terça-feira, 19 de abril de 2011

A Woman Left Lonely

Impossível saber quantas vezes escutei esta canção incrível que Janis Joplin gravou.

O compositor Dan Penn jamais poderia imaginar a emoção que Janis iria colocar na música, quando de sua gravação e como ela iria alterar definitivamente a relação intérprete x canção.

Hoje, por puro acaso, ouvi mais uma vez este belíssimo hino. Saindo de Anápolis e seguindo a Goiânia, o rádio do carro distraídamente capturou uma FM qualquer, numa programação que homenageava lendas do rock.

E a música da vez era A Woman Left Lonely.

Pra quem nunca ouviu este som, vou tentar transcrever a seguir:

Começa com uns acordes de piano bem suaves, quase perdidos no arranjo.

Aí ela entra com uma voz rouca e contida. No fundo o baterista ataca com o prato de condução, bem baixinho.

Logo depois entra um órgão Hammond dando oportunidade para ela subir um pouco o tom e a intensidade da voz.

Já juntos, baixo, bateria, piano e órgão emolduram a voz dela que finalmente se solta...alta e rouca.

De repente, ela cala.

O órgão ataca mais forte, marcado pela caixa da bateria e pela guitarra, sutil ao fundo. Parece que o tempo congelou.

Então ela volta num grito afinado, alto, rouco, intenso....parece cantando com a alma, parece cantando com dor...mas feliz, meio que se revoltando e liberando muita energia.

Sua voz volta a ficar contida no quarto verso. Tão baixinha e triste que chega a arrepiar.

Nessa hora ela parece realmente uma mulher só e ferida, machucada.

Se eu estivesse com ela nesse momento, a pegaria no colo e a encheria de beijos, dizendo: "Calma...eu vou cuidar de você..."

É mesmo um dos trechos mais belos da música.

A canção segue, bem arranjada e completamente intensa. Com muita emoção.

Nota-se na parte final que todos os músicos se entregaram. Eram todos um só.

Queria ter estado no estúdio nesta hora. Queria ter visto esta cena.

A música está no álbum Pearl, lançado em meados de 1970, logo após a morte de Janis.

Já esta faixa é imortal na voz dela. Não interessa quantas outras a tenham regravado.

Mesmo para quem não é fã de Janis ou de blues-rock, recomendo ouvir ao menos uma vez.

Vai se uma experiência única !

GM

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