quinta-feira, 20 de junho de 2013

Helter Skelter e Ob-La-Di, Ob-La-Da


O Álbum Branco dos Beatles foi gravado e lançado quase 44 anos atrás.

Sou apenas dois meses mais velho.  O disco foi parido em nov/68 e eu, em set/68.  No Rio, em casa, tínhamos um original do disco.  Um disco duplo, original, com o encarte gigante e com as lendárias fotos individuais em preto e branco.

Sabíamos que era um original por duas razões simples: o disco fôra comprado por Arlindo, nosso tio, radicalmente contra falsidades e, por que tinha no canto inferior direito da capa, a numeração de série original da gravadora.

Além disso, meu irmão fez a gentileza de assinar seu próprio apelido, à caneta, no canto superior esquerdo do disco.  Assim, o disco ficou duplamente autenticado !  Valeu, Roberto !

Por um ato benevolente de Arlindo, ganhei de presente toda a sua rara discoteca (LP's, obviamente) e, por sorte, o Álbum Branco veio com o acervo, do Rio direto para Itu, muito bem conservado.

Está comigo, bem guardado e bem escutado, sempre.  Um disco 44 anos à frente de seu tempo.

Nesta última audição pude entender melhor por que este disco é tão moderno e tão atual.  Ouvi, bem acompanhado por um malbec, com muito mais atenção e carinho, às faixas Helter Skelter e Ob-La-Di, Ob-La-Da, duas das mais emblemáticas canções daquele disco.

Apesar do clima tenso, das brigas no estúdio e de Yoko Ono enchendo a paciência de todos com seu falso-intelectualismo, o disco saiu perfeito e essas duas faixas mais ainda.

Helter Skelter foi a primeira música composta e gravada como heavy metal.  Ela inaugurou o gênero.  Na época poucos a entenderam.  Era bastante barulho e uma linha melódica escondida em camadas, sobrepostas, de muita energia musical barulhenta.

Alguns críticos a chamaram de proto-metal ou proto-heavy, seja lá o que isso queira dizer.  O fato é que toda a turma de metaleiros que veio a seguir, bebeu dessa fonte e muito.

 Em Ob-La-Di, Ob-La-Da podemos ver mais uma vez o gênio criativo de Paul em ação.  Um reggae misturado a um piano de influência Dixie, quase um ragtime, que homenageava a invasão jamaicana na Inglaterra, ocorrida em meados dos anos 60.

A porção imensa de genialidade que Paul carregava, só era comparada ao seu perfeccionismo e a sua chatice. 

Essa música foi repetida em estúdio 61 vezes antes de se chegar a versão definitiva.  Os outros membros da banda quase bateram em Paul e quase abandonaram a gravação.

Paul, no estúdio, era um chato de galocha.

Diz a lenda, que a frase Ob-La-Di, Ob-La-Da significa "...a vida continua, irmão..." em ioruba. 

Diz a mesma lenda que o nigeriano Jimmy Scott  usava esta frase nos pub's de Londres, para saudar os amigos.

Não houve plágio, mas a verdade pertence a quem ouve a música, não a quem a escreve.

E este Álbum Branco original, de 44 anos, como eu, agora pertence a mim.  A  mim e aos meus irmãos e amigos, que felizmente o dividem comigo, entre rodadas de um bom tinto e muita boa conversa.

É claro que ninguém encosta no disco, só eu e mais ninguém, o espeta na pick up. 

É terminantemente proibido, a qualquer cidadão deste mundo, encostar suas digitais naquele vinil.

A casa cai, feio !

GM

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