quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Álbum Branco

Eu mesmo não tinha certeza nenhuma de que, um dia, este disco pudesse ser reencontrado.
Uma resma de dúvidas, isto é o que eu tinha. E de remorso por não tê-lo guardado comigo, quando da decisão de morar em São Paulo.
Julgava-o perdido.
Quando 02 anos atrás, de presente e de herança, Arlindo me enviou discos e livros, raros e belos, afobado fui procurá-lo na caixa de papelão surrada, entre tantas outras coisas prensadas em vinil, também interessantes.
Achei-o.

O Álbum Branco dos Beatles é, por si, peça de estudo e criador de comportamento. Um fenômeno.
A capa estava um pouco suja. No canto superior direito a assinatura estilizada do apelido de infância do meu irmão: "CHINA".

Me lembro bem do disco, antes e depois desse rabisco à caneta azul. Esse disco flutuou nas prateleiras de Mesquita; esteve perdido na casa de parentes; foi emprestado a rodas de amigos...e sempre voltava obediente.
Parece que sabia que seu destino final era minha casa, minhas prateleiras, meus ouvidos.
É inacreditável que Arlindo o tenha comprado no ano de seu lançamento, 1969, e que ainda hoje seu conteúdo fonográfico esteja perfeito. Os sulcos estavam intactos.

A música e a poesia dos Fab Four então, nem comento. Uma lenda !
Muito rapidamente abri o disco e procurei as fotos em preto e branco que acompanhavam originalmente. Fotos mesmas que estiveram nas minhas mãos de menino, em 1983 ou 1984.
Qual o que...perdidas para sempre. Lamentei muito, por que me lembrava das fotos e de tê-las tocado e de como eram parte importante daquele disco duplo.

Eram John, Paul, George e Ringo já com um aspecto profundo de tristeza e de desgaste. Mas ainda Beatles.

Perdidos para sempre.

Escutei ávidamente. Blackbird ouvi 06 vezes. O vinil faz a música parecer ser tocada ao vivo...ao seu lado.
Quase convidei Paul a me acompanhar na segunda garrafa de malbec, que abria então.
Certamente ele diria: "Obrigado, mas precisamos ensaiar."
Quem sabe outro dia ?

GM

Um comentário:

  1. Caro Giba,

    Existem coisas que passam... nos tocam... e... escapam.
    Creio que tinham que seguir... viajar o mundo... tocar outras mãos e corações... num caminho paralelo, enquanto em nós fica a lembrança... a vontade e um quê de dor por tê-las perdido.
    Mas, a vida é assim, marcada por reencontros.
    Que sorte! Dizemos.
    Engano. É destino!
    Como este que parece ter lhe devolvido no álbum, um fragmento do tempo e de "quando em vez" o fará revisitar as suas doces lembranças.
    Comemore!
    Mais um gole de malbec talvez.
    Paul certamente aprovará.

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