terça-feira, 8 de setembro de 2009

O belo e estranho dia em que SP parou

175 km de engarrafamento. Não, não foram 175 metros, ou 1750. Foram 175 km de congestão urbana, neste belo e estranho dia pra se ter alegria.
Se Roberta Sá estivesse ao meu lado, no banco do carona, estaria provavelmente cantando as belezas de seu último disco. Mas não estava. Estava apenas no meu CD player. E como canta, essa menina. E como chove nessa cidade. Chove prédios com mais de vinte andares.
Sim, se Robertinha estivesse anca ao meu lado, provavelmente minha mão direita estaria em sua coxa esquerda. Ou atrás de sua nuca, forçando um vai-e-vém sem quadris. Mas não estava. Estava a chuva infatigável que me ofuscava a visão. Estava o carro da frente, e a caminhonete do lado, e o caminhão do outro, e um imbecil atrás, buzinando.
175 km de AVC urbano e um animal estressado buzinando atrás de mim !
Descobri que amo São Paulo. Amo não, venero, e me debruço, e me apaixono. Se não, como explicar tamanha quietude ? Como explicar enfrentar 175 km de embulia capital sem nem um xingamentozinho sequer. Ouvindo Roberta Sá e Guilherme Arantes. Deixa chover?
E nem um praguejamentozinho ? E o animal atrás buzinando ? OK !
Dei seta pra direita naquele desbunde de água. O amontoado de aminoácidos passou ao meu lado, dirigindo um desses utilitários da moda, com uma cara mais feia do que a do porteiro da boate Hawaí, em Mesquita. Emparelhou comigo e abaixou o vidro. Abaixei o meu também e, antes que ele gritasse qualquer coisa, adiantei:
- Que chuva, não !
Ele não achou a menor graça. Também, com os dois ou três neurônios que certamente estariam malhando ferros em sua caixa craniana, não haveria ligação sináptica suficiente para ele lembrar de Cristina Mullins.
Vamos em frente !
GM

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