sábado, 13 de fevereiro de 2010

Maria Gadú

Há muito tempo esperava por um disco assim.
Desde 1994, quando Marisa Monte lançou Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão, com uma sonoridade nova e fruto de parcerias perfeitas com Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Nando Reis, que nada assim me chegava ao ouvido.
Comprei o disco meio sem querer. Achei a capa atual e o projeto gráfico rico. Me encantava também aquela música, da trilha da TV, que não me saía da cabeça...Shimbalauê...e me parecia alguma coisa perto de Djavan, Ednardo ou João Bosco.
Cheguei a achar que era uma regravação. Algo no estilo da trilha de Gabriela e das paragens de Ilhéus.

Nada disso. Era autoral mesmo. Gadú, de cima abaixo.
O disco é delicioso. A voz dela é de fada. Lembra, sim, Marisa Monte, mas com um tom genético só dela. Dá vontade de colocar a menina no colo, quando escutamos o disco.
A escolha dos músicos e do repertório foi perfeita: Arthur Maia, talvez ao lado de Ron Carter, o maior baixista do mundo, está presente. Pérolas como Edu Lobo e Chico estão presentes também, como autores que emprestam talento a esta bela cena de crime.
O disco tem samba, bolero e uma surpreendente interpretação de Ne Me Quite Pas, de Jacques Brel, num francês contemporâneo que emociona.
Em sua formação musical, certamente, horas foram dedicadas a audição de gente como Marisa Monte, João Bosco, Chico e Tom Jobim; mas, não passou escondida a tênue presença de uma Umbanda Branca, na batida síncope de um atabaque, que assina, talvez, a inclinação verdadeira de sua espiritualidade.
Agô, Gadú...seja bem vinda !

GM

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