segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ao bom disco de vinil






O som de um bom vinil é incomparável.




O disco de vinil tem lá os seus merengues, é como uma menina mimada: você tem que cuidar muito, alisar, limpar, pentear e guardar com carinho, como quem guarda um chocolate caseiro.




Certa vez li uma frase na finada revista “George”, atribuída ao grande jazzman Ed Motta, que teria dito que o vinil é a forma exata na qual o artista gostaria de se expressar.




Quando o artista gravava uma canção, ele o fazia pensando em ser ouvido num disco de vinil.






Em outras palavras, o disco de vinil é a exata tradução do comportamento criativo do músico. Matemática pura e bruta.




Não existe outro veículo para isso.




Se prestarmos muita atenção à música gravada no formato CD, por exemplo, vamos perceber claramente duas coisas:




1. Ausência de ruídos físicos, pois não há área de contato físico na leitura da informação gravada;




2. Falta de legitimidade no som, pois a sutileza do detalhe da voz, da puxada do riff e da variação do semitom são apagadas dos másters.




Assim perdemos “qualidade musical” na reprodução, pois as bandas mais altas de agudos e mais baixas de grave, são “corrigidas” digitalmente.




No formato mp3, então o grande baluarte da democratização da música, o cenário é ainda mais triste.




Tudo são médios. O mundo é um festival de médios.




Graves ? Pra quê ? Agudos ? Só de for Brahma. O mp3 banalizou a interpretação do artista e nivelou tudo a um mundo médio.




Quase medíocre.




E o vinil com isso ?




O vinil é uma forma material pura de expressão sonora.




Reproduz pela síntese da leitura física, é verdade, há o indefectível e perene barulhinho do raspar da agulha nos sulcos do disco.




Mas isto só ocorre por dois segundo, que é o tempo que leva para a agulha começar a ler a 1ª faixa.




Nós, puristas, sabemos que a partir daí tudo é som...e dos bons !




Ouvindo um bom vinil, dá pra sentir o respirar do artista e o arrastar dos dedos do violonista nos trastes do braço do instrumento.




É um mundo selvagem, verdade, mas acessível, pois hoje você encontra bons discos por preços abaixo de R$ 100,00 (novos) e na faixa de R$ 10,00 (usados).




Além da necessidade vital de se ouvir música pura, a outra que me empurra em direção ao mundo dos bolachões, é a necessidade de se ouvir boa música.




100% de toda boa música que foi fielmente lançada em vinil, não foi relançada em CD e nem baixada em mp3...graças a Deus !



Os clássicos de Nelson Cavaquinho, Cartola e Noel, se formos falar de samba.




As aventuras do Cream, do Who e do Jefferson Airplane, de formos falar de rock.




Ou ainda os hinos de Armstrong, Baker e Davis, se formos falar de jazz.




Experimenta achar isso em CD...busca inútil !



Hoje, quem compra CD vive ouvindo coletâneas e relançamentos eternos...e quem ouve música em mp3 precisa de terapia.



E das boas !






GM

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