sexta-feira, 27 de novembro de 2009

McCartney

Em São Paulo, numa típica quinta-feira cinza, estava eu dedicado à seleção de profissionais para a estrutura de vendas, da equipe que irei liderar a partir de jan/10.
A agência de RH que me ajudava na difícil missão era locada no Centro de Sampa, ao lado da Praça de República. Trabalhamos firmes até perto das 12h00m quando meu estômago, pra lá de vazio, reclamava a justa refeição.
Optei por almoçar sozinho. Na verdade queria fazer um lanche rapidinho, como só um bom paulistano solitário seria capaz, como se eu fosse isso, que Zeca Baleiro uma vez ousou cantar.
Comi o X-Sampa e fui caminhar um pouco. Tinha ainda quarenta e cinco minutos de intervalo. Caminhava a esmo um pouquinho quando vi de longe a fachada da Galeria do Rock...não tive a menor dúvida.
Subi pelas escadas rolantes e fui direto na loja de meu amigo Carlinhos, o maior colecionador de música do Brasil, a "Baratos e Afins". A mesma loja usada como cenário para as gravações da série global "Aline".
As prateleiras de LP´s me seduziram de longe e fui direto olhar o que elas tinham de bom, como um menino que espera um surpresa boa, debaixo da saia da namorada juvenília.
Achei um raro disco de Cole Porter com as minhas preferidas do velho jazz master. Segui adiante.

Achei uma beldade da Allman Brothers Band, talvez, depois do Lynyrd Skynyrd, a maior banda de south rock da história.
Meu olhar passeava entre capas de discos e de Cd´s quando algo me fuzilou feio...era o disco "McCartney", o primeiro disco solo de Paul, depois do fim dos Beatles.
A linda e conservadíssima capa trazia uma foto enigmática de um pote de cerejas, com muitas cerejas espalhadas ao redor. Na contra-capa, um close de Paul, sorrindo menino para a câmera de Linda, com um filhote dentro do casaco.
Raridade.
Comprei outras jóias do Clapton, Bauhaus, Greatful Dead e The Byrds. Mas hoje só tenho palavras para "McCartney".
Ouvi o disco desesperadamente em casa. É um trabalho puro, primitivo, quase inacabado.
A recorrência de vária faixas instrumentais talvez lembre a ausência recente de Lennon, um letrista soberbo.
O lado um prima por "Valentine Day", quase uma pré-leitura da grunge music de Seattle. Também é muito forte a presença dele em "Oo You" no lado dois.
Aliás neste disco, Paul canta e toca todos os instrumentos. Como disse, o disco é bruto, no sentido de estilística musical. Foi gravado sem os recursos tecnológicos tão normais em faixas dos Beatles.
Mas é um disco importantíssimo.
Paul se mostra inteiro em " Maybe I am Amazed". Com raiva, gosto pela música e lirismo. É como se dissesse naquele momento:
"- Sim eu era aquilo, mas agora eu sou isso !"

E olha que o disco é de 1970. Bem antes de Paul se tornar Sir.

Vamos em frente !

GM

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