terça-feira, 4 de dezembro de 2012

E Deus criou o rock and roll...


 

Este artigo não é acadêmico.

E nem é também obra de um profissional em história da música, ou mesmo de um especialista em comportamento.  Trata-se apenas de um texto meu, sobre um tema que me agrada e que resolvi dividir e compartilhar com vocês, amigos, que fazem uma leitura paciente das ideias simples que publico no blog.

O tema de hoje é complexo, apesar de simples.

Falar da origem do rock and roll, é uma tarefa que requer alguns cuidados.  Isto porque o tema é de domínio de todos.  Todo mundo entende, ouve, ouviu, gosta ou gostou de rock and roll.  E também por que o rock é uma coisa velha, graças à Deus.

Velha na origem, que remonta aos idos de 1910 e velha na execução, que mantém a mesma base harmônica e melódica desde 1956, também graças à Deus.

Então quando falamos de uma área do comportamento e da arte que existe há muito tempo e também é, digamos, de domínio público, há de se ter cuidado.

Todo mundo é dono do rock and roll e quase todo mundo se identifica com um cantor, guitarrista ou banda de rock and roll.

Portanto, olho vivo e faro fino.

O rock, enquanto gênero musical, não foi inventado por ninguém.  Não foi o DJ Alan Freed que inventou o gênero.  Ele pode no máximo ter popularizado a expressão “rock and roll” em 1951, reforçando, apenas, uma energia que já habitava as ruas e algumas pistas de dança.

Também o rock não foi invenção de Elvis, Little Richards ou Chuck Berry.   Estes com certeza estruturaram a coisa e edificaram a imagem.  Mas não inventaram o gênero.

De fato, em minha opinião, o rock and roll apenas aconteceu.  O motor deste acontecimento foi mesmo o comportamento dos jovens.  Havia na década de 1950 toda uma geração que represava seus pensamentos, instintos e desejos.  Havia um autoritarismo exacerbado por parte das famílias patriarcais americanas e havia também muito conflito social e racial.

O cenário era perfeito para que uma mudança ocorresse.  Uma mudança só ocorre quando um cenário qualquer está tão tenso e tão desgastado que não há outra saída além da ruptura.

O rock foi isso.  Uma ruptura comportamental e artística baseada em poucos acordes e muita atitude.

Esta estória, antes de virar história, começou com a música que veio do sul dos Estados Unidos.  Naqueles tempos, provavelmente da década de 20 à década de 50, existiam alguns gêneros, por assim dizer, musicais que ficaram conhecidos como os “pais” do rock na roll.

Das igrejas e da fé negra veio a “spiritual music”.  Mãe e pai do “gospel music” e que habitava lares, igrejas e o cotidiano de uma gente simples que gostava de cantar enquanto trabalhava.

Das colheitas de algodão veio o Blues.  Uma triste e reconfortante música que servia de alento para jornadas diárias de mais de 18 horas de trabalho e que também acalentava a alma de bêbados criativos que se reuniam em bares “honky tonky”, para fazer música e beber whisky de milho, do bom e barato.

O termo “honky tonky” servia para cunhar, além dos bares sujinhos da época, também os trens que faziam a ligação entre as cidades do sul e Chicago e também as festas “rent honky party”, aonde músicos viajantes tocavam a noite inteira em pensões e albergues, para atrair gente que dançava o “booogie-woogie” e bebia um Bourbon pobre e gostoso.

Era a única forma que músicos com muito talento e pouco dinheiro encontravam para pagar suas estadias e alguma comida que sobrasse.

Há ainda outro importante componente musical no contexto daquilo que se pode chamar de criação do rock and roll.  Das festas de rancharias e fazendas de gado, com um sotaque típico de cowboys e matutos, veio a música country, também conhecida como country and western.

Com uma base harmônica mais desenvolvida e com uma melodia mais alegre, o country teria um papel importante na miscigenação musical que daria origem ao rock.

Então temos um cenário musical que pode ser resumido mais ou menos assim:

a.       Spiritual music e Gospel Music – Harmonias vocais e elementos percussivos;

b.      Blues – Guitarra acústica e uso de escalas cromáticas;

c.       Country – Harmonização mais complexa com melodias mais alegres.

Essa combinação foi sendo feita aos poucos.  O novo gênero foi sendo construído com base em contribuições populares, de festejos, de encontros de jovens e através das viagens que os músicos faziam entre as cidades novas que iam surgindo no sul americano, a partir do Delta do Mississipi em direção ao norte, em direção a cidades como, talvez, Chicago.
O rock seria então um filho de três pais.

Na música spiritual e gospel uma grande influência foi a cantora Mahalia Jackson, que já na década de 20 e 30 foi a principal voz do gênero. 

O bluesman Robert Johnson e, mais tarde, Muddy Watters, também foram grandes influenciadores e no country, a principal referência foi Hank Williams.

Quando Elvis aconteceu em 1956 e, junto com ele, outros nomes importantes, as bases do rock já estavam sedimentadas e já eram do conhecimento de muita gente.

Elvis, Chuck, Richards, Jerry e muitos outros ajudaram a estruturar, dar forma, dar imagem e a popularizar o gênero.

A criação foi obra de Deus.
GM
 

Um comentário:

  1. Belo texto da criação divina do Rock, ainda tem gente que diz que o Rock é coisa do Capeta, parabéns por esse texto vou até linkar no meu blog essa publicação sua. Abraços, passe sempre que der no www.olhoko.blogspot.com

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