sábado, 21 de novembro de 2009

CD...Vinil...ou K-7 ?

Vai parecer estranho. Para os mais jovens vai parecer velho, mesmo. Mas eu fiz.
Meio sem querer, é verdade. Meu objetivo não era criar uma analogia comparada, era apenas ouvir música. Mas no final, pensei...por que não escrever sobre isso ?
Relaxa...é mais ou menos assim:
Hoje escutei o disco (vinil, mesmo) do João Nogueira "E Lá Vou Eu". Uma obra prima de 1974 que foi prensado pela Odeon e que tem pérolas como "Batendo à Porta", uma parceria dele com Paulo Cesar Pinheiro, e também "Sonho de Bamba", esta, 100% autoral.

O disco é fantástico e traz este sambista símbolo no auge da forma. Na capa do álbum (era assim que chamávamos os discos) fotos de um João Nogueira boêmio, caminhando pela bairro carioca da Vila Isabel, no imortal calçadão do Boulevard, malandramente vestido com um abrigo jeans e uma calça de veludo boca-de-sino.
Um belo disco !
Ato contínuo, desliguei a pick-up e liguei o K-7 player (é...!) para ouvir nada menos do o inacreditável "Ghost in the Machine" do The Police.
Soberbo !
A maioria das faixas foi composta em 1981, mas o exemplar que ouvi foi mixado em 1987. Os vocais de Sting em "Spirits in the Material World" e as cordas de Summers em "Every Little Thing She Does is Magic" arrepiam até os surdos de alma.

A esta altura, já tinha derrubado mais de meia garrafa de um bom merlot, presente do amigo Micai, que estava meses aguardando a oportunidade certa de ser sorvido.
Era essa !
Foi aí que me ocorreu a idéia. Por que não ouvir três discos, gravados com três tecnologias diferentes, e tentar reproduzir em palavras o resultado ? Mesmo correndo os riscos normais de falhas de execução e de influência etílica.
Fechei o circuito ouvindo a trilha do belíssimo e triste filme "Into the Wild", gravada pelo Eddie Vedder, dono da cavernosa e única voz do Pearl Jam.
O disco é lindo e emocionante. Vá direto para a faixa 5 e curta "Rise". Se deixe levar pelas imagens que vão se formar na sua mente...mesmo sem ter visto o filme.
Mas o objetivo da experiência que era pretenciosamente grande no começo, ficou pequenino após ouvir essas três obras-primas. Mesmo assim aqui vai meu registro sobre as diferenças de se ouvir música, nessas três mídias diferentes, que representam três tecnologias e épocas distintas e incomplementares:

O CD tem um som limpo e puro. Mas é artificial demais. A sensação é de que os arranjos ficam solitários e que os músicos gravaram como vizinhos que trabalham juntos num mesmo projeto, mas nunca se encontram para conversar sobre ele.
O K-7 é limitado. A perda vocal é grande e os instrumentos soam como se gravados dentro de uma caixa forte.
O vinil é perfeito. Se você tiver o equipamento certo, na rotação correta e com a agulha adequada, terá uma sonoridade única, como se o músico estivesse tocando para você, ao seu lado e ao vivo.
Hoje eu senti isso e me imaginei ao lado do mestre Nogueira derrubando a outra metade do meu merlot engarrafado...
De um bom merlot também se espera musicalidade...isso é o mínimo ! Saúde !

Vamos em frente !

GM

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