sábado, 19 de dezembro de 2009

Bravo, Chico. Bravíssimo!

Uma edição esteticamente perfeita!
Isto é tudo o que se pode dizer sobre a Bravo! de Dez/09, totalmente dedicada a obra escrita do compositor Chico Buarque.
De novo, a exemplo da edição dedicada aos Beatles, a revista desliza um pouquinho na pesquisa, na revisão e na contextualização.
Como leitor e consumidor fiel, registro aqui alguma crítica sobre isso, deixando clara minha veia de colaborador e amante desse veículo:
1. Na apresentação da edição, a redatora-chefe do projeto, Fernanda Santos, alude e evoca Chico como o maior compositor do país. O correto seria aclamar Chico como o maior compositor vivo do país, pois respeito à memória e à obra de Villa-Lobos e Tom Jobim é bom e eles gostam... ou gostariam;
2. A revisão de José Américo Justo não foi justa com os objetivos da edição. Faltou amor ao detalhe:
a. Na página 12 a palavra jóia não foi acentuada;
b. O deslize se repete na página 55, quando o revisor deixou escapulir o uso do verbo ver, no plural, sem o acento circunflexo.
3. Chico não fazia os shows de encerramento dos espetáculos de Josephine Baker (a divina “La Baker”), como podemos ler na página 19. Ele fazia os shows de abertura;
4. Não se pode afirmar que Chico não usava nomes de pessoas reais em sua obra musical. A informação da página 23 é imprecisa. Basta ouvir os versos da bravata dedicada, e em resposta, ao amigo Monteiro (“Amigo Ciro, muito lhe admiro...”);
5. Contextualizar uma matéria é uma arte muito difícil, mas mesmo com esse ar clemente é imperdoável dizer, como nos diz a página 40, que em 1993 Chico não estava no auge de sua produção musical. Peço a todos os membros da equipe da revista que ouçam (mas comprem primeiro... nada de downloads!) com calma a obra-prima Paratodos de... 1993. O auge de Chico é uma constante matemática, onde a curva de dados tende ao infinito;
6. A pesquisa, quando feita, dá crédito e legitimidade ao texto. Faltou um pouco de amor aos livros de história (que o Google aqui me perdoe...) quando percebemos na página 76 a afirmação de que Geisel governou (?) o Brasil de 1974 a 1979. Na verdade o medalhado General-de-Exército Ernesto Geisel mandou (!) em nosso país até 1978, ano em que João Baptista de Oliveira Figueiredo foi eleito (???), sendo empossado em 15 de março de 1979. Tristeza;
7. Outro lapso, desta vez observado na página 81, me surpreende e acinzenta a alma: de novo a pesquisa incauta. No parágrafo segundo podemos ler que “... casado com Marieta Severo, ele se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro..”. Os fatos históricos são diferentes. Chico conheceu Marieta em 1966, após mudar-se para a cidade maravilhosa, como nos explica o curto e belo “Folha Explica: Chico Buarque”, de Fernando de Barros e Silva.
Os erros aqui identificados não diminuem o tamanho da obra. Não mesmo. A revista pode e deve ser parabenizada pela iniciativa e pela linha editorial.
Pois antes alguma cultura, do que cultura nenhuma.

Vamos em frente !

GM

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