segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Uma caminhada pelo Centro Histórico do RJ



De novo no Rio.

Desta vez à trabalho.  Cheguei cedinho e fui direto atender meu compromisso profissional.  Cheguei sem sequer abençoar a linda paisagem de pouso do Santos Dumont.

O mais lindo pouso de aeronave, que um pequeno aeroporto poderia proporcionar. 

Cheguei um pouco tenso.  Agenda cheia de compromissos na parte da manhã e à tarde também.  Seria mais um dia intenso.

Mas ao meio-dia não !  O almoço estava livre !

Liguei para meu irmão Roberto e decidimos almoçar juntos.  Eu estava no Centro, próximo a Praça XV.  Ele também estava no Centro, só que um pouco distante, na altura do 43 da histórica e cansada Av. Rio Branco. 

Por alí tudo é história.

Combinamos o horário e decidimos almoçar num daqueles restaurantes simples e deliciosos do Centro, bem pertinho do Arco do Teles.  Espaços herdados de famílias portuguesas que souberam manter viva a tradição de um arroz branquinho, um picadinho carioca e um porção generosa de feijão preto.

Minha boca se manifesta, como se estivesse vendo de perto uma mulher carnuda !

Decidi ir caminhando.  Saindo de onde estava, levaria uns bons 25 minutos andando pelo Centro.  Uma aventura caótica e definitivamente necessária.

Saí da Praça XV, cruzei o Paço Municipal e me perdi na beleza do desenho arquitetônico do casario.

Lembrei dos tempos em que ia visitar minha mãe, na Ladeira Pedro Antonio, e me deixava escorregar um pouco em andanças juvenis pelo Centro.

A cabeça repleta de sonhos e marchas !  Passou...

Alcancei a Av. Rio Branco bem na altura do Theatro Municipal, imponente, majestoso e único.  Tentei não adimirar muito, para não bancar o Carioca repatriado com ares de turista.

Inútil disfarçar, estava bêbado de emoção.

Segui em frente pela Rio Branco, ignorando o caos urbano e as pessoas.  Namorei a fachada da Biblioteca Nacional e andei mais um pouco.

Passei em frente ao prédio da Associaçao de Imprensa do RJ, da Justiça do Trabalho e do Palácio Tiradentes.

Continuei mais um pouco.

Cruzei a Presidente Vargas e novas lembranças vieram reclamar espaço em meu disco rígido.

Imagens antigas de minha avó Joaquina, me conduzindo de mãos dadas em travessias da Presidente Vargas, sempre preocupada com o trânsito e com gatunos que poderiam estar nos arredores.

A velha Joaquina sabia impor respeito.  Parecia que  parava o trânsito com a força daqueles olhos portugueses.  Profundos, tensos e acolhedores.

Cruzávamos a Presidente Vargas sempre à altura da Rua Uruguaiana, no caminho da oficina de Sérgio, o filho.

O maior artista em ourivesaria de todo o RJ.  Uma outra estória...

Cheguei em frente ao edifício onde meu irmão trabalha.  Liguei avisando.  Aguardei, contando os minutos.

Ele desceu com aquele sorriso único e imortal.  O branco dos dentes se misturando com algumas novas rugas de sorriso.  O mesmo brilho de sempre no olhar.

Um olhar expressivo, que sempre diferenciou meu irmão de todos.  E de tudo.

Um abraço forte.  Uma nova caminhada.  Achamos o restaurante e conversamos sobre nada e sobre tudo.

O tempo passou rápido demais.

Na saída, encontrei uma loja de artigos do Flamengo, uma espécie de Flamengo Store.  Entrei para comprar uma lembrança.  Um mimo para meu filho, que espera minha volta, em casa.

Meu irmão Roberto, vascaíno, teimoso e, como eu, filho de português, ficou de fora, de costas para a loja, zombando da cor dos manequins de plástico que vestiam belas camisas rubro-negras.

Família tem disso: a rivalidade entre dois times às vezes é tão forte quanto a saudade entre dois irmãos.

Nos despedimos na promessa de encurtar a distância, parar o tempo, falar e ver mais vezes e abraçar um ao outro, cada vez mais forte. 

Até que não haja mais o que dizer.

Ou o que caminhar.

GM







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço seu comentário, crítica e sugestões!