segunda-feira, 25 de julho de 2011

Adele, 19 e 21









Existem mulheres de todos os tipos.



Algumas que nos fazem querer -las no colo, para cobrir de beijos suaves e fazer carinhos longos e intermináveis.


Outras nos fazem jogá-las na cama, para entre mordidas e amassos, fazer um amor brutal e gostosamente dolorido.


Existe aquelas que são uma mistura de tudo isso.


Cuidado !


Se encontrar uma dessas você vai ficar inumanamente apaixonado, destroçado, dependente, caridoso e feliz !


Adele é uma dessas mulheres.


Estávamos em Campinas, na compania de sogro e sogra, apreciando um fim-de-semana preguiçoso, quando ouvimos, pela janela, entrar sem bater uma voz diferente.


Uma voz morna, intensa, espiritualmente afinada e cheia de swing.


A princípio, pensei que fosse uma de minhas preferidas do R&B. Aretha, certamente não era. Etta também não, pois dava pra notar a diferença no timbre.


Não era Roberta Flack e nem Barbara Lewis, estas são adoçadas demais.


Era uma voz viril e feminina. Decidida e suave. E com toda potencia de uma grande voz de jazz, soul ou gospel.


Aproximei o ouvido ao vento para escutar de perto. Qual nada, indecifrável tonal.


Seria Amy, cantando seu novo e eterno descanso ? Não era. Era outra.


Não me contive e fui até o muro do vizinho da esquerda. Na ponta dos pés observei por cima do muro, uma jovem linda, de cabelos ruivos, tomando banho de sol e ouvindo aquele som.

Perguntei num estalo, sem me apresentar, sem cumprimentar, pois que a curiosidade era tanta, quem era aquela cantora e que disco era aquele.


- Adele 21 !


Respondeu justificadamente áspera, a carnuda vizinha de meu sogro.


- Adele 21 ?


Repeti incompreensivamente.


Um duplo silêncio, dela e do rádio, desfez minha astúcia. A jovem desligou a maquininha e silenciou aquela voz incrível. Muda ainda, entrou na casa e me deixou quase esticado ao lado do muro.



Voltei para o aconchego da poltrona preferida de Sherlock, meu sogro, pensando que não poderia viver mais um único dia sem possuir aquela mulher, digo, a cantora.


Após a sogrina e suculenta polenta com frango caipira, decidimos ir ao shopping, principal praia da prole do interior paulista.


Lá chegando fui direto a FNAC e procurei com decisão aquele disco.


Um vendedor pra lá de frio me passou distantemente dois discos de Adele. Foi quando eu descobri que os seus dois primeiros discos se chamavam, respectivamente, Adele 19 e Adele 21.


No caminho de Campinas a Itu fomos ouvindo o Adele 19.


Este trajeto, que normalmente é povoado por alegre e descontraída prosa entre eu e a patroa, desta vez se mostrou sepulcral.


Simplesmente não conseguíamos parar de ouvir o disco.


Ouvíamos uma faixa e trocávamos olhares em pensamentos obscenos.


Não podia ser verdade. Não poderia haver uma voz como aquela. Tão intensa e ao mesmo tempo tão suave e linda.


O disco tem na capa uma foto da jovem cantora: um olhar devastador, lindo, profundo, capaz de sugar para dentro de si todos os homens incautos do mundo, que, como eu, ousaram ouvir aquela voz assim.

Que disco perfeito !


Ouvi "Daydreamer" e "Crazy for You" umas quinze vezes. E quero ouvir mais umas quinze mil !


Um requinte de arranjos com muito R&B básico. Uma pegada Soul forte. Um canto seguro e uma cantora deliciosa.


Graças a Deus que a foto da capa era de rosto, caso contrário ficaria fantasiando as curvas daquela mulher, dos dedos dos pés à ponta dos mamilos.


Ouvimos de novo quando chegamos em casa e ouvi mais uma vez hoje cedo, a caminho do trabalho.


Acho que me apaixonei perdidamente por essa cantora...só que devidamente autorizado por minha patrôa, por que besta é coisa que eu não sou e juízo morreu de velho !


Ouça e ouse duvidar !


GM



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