domingo, 6 de abril de 2014

Nota de encerramento de atividades do Blog do Gibaitu...ou...de como Durango Kid e Nacional Kid, mesmo sendo primos, nunca se encontraram...



Eis que, em meados de 2009, mais precisamente no mês de  maio, estávamos em Blumenau (ou Pomerode ?), linda e germânica cidade de Santa Catarina, eu e meu amigo João Pedro, conversando sobre letras e filmes, às margens do Rio do Testo e saboreando várias tilápias fritas, regadas a um bom e acessível tinto, quando, surgiram as ideias de criarmos nossos blogs.

O meu seria o "Blog do Gibaitu".  Homenagem à cidade que me acolheu em SP.  O do meu amigo João Pedro, seria o "JP Receitas",  função justa à habilidade do bom JP nas coisas que aludem às panelas e aos temperos.

Foi assim, simples assim, que resolvemos começar a escrever algumas linhas sobre as coisas que julgamos merecer.

Quase 05 anos depois, desfrutando dos benefícios organolépticos que esta experiência proporcionou, resolvo hoje, ou ontem, encerrar as atividades do blog, por considerar que os objetivos foram plenamente alcançados e, também, por uma urgente e inadiável falta de tempo. 

Crônica de nossos dias.  Reflexo das escolhas feitas.

É assim.

O Blog do Gibaitu durou 500 posts, pouco menos de 33.000 pageviews e  quase 05 anos do tempo do leitor amigo e do escritor inexperiente.

O post mais lido (673 clicks) foi minha homenagem singela a Michael Jackson.

O menos lido (31 clicks) foi sobre enologia.  O segundo post mais lido (551 clicks) foi "A Geração Z, de Zero", desabafo sincero sobre os rumos da juventude que vejo crescer ao meu redor.

O primeiro post foi uma homenagem ao lendário show de Tom, Toquinho, Vinícius e Miúcha gravado ao vivo, no Canecão (Botafogo/RJ).

O último post é este que o amigo lê agora.

Agradeço a todos os amigos, leitores e curiosos a companhia ao longo de 05 anos.  Agradeço aos 21 assinantes e aos leitores assíduos (Micai, Caiano, Oswaldo, Arthur, Djane, Miguel, Pedro Paulo, Carina, Mariana, China Roberto, Patrícia, Mirella, Joana, Cláudia do Posto, Fabiana, Leôncio, Geraldo Claro, Pedro Odebrecht, Paula Maíra...desculpe se esqueci de alguém..).

Agradeço aos 371 comentários e a todas as críticas recebidas.  Foram necessárias para o devido apuramento estético da técnica e do conteúdo.

Valeu amigos !

Estamos encerrando nosso Blog do Gibaitu.  Ele fica no ar, mas sem novas postagens.

Agradeço a companhia !

Continuem lendo, ouvindo, assistindo e cultuando a vida !  É assim que deveria ter sido, sempre.

Eu recomendo !

GM 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Véspera...

Quando, Kublai Khan, neto de Gengis, revelou a Marco (o Polo), no ano de 1271, que não desejava mais ver, assim como um cervo, o degelo natural de toda manhã Mongol...

Quando, ao dar aquele passe de gênio, Arthur Antunes de Coimbra (o Zico), resolveu colocar na face da meta, o jovem Cláudio Ibraim Vaz Leal (o Branco), como testemunho de todos os gols não marcados, nas peladas de Quintino (o subúrbio)...

Quando Chico (o Buarque), no legítimo direito ao exercício da covardia cidadã, resolveu rumar a remos largos para a Itália...

Quando a bomba (de TNT) resolveu explodir no Rio Centro...

Quando aquela menina de 15, mais de 30 atrás, resolveu colocar a boca úmida na minha lógica firme (de 14), mais de 31 atrás...

Quando eu finalmente entendi Bandeira, Jobim e McCartney...

Resolvi encerrar meu blog.

Quase 500 bobagens depois, sendo esta é a de número 499.

E olha que o Arlindo sempre me disse, desde 1981, para não escrever tão hermético.

Quem não lê entende  !

GM

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Baden Powell, vive !



Muito se fala de Paco de Lucia, um dos mestres do violão, como referência de perfeição na execução do instrumento.

Também há de se louvar, e muito, aqui no campo histórico, as contribuições estudiosas de Francisco Tárrega e Heitor Villa-Lobos.

Sim, assimilo estes pilares da convenção e não questiono.

Mas, acrescento. 

No exercício crítico do meu direito neural de ouvinte, bigornento e martelento, acrescento, sim, o nome de Baden Powell.

Este não foi clássico, pois esteve além das molduras curriculares.

Não foi popular, pois pairou inerte e metabolizado ante a panfletagem comercial que, quase sempre, era rasa.

Foi Baden. 

Dono de uma técnica ainda não igualada e de uma coragem estética ainda não compreendida.  Nele, o afro, o jazz, o folclore e o clássico eram apenas gotas de inspiração, no processo de criação de uma obra que, graças à Deus, não se ousou rotular.

Eu recomendo que você ouça Baden Powell, muito. 

Ouça só e acompanhado.  Ouça sóbrio ou onirizado. Ouça às claras ou nas entrelinhas.

Ouça no volume mínimo e aprecie a beleza do silêncio  Badeniano.

Um silêncio que grita e impõe respeito.

É canto de Osanha !

GM

sábado, 22 de março de 2014

Rapidinhas...mas bem gostosas !

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Li, igual a um cano fumegante de alma raiada, o nostálgico e belo livro "Uma Noite em 67", escrito pela dupla Renato Terra e Ricardo Calil.  Um documento histórico que retrata sem exageros os bastidores, as opiniões e as vozes que fizeram o III Festival da Record, de 1967.  São mais de 15 entrevistas com nomes do quilate de Chico Buarque, Edu Lobo e Júlio Medaglia.

Se o leitor gosta de música brasileira, leia.  Se gosta de história do Brasil, leia.  Se gosta de festivais e manifestações políticas, cívicas e do direito à livre expressão, leia também.

Se não gosta, paciência.  Muita paciência.

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Animado pela leitura do livro supracitado, ouvi com toda a atenção que a obra merece, o disco "A Era dos Festivais", organizado e compilado pelo Zuza Homem de Mello, que foi de técnico de som da era dos festivais à posição de um das influentes e cultas mentes musicais de seu tempo.

Viva Zuza e viva Cazuza !

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A continuação de "300", que tem Rodrigo Santoro no papel secundário do imperador-Deus-peladão-fortão Xerxes, não é digna de audiência nenhuma.
Fui ver, movido pela predileção a sétima arte, pelo amor a história e pelo sentimento brazuca de "é isso aí, estamos em Hollywood...".
Uma pena. 
O filme inteiro parece ser como o interior de alguns tomates amassados.

Haja molho de tomate.

GM

sábado, 8 de março de 2014

Michael Joseph Jackson, com e sem Quincy Jones

 

Um encontro entre dois artistas geniais. 

Ouvimos os três, em vinil e no volume máximo.  Tive o prazer de apresentar ao meu filho, do jeito certo, essas obras fantásticas.

Apesar de pouco provável, essa é uma das formas mais justas que encontro para homenagear o que foi a união entre os talentos de Michael Jackson e Quincy Jones.

Quincy Jones já era uma lenda do disco e do jazz quando, a partir dos anos de 1970, começou a produzir discos e a transmitir a jovens artistas, parte de seu incrível conhecimento prático, teórico e construtivo.

Foi logo depois de gravar uma participação numa versão de Oz, que tinha Diana Ross no elenco, que, timidamente, Michael perguntou ao mestre Jones se este poderia ser o produtor de seu próximo disco, Off The Wall.

E o que estaria por vir ?

Quincy refinou o talento de Michael.  Aplicou costuras da soul music e do jazz à música de Michael.  Incrementou a participação de metais e, através das mãos competentes do brasileiro Paulinho da Costa, levou, por exemplo, para as gravações de Thriller, a força do atabaque, da cuíca e do triângulo.

Foi uma sequência antológica e lendária de 03 excelentes discos:

1. Off The Wall - 1979 - Ganhou 07 discos de platina e vendeu 20 milhões de discos;
2. Thriller - 1982 - Ganhou 31 prêmios internacionais e vendeu 180 milhões de discos. É o disco mais vendido da história;
3. Bad - 1987 - Foi top hit em 25 países e vendeu 30 milhões de discos.

Originalmente, Off The Wall foi lançado como disco funk e R&B.  Thriller foi lançado como um disco de pop rock, e Bad, como um peça do mais puro pop.

Foram três discos com a assinatura de Quincy Jones à frente da produção, coordenação de ensaios, seleção de músicas e de repertório.

Por essas razões, me refiro a QJ com o mesmo respeito que me refiro a MJJ.  Ambos inventaram um novo pop, se valendo de algumas sementes espalhadas por James Paul McCartney, ainda no Álbum Branco, dos Beatles.

Além disso, essa dupla talentosa reinventou o funk e tornou o R&B mais acessível e popular.

Não haveria Michael Joseph Jackson sem Quincy Jones, mas o contrário é  verdadeiro.

Quem duvidar, ouça a coletânea de bobagens óbvias que Michael gravou, depois que a parceria com Quincy terminou (Dangerous - 1991, HIStory - 1995, Invencible - 2001 e Michael - 2010).

Uma sequência de plágios de si mesmo.

Uma eterna falta de Quincy Jones.

GM




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

E como diria Léo Jaime: "...nada mudou..."

O déficit infraestrutural brasileiro é de no mínimo 25 anos.  Nossas estradas, portos, aeroportos e  toda a estrutura logística, é comparável à da Venezuela !

O déficit educacional brasileiro é de no mínimo 50 anos !  Nossas escolas públicas operam sem giz, sem livros, sem banheiros decentes e sem perspectivas nenhuma.

O déficit da saúde pública brasileira é de no mínimo 30 anos.  Faltam anestésicos e anestesistas, médicos e medicamentos, ambulâncias e ambulatórios.

Enquanto isso, o Brasil pode se gabar de ter, no mundo, a mais moderna infraestrutura tecnológica para recolhimento de impostos, fiscalização de movimentações financeiras de contribuintes e, por que não dizer, apuração de tributos a recolher !

É fantástico !!

Somos o benchmarking mundial do planejamento fiscal e tributário e, também, da corrupção !

E tudo vai continuar como está !

Creiam-me !

GM

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Grande Sertão: Veredas !



A releitura de um clássico é sempre uma experiência divertida.

A grande obra de Guimarães Rosa, pilar básico da literatura brasileira, é muito fascinante.  Sua leitura  deve ser calma, zelosa, cuidadosa e, sobretudo, isenta de preconceitos.

A linguagem é crua.  Nua.  Tal qual a crueza e a nudez do sertanejo, que narrou os trações daquelas letras soltas a um escritor   que, por sua vez,   ousou saber reunir, organizar e dar vazão a elas.  Como os rios que cortavam aquelas mesmas veredas vazam.

Muitas frases emblemam esta obra imortal. A mais famosa talvez seja aquela que avisa aos incautos que "...viver é uma coisa perigosa...".  Pode ser a mais famosa, mas não é minha preferida.

Relendo a obra, suas linhas, sua estética e cruzando seus rios, descobri que minha frase preferida é "...a colheita é coletiva, mas o capinar é solitário...".

Esta frase, além de forte, é atual, tanto quanto o próprio livro.  Retrata até mesmo o Brasil de hoje, melhor até do que retratou o Brasil das veredas.

Releia o livro.  Rejulgue o Brasil.

Se não o leu ainda, faça-o depressa e devagar.   Inicie hoje mesmo e depois, vá devagarinho, no ritmo proseado daquele sertanejo que narrou, a um homem da cidade, uma estória de amor à terra e ao próprio homem.

Não se preocupe em entender.  Absorva.  Mas comece hoje mesmo, depois eu te conto por que.


GM