domingo, 16 de agosto de 2009

Por que nós fomos daquele jeito ?

Li e gostei. Existem livros que lemos e não gostamos. Outros que a obrigação, profissional ou pessoal, nos leva a leitura. Enfadonhamente. Outros ainda que nos hipnotizam da primeira à última letra.
Terminei ontem um desses. Terminei não, recomecei. Um livro de memórias das quais fiz parte como expectador. E isso por si já bastava para me fazer rir. E como eu ri.
Falo do Livro do Ezequiel Neves, Barão Vermelho - Por que que a gente é assim ?
Monohidrazina pura !
Eu estava lá. Em todas as entrelinhas. Lembro-me bem de uma das noites pobres em Mesquita, assistia a uma deformante TV preto e branco, quando, num do intervalos, surgiu uma voz meio rouca cantando assim: "...pro dia nascer feliz... essa é a vida que eu quis...".
Achei vulgar. Esquisito. Ousado. Naquela época meus ouvidos eram castos demais. Estava entrando na adolescência. Cheio de espinhas e pelos não mãos. Mesmo assim o riff daquela guitarra chamou minha atenção. Até o momento não ouvira nada parecido.
Já tinha curtido um pouco de Bolhas, Vimana, Made in Brazil e Terço . Mas aquele rock rasgado com blues suingado, marcado por uma voz rouca e atrevida, gritante, que perdia quase todos os contra-tempos...isso era novidade.
A mídia era uma porcaria. Mostrava Cazuza e Frejat numa espécie de animação com imagens de um aviãozinho tipo bi-plano. Alusão idiota a Otho Von Bismarck.
O nosso Barão era outro.
O livro é explosivo. Revela muito. Quase tudo. Sei de algumas estórias que não estão no livro, pois fui habitué do Rio na época que eles despontavam. Fui ao Circo e voei muito com eles e outros.
Trabalhei em Botafogo, bairro que Cazuza estudou, no hoje fechado colégio Andrews.
Sei de estórias que eles poderiam contar. Quem sabem num outro livro ?

Só sei que recomendo essa peça rara da literatura musical brasileira. Um livro com linguagem direta, sem rodeios, bem Barão.
Saiu pela Editora Globo. O Van Gogh é assinado por Ney Matogrosso e há ainda um presentinho extra: um CD com os primeiros registros em estúdio da guitarra suingada de Frejat e da rouquidão solitária de Cazuza.
Recomendo.

Vamos em frente !

GM

Um comentário:

  1. aqui em sampa eles vieram uma vez no radar tantan. foi bom mas o som tava uma M...valeu!
    paulinho

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