terça-feira, 14 de julho de 2009

A caminho do 53

Quando saí de São Paulo já tinha destino certo. Naquele fim de dia, sequer reparei que a Marginal Pinheiros já tinha ficado pra trás. Também o stress daquela gente paulista não me afetou. Percebi tênuamente, ao longe, as placas que indicavam a saída para a Castelo Branco. Quase uma miragem que se esvaziava. Um quase nada.
Segui em frente. Ouvia no rádio a minha coletânea favorita. Analgesia perfeita que entrava pelos ouvidos. Estavam ali, Simon and Garfunkel, Chico Buarque e Sinatra. Todos de bode pelo trecho sampa-interiorano. E eu ria que só. Achava graça do asfalto.
Não vi Osasco passar. Santana ficou prá lá. A entrada de Aldeia era uma bobagem. A fila de carros me pareceu divertida. Pobres paulistas.
Segui em frente. Adoro fazer isso. A fome, atrevida, se mostrava presente. Engoli muita saliva, me distraí com pensamentos impuros. Nada. Ela alí, marcando presença. Fome faminta.
Segui reto.

Jandira e Itapevi, não vi. E quem vê. A esta altura sonhava já teso com a minha parada. Aquele número me fincava à cabeça: 53 ! 53! 53 !
Era simples meu objeto de desejo. O relógio marcava mais que oito da noite e finalmente, de longe, surgiu aquela imagem. Miríade pura. O Km 53 da Rodovia Castelo Branco revelaria segredos gastronômicos que muitos ignoram. Outros apenas fingem.
Falo de comida portuguesa, com certeza. Falo do D'Ouro, do Tejo e do Minho. E claro, falo de muitos bolinhos de bacalhau. O DNA me conduz a esse faro gustativo. Eu sei, isso não é privilégio meu, afinal, todo brasileiro é um pouco portucallensis. Mas qual...eu gosto !
Parei o carro apressadamente. Já sentia minha imaginação olfativa funcionar. A boca, em pronta resposta, encheu de saliva a cavidade oral. Haja boca, pra tanta água.
Corri até o balcão. Por alguns instantes me senti invisível, mas logo e finalmente, a atendente enfim deitou olhar sobre mim, e quase com desprezo perguntou: - É bolinho, é ?
Ah ! Era bolinho sim, e de bacalhau. Comi um em menos de três segundos. Pedi o segundo por gestos, pois a boca estava inundada com restos mortais do primeiro. Aqui jazz. Ali jazia. Do segundo mordisquei a pontinha. Completei o interior com pimenta. Da boa. Da quente. Uma delícia. Fiquei entorpecido. Sentidos amorfos. Ébrio gastronômico. Taquiopariu !
Pra quem gosta de comer bem e dirigir pouco, recomendo ir até o Km 53 da Castelo Branco, sentido interior, lógico.
Lá a boca encontra o sabor e a fome encontra a candura, portuguesamente, certamente.
O resto é piada !
Vamos em frente !
GM

2 comentários:

  1. Gibão nada pessoal mas prefiro o de Limeira conhece?é o posto barreiraõ o melhor bacalhau do interiorzão KKKKKKKKKKKK
    Paulo

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  2. Sem dúvida, um dos melhores bolinhos que já degustei.

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