quinta-feira, 6 de maio de 2010

São Paulo Invisível

Com um senso de urgência muito meu, saí do prédio administrativo da fábrica II e desci rumo ao estacionamento.
Acionei o controle remoto e o alarme, fiel amigo, disparou destravando a porta. Quem liga ?
Olhei em volta e pensei ter me tornado invisível. É incrível, mas o bom paulistano realmente ignora tudo a sua volta. Olha focado e vê apenas o que quer ver. Ninguém ouviu o alarme disparar. Amiúde, era alto e claro.
Neste momento entendi melhor a letra de Zeca Baleiro, quando diz que as vezes se sente "...mais solitário que um paulistano...".
O paulistano é só por opção.

Andei exatos 22 minutos de carro, pela marginal sentido Cidade Jardim, e parei exatas 9 vezes, pela força e imposição do tráfico insano. Em todas as paradas olhei à direita e à esquerda. As vezes de relance meus olhos cruzavam com outros, que ato contínuo, desviavam-se tediosos ou baixavam-se temerosos. A cidade parecia respirar medo.
O paulistano teme por opção.
Cheguei ao hotel e consegui pegar ainda entreaberto o elevador. Quatro pessoas dentro dele pareciam viver uma crise de invisibilidade. Sequer os olhares estavam nas mesmas direções.
Celulares nas mãos. Nada mais.
Incrível como fui me apaixonar por esta cidade.
Me sinto um pouco invisível também.

GM

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