quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A visita do consultor

Ontem recebi, na empresa onde trabalho, a visita de um consultor empresarial, vindo de uma consultoria top de SP, com escritórios em NY e Buenos Aires.

Um jovem de uns 25 anos, metido num terno chic, com cabelo penteado estilo topetinho, lembrando um pouco aquelas figuras engraçadas que aparecem, as vezes, em comerciais de computadores na TV.

A idéia era entender como a metodologia da consultoria dele poderia nos ajudar a implantar um processo novo de remuneração, ligado à aspectos meritocráticos, de comportamento e de atitude.

Acho que estou ficando velho !

Velho e sem paciência. Ou um ou outro. Ou os dois ao mesmo tempo !

Não consigo mais me encantar pelo jargão corporativo. Pelos termos expostos num inglês mal falado. E pela arrogância de quem fala muito, mas muito mesmo, e ouve pouco.

Em uma de suas abordagens, o jovem quis saber sobre meus ideais, projetos e gostos empresariais para ver se havia algum encaixe entre a proposta dele e aquilo em que eu acreditava.

Respirei fundo e me contive.

Tive vontade de dizer que meu objetivo é ficar cada vez mais perto de meu filho e mulher.

Que as coisas que faço e que sou realmente bom são, nesta ordem, churrasco com os amigos, ir ao cinema, ler um bom livro, escutar um bom disco, fazer uma viagem gostosa, ligar para alguém e dizer o quanto a pessoa é importante e curtir as vitórias do Flamengo, quando possível no Maraca.

Isso sem falar em esvaziar várias garrafas de malbec, em boa compania, no fim de semana.

Previsível dizer que a conversa foi se distanciando e se esvaindo em stardust.

Não era meu dia de guru executivo.

Na verdade, sempre acreditei que as empresas passam pela vida das pessoas e não as pessoas passam pelo ciclo das empresas.

Acho que demorei muito para compreender isso.

Ele ainda perguntou que guru da alta administração eu levaria para uma ilha deserta !!

Lógico que não respondi, pois para esta ilha levaria de certo minha mulher, meu filho, meus discos e meus livros, também, nesta ordem.

A visita, graças a Deus, estava no fim.

Como última tentativa ele ainda perguntou se gostaria de agendar uma visita minha ao escritório deles, na Paulista.

De novo uma profunda inspiração de ar encheu meu peito de mais alguma paciência me dando chance de responder:

- Hoje não, meu filho, hoje não.

GM

Um comentário:

  1. Concordo com voce. Estas consultorias mande recem formados que so conhecem teoria e não conhecem a pratica. Não gosto e não concordo em contratar consultorias para dizer o que temos que fazer, pois os consultores que mandam não entendem nada de nada, são garotos e garotas, formados nas melhores faculdades do Brasil e do mundo, sem expereinecia nenhuma e que tentam implantar a ultima moda na administração.

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