segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Um clássico, por favor ! (ou...de como George Lucas, os Dead Rocks e Tom Jobim caminharam conosco...)



Assistimos "American Graffiti".  Obra romântica do mestre George Lucas, ainda menino, de 1973 e que trazia no elenco alguns nomes que se tornariam lendas do cinema, como Harrison Ford e Richard Dreyfuss.

Todos, uns magrelos rapazotes !

Vendo o filme, finalmente descobrimos a fonte de inspiração dos terninhos vermelhos usados hoje pela banda "Dead Rocks", do primo Fábio Martins.  E entendemos também a fixação do hoje velho Lucas, pela placa THX 1138 (filme de 1971, do mesmo diretor).  Placa que aparece  num dos Cadillacs de "American Graffiti".

Ouvimos o imortal Tom Jobim, cantando junto com Elis Regina, sua obra prima "Águas de Março".  Embalamos esta audição numas duas doses de um ótimo bourbon e recebemos a visita gostosa de uma chuvinha barulhenta, que insistia em nos avisar.

Justa homenagem na passagem do aniversário do maestro Brasileiro.

Lemos, juntos, dois trechos malucos de George Orwell em sua loucura pessoal chamada "1984".  Que serviu de conceito para todos os bigs imbecis e brothers idiotas que hoje andam por aí.

Caminhamos.  Caminhamos quase duas horas.  Às vezes de mãos dadas e às vezes em silêncio, tendo apenas as árvores como testemunhas e a solidão de nossos pensamentos.

No que estaria pensando ela ?  O que estaria pensando eu ? 

Tudo isto num fim-de-semana, que vou guardar solene e docemente na memória.

Amo minha família !

GM

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

The Band e sua música honesta


The Band foi uma das bandas mais honestas que existiram no cenário do rock-verdade.

Honesta no sentido musical.  Honesta no sentido da justa medida entre aquilo que os ouvintes esperavam e aquilo que a banda entregava.

No festival de Woodstock, em 1969, o set da banda foi um dos mais aplaudidos pela multidão de 500.000 doidões, que se deixaram levar pelo som.

Eles tocaram, entre outras pérolas, "Tears of Rage", "Ain't No More Cane" e a emblemática "The Weight", que seria também usada na coletânea que serviu de trilha para o lendário filme "Easy Rider".

The Band, que já tinha sido a banda de Bob Dylan, agora eram músicos independentes.

A base original da banda era formada por músicos do quilate de Rick Danko, Levon Helm e Richard Manuel, além de outros grandes músicos que se fizeram presentes.

Talvez esta fosse a diferença.  Eles eram músicos de verdade.

Numa das raras entrevistas concedidas a mídia em geral, Rick Danko teria dito ao crítico de música M. Walker, do Times, que "...a única coisa que fazemos é dedicar 100% de nossa atenção à música, quando a compomos, 100% do nosso esforço e concentração, quando a ensaiamos centenas de vezes, e 100% de nosso respeito ao público quanto a tocamos...é disso que vivemos...".

Honestos.  100% honestos. 

Músicos assim são uma raridade hoje, quando a música está se tornando uma ferramenta vazia, de se ouvir nada.

Haja peito e haja bunda !

GM

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A TV que degrada e imbeciliza

Existem coisas fáceis, na vida, e existem também coisas difíceis.

Difícil é muita coisa.  Difícil é muito longe.  Difícil é muito caro.

Hoje em dia, é ainda mais fácil encontrar dificuldades ou barreiras para se ler um bom livro, para se conversar com outros sobre um tema qualquer que demande reflexão ou esforço de raciocínio. 

Ou mesmo para uma relaxante partida de xadrez.

Leitura de jornal então, nem se fala.  Ou melhor, nem  se lê.  Quando foi a última vez que vi alguém com menos de 30 anos com um jornal nas mãos ?

Não me lembro.

Todos esses valores estão sendo apressadamente substituídos por nada !

A bossa, o jazz, o samba e o rock sumiram das rádios.  O que se escuta e o que se vende é axé, sertanejo, pseudo-funk e tecnopop. 

E dá-lhe bunda, peito, letras imbecis e melodias bate-estaca.

Os clássicos sumiram das livrarias.  As prateleiras hoje vendem arqueiros, fantasmas, biografias de gente que sequer tem história e celebridades vazias.

Um absurdo !

A TV de qualidade, salvo raríssimas exceções de emissoras que ainda tem coragem para divulgar cultura, vomita imbecilidades todos os dias.

O tele-jornais pingam sangue.  Os TV-shows ejaculam sexo e merchandising e o esporte se tornou refém do enquadramento das programações.

A TV brasileira acelera o já irreversível processo de imbecilização do povo brasileiro.  Ninguém mais lê.  Ninguém mais escreve.  Ninguém mais conversa.

Somos provavelmente o maior mercado mundial para programas, produtos, celebridades, música e publicações imbecilizantes.

Somos a pátria das imbecilidades, principalmente na política.

A linguagem involui a cada dia.  Hoje  quem fala e escreve certo é discriminado e rotulado como aberração.

Nosso povo se imbeciliza mais a cada plin-plin alienador.

Nos tornamos uma vergonha para nossos pais e um asco para nossos avós. O Brasil do homem de agora é imbecil, e escolheu ser assim

Por sorte ainda podemos fazer alguma coisa quanto a nossos filhos, por enquanto, ainda há um futuro que parece valer à pena.

GM

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Hank Willians, música longa e vida breve


A também fascinante história da música popular, apresenta em seu contexto, diversos ícones rolantes que estiveram presentes na sua formação, estruturação e disseminação.

Poderia agora estar, com muito orgulho, falando do samba brasileiro ou da bossa mestiça.  Mas neste momento prefiro alinhar algumas palavras sobre o pop mesmo.

O pop tem sua origens no rock.  Talvez no lendário "Álbum Branco" dos Beatles.  Talvez no "Pet Sounds" dos Beach Boys. Tudo isto, óbviamente, muito antes dos grandes movimentos estruturadores e massivos de Michael Jackson e Madonna.

E se o pop veio do velho rock, também tem, então, origens nas mesmas bases do velhinho de 03 acordes: o blues (e mais tarde o R&B), o country e o gospel.

Já conversamos aqui sobre como uma orgia criativa entre esses 03 gêneros musicais deu origem ao rock. Um filhote nada rebelde e até bem conservador.  Mas agora gostaria de falar mais sobre aqueles que, na minha visão, mais contribuíram artisticamente para isto.

A idéia é falar das pessoas.

Acredito que 03 merecem destaque especial: Mahalia Jackson, quando o assunto for Spirituals & Gospel.  Robert Johnson, se formos falar de blues.  E, Hank Willians, no campo do country, de verdade.

Nascido Hiram King Willians, num pequeno condado do Alabama, Hank Willians, seria reconhecido em sua trajetória artística como um cantor de voz pequena, anasalada, muito afinada, dono de harmonias inovadoras para a época e autor de músicas tristes, autorais e narradas na 1ª pessoa.

Nada muito diferente dos demais country man da 1ª metade dos anos de 1940.  A diferença era outra.

Hank Willians ousou cair na estrada, encontrar outros bambas, como Rufus Payne, por exemplo, que lhe ensinou mais que o básico da guitarra e seguir em frente.

Numa época de imensas restrições logísticas, o visionário Hank fazia shows em 20 estados, com o pé-na-estrada, divulgando sua música e criando sua lenda.

De 1947 a 1952 foi o mais conhecido e importante artista do country, e sem preconceitos, se alinhava com vozes de todas as cores, num processo de construção de uma música que nem ele, e nem ninguém, saberia aonde iria dar.

E deu.

Tristemente, como numa desgraça anunciada, se envolveu com álcool e anfetaminas.  Perdeu shows, oportunidades e os contratos com as gravadoras Sterling e MGM.

Em 1953 morreu em decorrência de um acidente de carro fatal.  Um fatalidade idiota que poderia ter sido impedida.

Foi-se o corpo, ficou a obra. 

Obra de um dos maiores contribuidores para a formação da música que hoje, 60 anos depois, ouvimos nas boas rádios do ramo.

Que fiquem no ar por mais algum tempo.

GM

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O tinto certo é aquele que lhe parece certo




Fuja das idiotices comportamentais.

E se o assunto for vinho.  Apreciar vinho.   Beber vinho.  Fuja dos enochatos.

A figura é de fácil reconhecimento: geralmente bem vestido, às vezes amigo da roda íntima e às vezes nem isso.  Ele chega de mansinho, e quando o assunto recorre à taças e brindes, já entra com autoridade sacra.

O cara geralmente é um saco.

Não tenho nada contra a ciência que cerca o hábito saudável do consumo de vinho.  O que me aborrece é a pseudociência.

Gosto do convívio com enólogos e enófilos.  Tenho alguma reserva quanto ao convívio com sommeliers, principalmente se for o Ronnie Von  e tenho verdadeiro asco dos enochatos.

O enochato cutuca, provoca, dá sempre uma risadinha de canto de lábio quando descobre qual o vinho que você está tomando e, pior que tudo, geralmente não entende de nada.

Vou dar agora algumas dicas anti-enochato.  Leia com atenção.

Primeiro, beba o vinho que lhe agradar.  Ao paladar e ao bolso.  Segundo, esqueça um pouco esta estória de "harmonização coerente" entre comida e vinho.  Isto existe sim, mas não leve muito a sério.  A regra é harmonizar o seu gosto e a sua expectativa quanto a bebida e a comida.

Outro ponto importante, não faça o ritual da prova, guardanapo, rolha e lágrima no meio do restaurante.  Não seja ridículo !  Se você já conhece o vinho, peça e beba.  Se não conhece, converse com o sommelier, mas cuidado !  O sommelier quase sempre tentará lhe vender um rótulo de alto valor.

Observando estes pequenos detalhes, fuigindo dos enochatos e repeitando seu paladar e seu bolso, não haverá como errar.

Serás feliz na compania de Baco e Dionísio...saúde !

GM


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Almanaque da Música Pop no Cinema...A Trilha Sonora Perfeita


O apresentador e músico Rodrigo Rodrigues conseguiu escrever e publicar um livro muito especial.

Para quem gosta de música e cinema, recomendo a leitura do "Almanaque da Música Pop no Cinema".  Um espécie de hit automático no gênero.

Eu fiquei fulo de inveja e ao mesmo tempo besta com a beleza do conteúdo, que é musical, cinematográfico e jornalístico ao mesmo tempo.

O tipo de livro que eu gostaria de ter escrito, mas, por pura preguiça, não o fiz.

No livro ele desvenda  estórias deliciosas por de trás das trilhas sonoras de todos os grandes filmes.  Fala das músicas, das cenas, dos artistas e de como esse universo interage conosco, pobres mortais.

Um livro que nos leva a viagens na memória, recordando tempos e passagens ao sabor das músicas que fizeram os filmes.

E dos filmes que fizeram as músicas.

Recomendo.

GM

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Uma Incrível Coincidência Beatleniana


Uma conversa descontraída de sábado à tarde.

O já tradicional churrasco estava quase no fim.  Estava finalizando a picanha ou dourando a costelinha.  Não importa.

A conversa caminhou para a música, como na maioria das vezes que reunimos os amigos no nosso cantinho da bagunça.  Falávamos do que estávamos ouvindo e naquele momento ouvíamos Beatles.

Meio que metido à besta, falei que nossa coleção de discos beatlenianos estava completa.  Tínhamos finalmente toda a discografia oficial e a última aquisição fora o raro “Love Songs”, de capa marrom, lançado apenas em vinil na década de 1970.

Num estalo e com a razão que a pureza dá às crianças, meu filho interviu dizendo que nossa coleção dos Beatles estava longe de estar completa.  Faltava, por exemplo, o disco “Strawberry Fields Forever”.

Disco ?  Zombei do alto de minha imodéstia falante. 

Argumentei que “Strawberry Fields Forever” era uma faixa de um grande disco, mas que não se tratava de um disco autoral e nem coletânea, a não ser pelo compacto de mesmo nome lançado no final da década de 1960.

Insisti na minha posição, mesmo sob os protestos gerais de que o tal disco de fato existia e que fora visto uma vez num site de discos raros.

Seria balela ?

Numa das paredes da área de lazer afixei um quadro, tempos atrás, com as miniaturas de todas as capas de todos os discos dos Beatles.  De “Please, Please Me” até a coletânea “Love”, produzida por George Martin.

Usei esse quadro como argumento final dizendo que se “Strawberry Fields Forever” fosse um disco, a capa estaria ali no quadro.  Ponto final.

Sepultei a questão, apesar dos firmes argumentos de meu filho.

Passa o tempo.  Poucos dias, na verdade.  Estava em viagem a trabalho, na rotina de sempre: aeroporto-cliente-almoço-cliente-jantar-hotel-aeroporto.  Na volta pra casa observei que havia, junto ao lobby do hotel, uma espécie de feirinha de velharias incríveis.  Uma senhora, acompanhada de uma jovem de uns 20 anos, vendia por ali de tudo um pouco.

Observei isqueiros antigos, facas e lanternas.  No canto do balcão uma pilha de discos de vinil descansava em paz. 

Um deles me golpeou o rim esquerdo !  Era uma capa de long play, dos Beatles, de nome “Strawberry Fields Forever” !!!

Como ???

Peguei a capa apressadamente.  Li seu conteúdo externo.  Tratava-se de uma coletânea, lançada pelo fan clube dos Beatles e que não teve fins comerciais.  Não foi vendida em lojas e teve uma tiragem bem reduzida.

Raro de verdade !

Faixas inéditas.  Gravações à capella e uma raríssima versão de “O Barbeiro de Sevilha” nas vozes harmonizadas de John e Paul.

Um pequeno detalhe: a capa estava vazia.  Faltava o LP.

Perguntei a senhora sobre o disco e ela me disse que os tirava das capas e os deixava empilhados num caixote, pois as pessoas só compravam as capas para usar como decoração.  Os discos ninguém comprava.

É óbvio que quase morri do coração na hora.  Seria fulminante se o tal caixote não estivesse ali, bem ao lado.

Procurei com cuidado e encontrei o vinil, com poucas avarias e uns poucos arranhões.  Comprei e com carinho transportei para casa.

O final de estória é previsível: meu filho, cheio de razão, zombando de minha arrogância de dias antes.  Muitas gargalhadas em comum e o disco espetado na agulha, tirando aquele som que só eles sabiam fazer.

Vou ter que mandar fazer outro quadro.

GM

 

 

 

 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

2012, o ano que não começou...

As mesmas manchetes de 12 meses antes.  O mesmo conteúdo também.

As mesmas mentiras ensaiadas e executadas a partir de Brasília.  A mesma estória contada por terninhos caros e gente despreparada.

A mesma temática:  a violência, a desvalorização da vida, o caos urbano, o esporte, o sexo, as realidades pagãs e a falta de caráter em geral.

Por essas e mais algumas, 2012 me deixa a impressão de que não começou e que por isso mesmo, não vai terminar. 

No calendário, 2011 parece saltar direto para 2013, apesar de todo o esforço das luzes de natal e das lojinhas sorridentes.

Um ano de estagnação econômica, escândalos de corrupção e de uma conectividade frenética, que toma os espaços do abraço, do afago e do aperto de mão.

Meus votos são para que 2013 comece de verdade...e que aconteça, pois 2012 pareceu fazer parte de 2011, num ano de 24 meses.

GM