terça-feira, 30 de abril de 2013

Enquanto nos despedimos de grandes músicos...


...nossa música segue sem renovação.

Perdemos mais um.  Desta vez, Paulo Vanzoline, o poeta-doutor. 

A lista segue e se agiganta a cada ano. Desde a sentida e irreparável morte de Antonio Carlos Jobim, estamos testemunhando uma redução importante no panteão dos deuses de nossa música.

Redução sem renovação. 

Sim, eu sei que é muito querer que se renove ou substitua o talento de um Jobim (ou de um Vanzoline), mas o fato é que, nem de longe (de muito longe...), se pode observar uma pálida presença de uma nova safra de músicos, que possam acrescentar qualidade musical e renovação à nossa MPB.

Nem de longe e nem de perto.

Sem querer polemizar vou contar um "causo".  É verdadeiro, tem registro e é recente.  Mas apenas para evitar polêmica, vou omitir os nomes.  O fato é que, em fins de 2012 uma banda de pop, nova, jovem e descolada (pra não dizer alienada), entrou em estúdio para gravar seu primeiro CD.

O som deles é um pop grudento, daqueles que o refrão só sai de nossa cabeça à base de terapia.

Foram então até a sessão de gravação, todos com roupinhas coloridas, óculos pop-star e cabelinhos da moda, recebidos na porta de estúdio (no RJ...) pelo produtor e pelo engenheiro de gravação.

Após alguma amenidade, foram encaminhados às salas de gravação, enquanto um rodie do estúdio preparava os intrumentos.  Neste momento, aquele que talvez fosse o band leader, perguntou ao produtor aonde estariam os músicos de estúdio, para iniciarem a gravação.

O produtor, que também não vou citar o nome, mas que já produziu, por exemplo, Frejat, informou que não foram contratados músicos de estúdio e que a execução dos instrumentos seria a cargo da banda mesmo, como de costume.

Ele, pobre produtor com mais de 25 anos de experiência, imaginou que, no mínimo, a banda estivesse ensaiada e preparada.

A surpresa maior e definitiva só veio quando, aquele que deveria ser o guitarrista da bandinha, disse que eles não eram músicos de "formação", que estavam ofendidos com o despreparo do estúdio e que a sessão de gravação estava cancelada:

- Vocês não são músicos ?  Não tocam nada ?
- Não !  Nós temos uma imagem forte e muita atitude.   No palco é isto que conta !

Saíram todos muito bravos em direção aos seus respectivos Camaros.

Vou parar por aqui, enquanto vomito no dial de uma FM qualquer.

Só para que haja uma certa sintonia entre essa cena, que foi real, e o contexto desse post que ora escrevo, vou dizer que  gênero pop da bandelha eram um, entre as três opções abaixo:

a. Funk;
b. Sertanejo; ou,
c. Tecnobrega.

Já disse, não quero polemizar.  O fato é que o fardo de sustentar a qualidade e a consistência de nossa música está ficando muito pesado para Chicos, Caetanos, Paulinhos, Miltons, Joões e outros  tantos que, ao menos, conhecem um pouco daquilo que gravam.

Tenho medo de pensar o que estará reservado aos nossos ouvidos quando, infelizmente, perdermos estes também.

GM




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço seu comentário, crítica e sugestões!