quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ainda é cedo para sermos tão jovens


Então, eis que fomos assistir ao muito comentado e já cultuado filme "Somos Tão Jovens", do diretor Antonio Carlos da Fontoura e com Thiago Mendonça, no papel de Renato Russo.

Eu, por obrigação de ofício de ter sido testemunha ocular daqueles tempos, e, meu filho, pela curiosidade que essa tal de "Legião", começa a fustigar em seus neurônios.

E aproveitando o parêntese já aberto, digo que como é incrível observar o poder e a força que a música dessa banda ainda exerce sobre gerações que, sequer, acompanharam um único show ou compraram um único disco deles.

Não que a qualidade musical fosse algo muito acima daquilo que já se fazia na época.   Na verdade, musicalmente, Barão Vermelho e Paralamas estavam, na minha opinião, um degrau acima em termos de harmonias e bases. 

Mas não na linha poética e iconoclasta.

A Legião Urbana contestou todas as formas de estruturas musicais que existiram de 1979 a 1986.  Destruíram todos os mitos e ícones que acercavam a produção musical daquela época e, seus integrantes, tornaram-se músicos profissionais, sem nunca terem sido de fato.

Uma proeza punk.

Voltando ao filme, me parece que a preocupação do diretor e do roteirista, Marcos Bernstein, foi usar a mística e a devoção que existe na lógica relacionada à Legião e seus devotos, para, com isso, construir um block buster comercial.

Nada errado com essa ética questionável.  Todo mundo gosta e precisa de dinheiro, principalmente a Fox Filmes que distribui e co-produz a película, mas, mesmo assim, acho que a turma da colina merecia outra abordagem.

Todo o contexto político da época foi, quase, ignorado.  A cena, que deveria ser biográfica, não captou com profundidade a personalidade de Renato.  Foram rasos demais.

Erraram pelo excesso de clichês, maconha, bebida e acentuaram demais os traços sexuais de Renato, exagerando em forma de caricatura e expondo a figura humana dele, ao ridículo.

Na minha lente, de quem viveu aqueles anos, comprou todos os discos e leu a biografia escrita pelo Arthur Dapieve (editora Relume Dumará - 2000), o filme deixou a desejar em conteúdo e extrapolou na embalagem pop.

Contaram uma fábula, bem intecionada, é verdade, mas esqueceram de um pequeno detalhe: a música daquela geração.

Eu sei que será difícil para qualquer um que tenha vivido aqueles anos, e, também, tenha ouvido aqueles discos em rodas de acampamento, com amigos e namoradas, ver o filme e não se manifestar.

Eu faço isso agora, crendo que o filme foi incompleto e raso, escrevo e registro minha fala.  Quem quiser ler, que leia.  Quem quiser ouvir, que ouça.

Renato teria feito o mesmo, comigo ou com qualquer outro.

Força sempre !

Urbana legio omnia vincit.

GM

Um comentário:

  1. MEstre das palavras , assim como fazem com Cazuza , idolatram sua imagem e ignoram sua carreira musical , onde quebraram muitas barreiras recessivas dando um novo Prisma para os novos Emergentes Musicais !!!

    Caiano

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