

Bons Discos.

Agora falo especificamente de LA Woman e Morrison Hotel.  Dos outros discos, não.

Toda a energia da banda era centrada na base instrumental, de forte vocação jazzística e extremamente competente na execução.

Eles eram ótimos instrumentistas.  Equilibrados e loucos ao mesmo tempo.

Havia só uma pequena distorção.  Algo que não fechava bem.  Uma pedra amadora na base profissional: os vocais mal trabalhados de Jim Morrison.

Menino rebelde. Abastado e bem de vida.  Drogado desde cedo, por opção.  Bom letrista, mas um tanto confuso nas imagens e péssimo cantor.

A banda só não foi em frente com mais espaço para seu trabalho, em função da incrível limitação artística dos vocais do jovem Jim e de suas escorregadas nas drogas, ocasionando incidentes lamentáveis, como o do show em Miami em março de 69.

Ficou muito claro a todos a vocação comercial da banda, naquele momento.

Hoje, ouvindo todo o material do Doors, percebo um lapso criativo forte já no terceiro disco.  Noto também que Jim Morrison contribuiria mais se tivesse se dedicado à música, tanto quanto seus amigos instrumentistas.

Doors com Morrison ?  Fala sério...

GM